Isto de ser solteira outra vez até pode ser muito engraçado e ter alguns pontos positivos. É bom voltar a ter o meu espaço, uma casa só para mim, não dar satisfações a ninguém, gerir o meu tempo, voltar a estar com os meus amigos, ou simplesmente, voltar a fazer todas aquelas coisas que me caracterizavam e que, nestes últimos anos, perdi... Mas depois de ter mobilado uma casa sozinha, comprado electrodomésticos, montado o quarto da rapariga e voltado a fazer "enxoval", não tenho praticamente dinheiro para mandar cantar um cego e nunca na vida fui tão "pobrezinha".
É que até parece que me rogaram uma praga, porque não tenho tido sossego e a conta bancária não pára quieta... desde ter rebentado um pneu do carro e pago mais de 200 euros por 2 novos (sim, porque rebenta apenas um, mas temos de substituir os dois!), ou o telhado da casa meter água, não há nada que não me aconteça e que não signifique "abrir os cordões à bolsa".
O ordenado é a esticar para chegar até ao final mês, rezo para que a mensalidade da casa não aumente com as taxas de juro e sinto-me a pessoa mais impotente do mundo quando faço um enorme esforço para conseguir poupar uns míseros 50 ou 100 euros e depois, sem estar à espera, quando as despesas caem, é sempre às centenas... Já para não falar nas idas ao supermercado em que trazemos meia dúzia de coisas e até ficamos verdes quando nos dizem a conta a pagar, ou as despesas de luz e gás. (este ano não há aquecimento central ligado em casa para ninguém).
Sempre tive uma relação de amor-ódio com o dinheiro, sei o quanto custa a ganhar, mas também adoro gastá-lo, é um facto. Nunca fui uma gastadora compulsiva e apesar de ser muito consumista, sei os meus limites e até onde devo ou posso ir. Tenho pavor de ficar sem dinheiro para as coisas mais básicas e por muito que goste de trapos e compras, nunca comprei sem pensar nas consequências ou de que forma isso afecta o meu orçamento. Daí o gostar tanto da Primark, onde tudo é barato (apesar de já não ser como era) e de tudo o que signifique trazer muito e diversificado ao menor preço.
Hoje dei por mim a pensar - enquanto via uma reportagem sobre apoio domiciliário a pessoas da terceira idade - que quando chegar a velha não irei ter reforma e assustei-me.
Se o ordenado mal me chega até ao fim do mês, o que será de mim quando tiver 60 ou 70 anos (isto se ainda for viva, claro está), já não conseguir trabalhar e não tiver como me sustentar?
A miséria assusta-me muito, muito mesmo.
Sozinha, com uma filha para criar e com tantas despesas e responsabilidades em cima dos meus ombros, numa situação profissional a roçar o precário e onde a qualquer instante posso perder a minha única forma de sustento, a linha que divide a minha estabilidade actual de tal cenário ou situação parece-me sempre muito ténue...
2 comentários:
Tens de acreditar que as coisas vão melhorar. Agora só se fala na crise e ainda por cima depois de passares pelo que passaste, ter de começar de novo não é fácil. É normal que com as despesas todas que tiveste agora seja mais difícil... mas as coisas vão melhorar, têm de melhorar *
a vida de adulto cheio de responsabilidades é mesmo stressante, entäo adulto no meio da crise ainda mais!! Só que Stressar näo ajuda... Por isso o único remédio é continuar, esperar que mude e ter atencäo para ver se aparecem novas oportunidades para conseguir um trabalho melhor!?!?
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