As coisas cá por casa não andam fáceis. Nem com o pai, nem com a filha, provocando grande stress em todos os elementos da família. Desde que comecei a trabalhar que a Madalena me rejeita. Por vezes, basta olhar para mim e desata a guinchar, como se visse o demo. Pede o pai sempre que chora, como se a mãe já de nada lhe servisse no alívio do pranto ou do mal que a incomoda. A mãe virou a tirana que a abandonou e o pai o super-herói que a salva. Para ajudar à festa e contribuir para o stress generalizado, temos um pai que não pode ver/ouvir a menina gritar/chorar que a cobre de mimos, mesmo quando ela não tem razão, o que nos leva a ter 'situações' em que discordamos sobre a forma como a devemos tratar e/ou lidar perante a situação.
Grita a filha, discutem os pais. E é quando a minha mãe, que agora passa a vida cá em casa, não decide meter-se ao barulho, abrasando-me a cabeça com todo o tipo de lições sobre ser 'boa filha', boa mãe, 'esposa dedicada' e 'otária em geral'.
Não suporto que a Madalena seja tão birrenta, tão chorona e tão insuportável sempre que saímos de casa. Com as outras pessoas porta-se lindamente, é uma criança que toda a gente tece os maiores elogios, comigo, dá-me cabo da paciência até ao limite e sempre que me queixo, deixo toda a gente meio incrédula, como se estivesse a inventar as maiores barbaridades sobre um ser tão adorável e incapaz da mais pequena maldade...
Não há um único dia em que consiga ir aonde quer que seja com ela em que não me faça uma cena que só me apeteça dar-lhe umas valentes palmadas. Anda com mau génio e mau feitio, faz grandes birras sempre que é contrariada e está, a meu ver, a tornar-se uma pequena ditadora. E como eu não suporto crianças malcriadas, palpita-me que a nossa relação vá ser de difícil conduta.
Juro que tenho dias em que só me apetece mandar tudo e todos para o espaço.
Vou ali fazer exercícios de respiração e já venho.