segunda-feira, maio 23, 2016

O essencial




Aproveitámos os raios de sol com que o fim-de-semana nos brindou e saímos à rua com o nosso pequeno homenzinho, sempre bem disposto. Dormiu, comeu, portou-se lindamente no restaurante e assistiu à sua primeira exposição do World Press Photo, no Museu da Eletricidade, em Lisboa. Já é recorrente a nossa ida ao WPP, geralmente não perdemos uma edição e como terminava este fim-de-semana, o nosso passeio de domingo foi mesmo até à beira Tejo. A edição deste ano não me marcou tanto como outras anteriores, mas gosto sempre de ver a perspectiva de fotógrafos de todo o mundo sobre os acontecimentos que marcam a actualidade e que tantas vezes nos passam ao lado. A sequência de imagens que mexeu mesmo comigo nesta edição foram as referentes às crianças sírias, refugiadas, algumas órfãs de pais, que dormem na rua, no chão, nos passeios, onde calha. Crianças com a idade dos meus filhos, com lágrimas e medo nos olhos, feridas (na alma) e fisicamente, desenraizadas da sua casa, da sua pátria, dos seus familiares e entregues, a grande maioria, à própria sorte. Quando cheguei a essa sequência de fotos e li o descritivo, foi-me inevitável não ficar com um grande aperto no peito. Ali estava eu, quente, protegida, com os meus filhos saudáveis, amados, acarinhados e aquelas crianças, tão pequeninas e já com tanta vida em cima, tão sofredoras, fez-me pensar em como somos egoístas e uns verdadeiros afortunados, desconhecedores das grandes agruras.
Ando numa fase em que tento relativizar tudo, não viver as coisas com tanta intensidade - até para meu próprio bem. Sentir menos, o que não significa tornar-me insensível - são coisas bem distintas - mas aprender que, mais tarde ou mais cedo, a vida encarrega-se de se 'arranjar sozinha' e, geralmente, é sempre acertada. Mesmo que no momento não nos pareça.
Centrar no essencial.
E este fim-de-semana foi isso. Nós, família, amor, nós. O verdadeiro porto de abrigo. O que nos faz feliz. O que realmente importa.

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