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quinta-feira, janeiro 07, 2010

mais um episódio daqueles meus, só meus...

Ainda não tinha aqui escrito sobre algo que me aconteceu no último dia do ano de 2009, ou penúltimo, já nem me recordo bem, só sei que foi a seguir ao Natal e àquele dia em que a zona do Oeste, Ericeira incluída, acordou para a devastação provocada por um 'ciclone tropical'.
Pois bem, na manhã desse dia, quando saí de casa - já nem me lembro onde tinha de ir - dirigi-me à garagem para tirar o carro como sempre faço. O nosso lugar de estacionamento é estreito e de todos os lugares de estacionamento do prédio é, provavelmente, o mais ingrato e piorzinho deles todos. De um lado uma parede do outro um pilar. Como se isto não fosse já de si mau sinal, o meu homem, ao longo deste ano e meio em que residimos por aqui, decidiu encher aqueles esparco lugar de estacionamento de tralha! Ele é sacas com lenha que os meus sogros trazem aos magotes da terra, ele é latas de tinta de 5 quilos, ele é pedras da antiga lareira que foi destruída para dar lugar à nova quando fizemos obras e que esperam ir para o lixo, ele é coisas que já não consegue arrumar na arrecadação, ele é caixas de televisores tamanho XL.
E é sobre estas ditas caixas que eu quero mesmo falar.
Eu já tinha, encostada à parede da frente, uma caixa - quando comprámos o LCD mais pequeno no Natal de 2008 - e em que ele, com a desculpa esfarrapada do: 'pode sempre ser preciso trocar, levar à loja e por isso, fica aqui por uns dias', decidiu guardar. Mas os dias transformaram-se em semanas, as semanas em meses e a porcaria da caixa, além de me roubar lugar ao estacionamento, ainda lá estava.
Depois, dias antes deste último Natal, ele decide trocar o velho televisor da sala por um mega LCD e espetar-me com outro caixote no lugar de estacionamento, desta vez ao lado da porta do condutor, o que significava que quando queria sair ou entrar no carro, tinha aquele 'mono' a reduzir-me os movimentos e o espaço. (Convém também referir que só eu estaciono naquele lugar porque o meu carro é pequenino e cabe lá, por isso, as caixas só a mim me incomodavam!)
Pois bem, como estava eu a contar, nessa manhã, eu vi as caixas e passei-me! Decidi que se ele não as levava dali até ao ecoponto mais próximo era eu que as tirava, mesmo sem saber como, mas tirava! E a solução que encontrei, depois de andar às voltas com os caixotes e a tentar metê-las à força no banco traseiro do carro mas sem sucesso, foi enfiá-los na bagageira e ir com a porta da mesma aberta.
Dito e feito. Enfiei as caixas na bagageira, deixei a porta aberta, sentei-me no lugar do condutor, abri o portão automático da garagem e eis-me decidida a fazer-me à vida.
Acontece que a minha garagem tem uma enorme rampa de acesso e essa mesma rampa estava cheia de lixo do temporal da noite anterior. O meu carro, que ainda estava frio por ter estado toda a noite parado e eu não lhe ter dado tempo suficiente para aquecer, foi-se abaixo a meio da subida e quando eu já tinha clicado no comando do portão automático para o fechar. Ainda puxei do travão de mão - sem sucesso - e liguei-o à velocidade da luz, dando força no acelerador para ver se o gajo subia a rampa, mas nada, os pneus (que estão meio carecas e a precisar de serem substituídos) patinavam em todo o lixo e porcaria que havia no chão, sem qualquer tipo de aderência e comigo a ficar seriamente assustada por sentir o carro a deslizar. De repente, e sem ter tempo para mais nada, só ouvi um 'pum-pum-pum-pum-pum-pum-pum-pum' monstruoso...
O que era? Ainda fiquei uns tempos sem perceber muito bem a razão de tal barulho, como se todo o meu cérebro estivesse desprovido de inteligência e lá dentro só houvesse vento, há semelhança do que tinha acontecido na madrugada anterior, mas na realidade, aquele som era, nada mais nada menos, do que o portão a fechar e a bater em cima da porta da bagageira que estava aberta por causa da porcaria das caixas...
Quando acordei para a realidade, lá tive a reacção de clicar novamente no comando para abrir o portão e deixei-me deslizar até ao interior da garagem com as pernas todas a tremer do susto. Só pensava que a porta da bagageira devia de estar estilhaçada em mil pedaços, que era bem feito para eu aprender a não me dar ataques de fúria irracionais e de limpeza repentinos e que agora bem o podia ouvir, a ralhar comigo, como se fosse uma criança inconsciente.
Quando parei, saí do carro e corri para a traseira para ver o estrago e qual não foi o meu espanto quando verifiquei que não havia nada! 'Oba, oba' - pensei eu - 'desta já me safei!!' E pronto, preparada e com tudo devidamente no sítio e em ordem, contentinha da silva por tudo não ter passado de um episódio surreal assustador, lá consegui sair da garagem formosa e segura.
Foi só quando estava a tirar as caixas para as colocar no ecoponto que verifiquei que afinal, a porta não estava assim tão 'inteira' quanto isso... tenho uma parte, em baixo, amolgada, a pintura estalou e daí a ficar ferrugenta vai ser um passo.
Só mais tarde é que tive coragem de contar ao Carlos a minha avaria, que claro, me deu na cabeça na mesma.
Diz que tem ali despesa para perto de 700 euros, que será necessário substituir a porta toda, que só tenho ideias loucas, que estou sempre a 'aprontar'.
Ele até tem razão no que diz, até oiço a consciência a pesar, mas pronto, que me livrei das caixas, livrei!