... que perturba a minha felicidade. E na semana em que finalmente começo a trabalhar num sítio novo, em que andava feliz, animada, cheia de ideias e optimista com a vida, algo manchou e alterou tudo isso.
E o meu desabafo é este: sinto-me magoada com as pessoas. Não as pessoas em geral, mas aquelas que reclamo como "minhas" pessoas. E acreditem, esta nova fase, este novo emprego, este novo começo veio dizer-me: "tem calma, passaste apenas uma má experiência e afinal, olha, há pessoas boas, pessoas afáveis, pessoas que se entre-ajudam, pessoas que se riem contigo, pessoas que não estão à espera da primeira oportunidade para te dar uma facada nas costas." E ter essa percepção deixáva-me estupefacta e receosa, deslumbrada mas animada. Era a minha altura de sair do limbo, de acreditar, de deixar a luz invadir o meu dia-a-dia - que nestes últimos anos tem andado tão triste, tão cinzento, tão sofrido - e de acreditar. Porque quero e continuo a acreditar.
Mas depois há as "minhas" pessoas. Aquelas que continuo a querer acreditar que são "as minhas pessoas", quando constato sempre que não são. Há muito tempo que não são. Por isso pergunto-me: porque continuo a bater na mesma tecla? Porque continuo a sofrer tanto com isso? porque não me afasto de vez e faço o corte do cordão umbilical? Porque insito em alguém que há muito desistiu de mim? E, acima de tudo, porque é que sofro tanto com o assunto?
Não sou fácil, é um facto, assumo-o, mas já deviam de saber que quando gosto de alguém gosto mesmo, por inteiro, sou exigente porque amo demais e isso, não é uma virtude, é um defeito.
E sou bruta, sim, porque sou estupidamente franca e digo aquilo que toda a gente pensa mas ninguém tem coragem para dizer. Mas a maior prejudicada sou eu, acreditem. Se custa ouvir? Pois custa, não é para meninos (as), por isso não me peçam festinhas na testa para consolar e tratar por "querida" e "fofa" apenas para levantar egos. Se não sinto, não digo e se não me querem por perto, por muito que me doa - porque doi, dói-me mesmo muito e sofro imenso com isso - afasto-me para deixar toda a gente feliz e contente.
Já me aconteceu "n" vezes, com amigas de sempre, com amigas da net, com conhecidas, com pessoas que tão depressa gostavam muito de mim, como em seguida estavam a cortar na minha casaca.
Pode parecer presunção o que vou dizer, mas digo-o porque o reconheço em toda a sua extensão, com tudo o que isso tem de bom ou mau, mas sei que provoco emoções fortes e antagónicas. Tão depressa me amam como me odeiam.
Se gosto disso? Não gosto. Se aprendi a lidar com isso? Nem por isso, mas vou aceitando-o, ou tento aceitá-lo da melhor forma, como um processo de crescimento. Com muita lágrima pelo meio.
Sou exigente e cobro das pessoas que amo porque me sinto magoada. E quem sente essa cobrança até se devia de sentir lisonjeada, porque é sinal que gosto de verdade, que me importam.
Melhor ter essa cobrança do que a minha indiferença.