domingo, agosto 15, 2010

Fomos de férias e já viemos. Foram, chamemos-lhe, umas 'espécie' de férias, com Madalena a fazer birras por tudo e por nada: para andar nas maquinetas junto aos cafés, por querer andar na rua, por não querer estar sentada à mesa nos cafés e restaurantes, por não deixar os seus pais estarem sentados à mesa dos cafés e restaurantes, por não querer sair da água, por não querer sair da praia, por estar aborrecida, porque sim, porque não, por quase tudo e quase nada...
Foram 5 dias de 'stress', onde os nossos horários foram ditados por ela e em detrimento dela, onde as horas de lazer e descontracção foram poucas, onde as saídas estiveram quase sempre condicionadas pelos seus horários, pelo seu sono e pelo seu humor. Foram férias mas não souberam a férias, fizemos praia, mas ao mesmo tempo 'não fizemos' praia, estivemos no Algarve mas nem vi o Algarve, saímos à noite mas não saímos à noite.
Acho que quem tem filhos, em algum momento das suas vidas, acaba por ter este sentimento. Eu tenho-o, confesso, e de forma frequente. O sentimento de me sentir oprimida, oprime-me a maior parte do tempo, ou melhor, sufoca-me. Anda a sufocar-me e não devia. Até porque, como diz o pai desta casa, temos uma filha saudável que, apesar de nos dar muito trabalhinho, não deixa de ser uma criança, com todas as birras e desejos e vontades não compreendidas que lhe competem e próprias da idade.
O pior é que me sinto injusta e castradora a maior parte do tempo. Tempo esse que não volta atrás e um dia, vou acordar e pensar, nostalgicamente, que tenho saudades da minha menina pequenina, ou do tempo em que ir com ela de férias era um stress e uma pilha de nervos mas em que estávamos, efectivamente, todos juntos. Um dia, eu hei-de querer que ela vá de férias comigo e ela será a primeira a torcer o nariz e a sentir-se oprimida e, nessa altura, sentirei o vazio e a solidão a dizerem-me "olá" acenando-me o companheirismo.
Confesso que tenho inveja dos programas divertidos e glamourosos de quem não tem filhos, das saídas nocturna, dos jantares e das conversas fora de horas, das decisões ao sabor da vontade, sem limitações de qualquer espécie, mas também me tento lembrar daquela altura em que olhava os jovens pais de primeira viagem e me sentia num planeta à parte, como se ser mãe fosse algo me que estava vedado. E é nesse sentimento que tenho de me lembrar e é nesse desejo, que foi tanto, de ser mãe e de ter um filho que me tenho de centrar.
Porque como diz um provérbio chinês: "Cuidado com aquilo que desejas. Pode tornar-se realidade."
O meu tornou e agora, cabe-me a mim saber viver e lidar com ele, não como um entrave, mas como uma mais valia na minha vida.
Ser mãe mudou radicalmente a minha vida, impôs-me uma paragem própria, em termos pessoais e profissionais, deu-lhe um novo rumo e direcção, mas também me fez ficar mais perdida no meu 'eu', desejos e vontades. Apesar de aos poucos as coisas começarem a entrar nos eixos, eu ainda não me sinto alinhada, nem tão pouco convencida, mas vou aprendendo a viver com isso da melhor maneira que sei e posso, mesmo que haja muitos dias em que me sinta uma verdadeira besta.

3 comentários:

Melissa disse...

concordo plenamente. Nós, cá, vamos fazer assim: a última de agosto em família, onde somos assistentes do Gabriel e pouco mais, e uma em setembro com ele já no infantário, a passar o dia na praia, etc.
Tem de ser.
Férias com criança é mais ou menos a mesma coisa do que os dias normais, só que noutro sítio. Por isso, optámos por ficar cá este ano :)

Mafalda disse...

e fizeram vocês muito bem ;) mas confesso que me soube bem mudar de ares, apesar de todos os stresses e tralha que se leva atrás... caso contrário e sem mais férias previstas tão cedo, não me saberia a férias!! seria apenas uma 'continuação de trabalho', sem meter os pés no escritório ;)
bjs*
(a ver se esta semana ou na próxima nos vimos) *

Maffa disse...

acho que grande parte do que sentes tem a ver com os dias muito puxados que tens tido...
E uma semana de férias näo chega nem para vocês se adaptarem nem para a Mada se adaptar. A primeira de férias tb estava a desesperar com as birras e com a trabalhaeira que o Martinico me andava a dar, mas depois tudo entrou nos eixos e foi lindo. Agora anda super feliz e só nos dá abracinhos e beijinhos.
beijocas