terça-feira, dezembro 02, 2014

e de repente tudo muda

Fiquei a saber hoje que uma amiga minha tinha sido despedida. Eu já suspeitava que ela tinha saído do sítio onde se encontrava a trabalhar, mas nunca em momento algum coloquei a hipótese de ela ter sido despedida. Não só porque sei que ela é uma excelente profissional, como sei que os clientes gostavam dela, que tinha uma óptima relação com os mesmos e que era empenhada, competente e dedicada. Eu já trabalhei com ela por isso falo com saber de experiência feito.
Hoje, quando soube da notícia apanhei um pequeno choque. Motivo para o despedimento? Nenhum. Basicamente a empresa a nível internacional estipula os objectivos para os vários mercados e os de Portugal eram de loucos. Como não foram atingidos despediram todos os seniores, ficando apenas com juniores. Não há motivo nenhum em especial. Basicamente descartaram-se das pessoas que ganhavam mais e com mais experiência, para ficarem com meia dúzia de gestores juniores. Nada contra as pessoas juniores, que merecem uma oportunidade, mas uma empresa que abdica dos seus quadros seniores, da experiência de anos de trabalho, por motivo nenhum que não seja meramente numérico, não pode ter uma boa gestão, irá acabar mal de futuro.
E desde quando é que uma pessoa com 36 anos é ‘velha’? Ser considerada ‘senior’ já acho surreal, mas hoje em dia é-se ‘senior’ quando se possui mais de 5 anos de experiência, ou então quando já passaste os 30 anos no bilhete de idade.
É a triste realidade com que nos deparamos hoje em dia. Não é a competência, não é o teres feito a maior asneirada possível, seres preguiçoso ou incompetente, prejudicado a empresa, posto em causa um cliente ou perdido um negócio de  milhões. Não é nada disso. É apenas uma questão de eliminação, de cabra cega. Temos de despedir pessoas seniores que ganhem mais de mil euros e pronto, está feito. Não há competência que nos valha. Somos todos descartáveis, números substituíveis, uma laranja mecânica que não se intimida com histórias de tocar o coração ou se tens colégios dos filhos e renda de casa para pagar.
E é este o país que temos e é esta a realidade que vivemos, onde notícias destas nos fazem parar e pensar, para onde caminhamos e se é isto que queremos das nossas vidas.




 
 
 

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