Ando a pedir ao Carlos, praticamente desde o início do ano, para irmos a Paris. Ele diz sempre que sim, que 'havemos' de ir a Paris, mas a verdade é que até agora... népias! Nem sinal da viagem no horizonte, nem tentativas de marcação, nem uma data sugerida, nada.
O meu marido é muito bom rapaz, é verdade e há que dizê-lo, mas no que diz respeito a ter iniciativa para ir a algum lado... argh... bom, já deixa assim um pouco a desejar! Tenho de andar a melgá-lo, a chorar-me pelos cantos, a lastimar-me, a dar-lhe uma verdadeira lavagem cerebral para que ele lá se mentalize e diga: "Pronto, vamos lá". É assim para tudo, não é só no que diz respeito às viagens ao estrangeiro. Também é assim para irmos a algum lado no fim-de-semana, ou fazermos algum programinha diferente, assim como não há férias nenhumas em que não seja eu a tratar das coisas e estas últimas, mesmo no Algarve e em casa emprestada por um familiar, não foram excepção.
Depois de muito me queixar, ele lá disse: 'Pronto, quando chegarmos a Lisboa, marcamos logo a viagem a Paris, é só escolheres a data' e eu vibrei! Escolhemos o fim-de-semana de 2, 3 de Outubro, para fazer ponte e colarmos com o feriado de 5 de Outubro, antecipando assim a comemoração dos nossos 5 anos de casados, mas qual não é o meu espanto quando, ao regressar ao trabalho, vejo que marcaram um evento para dia 7 de Outubro, o que significa que, sendo eu a responsável por aquele cliente, não posso fazer ponte nos dias que o antecedem... Fiquei para morrer. Culpei a porra do bad karma e do destino pelos planos todos que foram por água abaixo, já que até Novembro o trabalho vai ser tanto, que não poderei tirar dias.
Mas ontem, ontem voltei a ver a luz ao fundo do túnel quando, a minha 'irmã' Cátia me ligou, já passava das dez da noite e me fez a proposta mais tentadora dos últimos tempos: "Olha Maria - que é como ela sempre me trata - estava aqui a falar com o meu homem e temos uma proposta para vos fazer. O que é que dizem de vir a Paris connosco, lá para Novembro, e depois dali apanharmos o combóio e irmos até à Bélgica, depois Amesterdão e fazermos assim um 'giro' de mochila às costas, nós os quatro?".
A minha reacção imediata não foi de alegria pelas palavras que ela tinha acabado de proferir, mas sim de preocupação maternal: "E o que é que tu fazes às crianças?".
Resposta dela: "Não sei, não quero pensar nisso agora, logo se vê! Estou numa fase da minha vida em que preciso de um pouco de loucura!".
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E pronto, foi isto. Lá para Novembro sou capaz de fazer uma viagem, durante uma semanita, acompanhada pelos melhores amigos de sempre, de mochila às costas, armada em turista pé de chinelo, com promessa de momentos de diversão e loucura incluídos no pacote.
Porque também eu estou numa fase da vida em que acho que mereço 'a little bit of fun'.