Hoje é dia dos avós e eu já não tenho avós vivos a quem possa ligar e felicitar, mas recordo-me com carinho de todos eles. Do meu avô Alberto, que me enchia de framboesas todos os verões e que a ele devo esta minha paixão pelo fruto, dos passarinhos que lhe enchiam a casa, ou dos cordões de pinhão que me punha ao pescoço quando o ia visitar à praça. Da minha avó Maria, que fazia toalhas, mantas e naprons de croché, brancos, imaculados, com uma destreza e mestria e onde ninguém na família ficou com o gene de tal habilidade, ou os rissóis de berbigão, os melhores e mais suculentos, feitos com berbigão apanhado na Lagoa de Óbidos e a massa estendida na mesa da cozinha, as formas redondas feitas com uma tampa da embalagem do café, o cheiro da sua casa, as festas de setembro, a família toda apertada e reunida à mesa. A minha avó Irene, que me punha grandes sandes de queijo cortado grosseiramente e com a largura de um dedo na lancheira da escola, ou me dava dinheiro à socapa que eu guardava religiosamente para comprar as calças da moda, que andava quilómetros se fosse preciso para me ir visitar e que me enchia de santinhos, medalhinhas e terços que me trazia sempre que fazia as suas excursões religiosas. Numa época da infância onde não havia telemóveis e poucas máquinas fotográficas para registar as imagens vivas dos nossos avós, resta-me apenas esta foto com o meu avô Alberto, que vou colocando amiúde, sempre que me vem à memória recordações que me marcaram a infância. Tinha cinco anos, foi no dia do meu aniversário e lembro-me deste momento e de vários outros, como se fosse hoje. Espero que os meus filhos tenham a sorte de crescer com os avós por perto, por muitos e longos anos. Pois eles têm a sorte de terem avós que os mimam e lhes proporcionam experiências únicas que certamente levarão para a vida. Não há memórias mais preciosas, nem amor mais querido do que o dos nossos avós. Um feliz dia dos avós a todos os avós por aí (e aos meus também, que eu sei que eles me leem estejam onde estiverem). ❤️