segunda-feira, janeiro 22, 2018

Monday blues


Segunda-feira. É, normalmente, o dia mais odiado da semana. 
Comigo não é diferente. Por regra custa. Custa a sair da cama, custa voltar à rotina, ao trabalho, ao cumprimento de horários e às obrigações, depois de dois dias de pausa com tempo ao sabor da vontade e em família.
Mas as minhas segundas-feiras marcam também o regresso dela a casa (ou a ida dela) e são, por isso, um misto agridoce. Por um lado, a doçura de a ter de volta na semana que me compete, por outro a sua ausência na semana que não me calha. Às vezes tento colocar-me na pele da minha filha a imaginar o que sentirá esta menina que vive entre casas, entre rotinas e entre famílias, em semanas alternadas. O que lhe irá no fundo do seu coração, o que sentirá. Se a mim me assola a tristeza e a dor, como lidará ela com tudo isto, do alto dos seus 9 anos. Uns dirão que é a realidade que conhece, mas eu, enquanto mãe, não posso deixar de me sentir responsável por este peso na sua vida, já que a vida que ela vive, alternada, não deixa de ser uma consequência de algo que ela não escolheu. E ter essa noção é duro e triste e pesa. 
Esta conversa (algo de si já bastante densa para uma segunda-feira), vem a propósito de um artigo que o Jornal Expresso publicou sobre as vantagens da custódia partilhada e que eu decidi publicar na página de FB do blogue. Num comentário, alguém com uma situação idêntica à minha, escreveu que apesar de a filha estar bem e ser feliz, que lhe nota uma ligeira "tristeza", mais não seja por saber que a família - seja da parte do pai, seja da parte da mãe - tem a sua vida e rotina própria, mesmo quando ela não está. E sim, concordo em absoluto, porque sei que a minha filha - apesar de nunca o ter exteriorizado - sente isso. Ou como ouvi ontem numa série na televisão: "mãe e filhas têm um canal aberto muito próprio, a sua própria linguagem, onde não é necessário falar para a outra saber exactamente o que está a sentir".
A vida não é perfeita e está longe de ser justa. Por hoje só quero saber que é segunda-feira. A nossa. 

Sem comentários: