Tenho passado uma gravidez santa, mas com um feitio... Eu própria tenho noção disso, e por mais que tente evitá-lo, não consigo. O turbilhão hormonal e emocional em que ando faz das suas e revela-se da pior maneira. Em todos os livros que leio sobre gravidez e afins, fala-se do assunto, de que as grávidas ficam instáveis, emocionais, rabugentas, sem paciência, etc. e eu sinto tudo isso, quase a duplicar e com muito mais intensidade, mas há uma série de coisas que neste momento me chateiam a valer e que só servem para me criar ainda mais stress e mais ansiedade.
A primeira de todas é a mudança da casa de Lisboa e as obras na casa da Ericeira. As obras já arrancaram há duas semanas, mas um atraso na chegada dos materiais de construção para as casa de banho fez com que com tudo ficasse atrasado. Na segunda-feira demos lá um salto para ver como estava tudo a andar, e a verdade é que ainda está tudo muito atrasado. A sala ainda não tinha sido pintada - apesar de a nova lareira já estar pronta - o nosso quarto ainda não estava pintado - apesar de já andarem a começar a dar a primeira demão, a casa de banho da suite tinha chão e pedra por colocar e a segunda casa de banho tinha apenas o chão posto. Sem mencionar que em ambas, ainda faltam os móveis, as loiças, comprar sanitas, torneiras, painéis de banheira, etc... As únicas coisas realmente prontas eram o quarto da Madalena, que já se encontrava pintado e o escritório. No final, ainda falta colocar papel de parede em algumas divisões...
Ora, tudo isto leva tempo e a julgar pelo andamento das coisas, eu suspeito que não será até ao final desta semana que tudo esteja concluído (na minha opinião, nem em sonhos!), apesar de o C. dizer que sim. É que nós temos o problema de o C. estar de férias esta semana e a próxima, e de ser esse o tempo que tínhamos previsto para as mudanças... o que a julgar pelo atraso de tudo, não se irão realizar nas datas que estipulámos, deixando-nos depois com outro problema em mãos.
Como se isso não fosse já motivo de preocupação e de ansiedade para mim, ainda me cabe empacotar tudo o que tenho nesta casa que vamos deixar. E meu Deus, se nós temos coisas!! Só em livros, vocês nem imaginam... O que se torna complicado de realizar, principalmente quando se está grávida. Fico cansada muito mais rapidamente, custa-me mexer, ser mais despachada e desenvolta e tenho de fazer tudo lentamente e com muitas pausas pelo meio. De qualquer forma, já começámos a empacotar as coisas da sala, que já está quase vazia e completamente desarrumada, à excepção dos móveis, e onde já temos uns dez caixotes empilhados e no meio do caminho, cheios de tudo e mais alguma coisa. Lentamente, o caos começa a instalar-se à minha volta. No entanto, antes de me mudar e já depois de as obras na Ericeira estarem concluídas, espera-me ainda a árdua tarefa de ir limpar a casa de toda a sujidade e poeirada... O que mais uma vez, para uma grávida, andar a limpar paredes, chãos, juntas de azulejos e afins, é tarefa das pesadas! Claro que posso sempre pedir ajuda à minha mãe, mas aí está outro problema... eu e ela não nos conseguimos entender de modo nenhum! Ainda este fim-de-semana fomos até às Caldas a casa dos meus pais e passámos a maior parte do tempo a discutir por coisas ridículas e sem sentido. O que se passa é que a minha mãe há dois anos que anda a passar pela menopausa e desde que está desempregada, que noto que ela está emocionalmente instável ao ponto de fazer birras como uma criança, ter crises de choro e comportamentos que mais se parecem com uma miúda de 5 anos do que com uma mulher de 55! Como se isso não bastasse, acho que na maior parte das vezes se esquece de que ela é a mãe e eu a filha e, como tal, espero dela determinados comportamentos dignos desse nome, mas não, ela acha que mãe e filha têm de ser 'melhores amigas', como se tivesse a minha idade, e fica muito ofendida se não lhe conto certas e determinadas coisas que considero 'pessoais', ou andar a passeá-la, como se o facto de irmos lá passar o fim-de-semana estivesse explícito de que tem de se colar a nós como uma lapa, quando nós próprios temos assuntos pessoais para tratar, partindo logo para a vitimização da sua pessoa. Tudo isto causa-me bastante stress e acho, serimente, que ela precisa de ajuda, ou de tomar qualquer coisa. Mas quem é que lhe diz isto? Eu? Seria comprar mais outra discussão 'daquelas'. Apesar de parecer pouco sensível da minha parte esta minha descrição, gosto imenso da minha mãe e conto-lhe imensas coisas, desabafo com ela, temos uma relação muito liberal, mas depois há outros momentos em que ela me consegue tirar do sério como ninguém! E quando se comporta mais como minha irmã do que como a mulher que é, fazendo birras, amuando ou desatando aos berros comigo à frente do meu marido (que deve achar que somos a família mais disfuncional e louca do mundo) só tenho vontade de agarrar nas malas e vir-me embora, porque a verdade é que não tenho idade, feitio, nem paciência, para andar a aguentar tais cenas!
À pala do fim-de-semana de que tive, não nos falamos há 3 dias.
Depois, vem a cereja em cima do bolo, o tema causador de stress por excelência, ou seja, os meus sogros! Ora se pais dão chatices, sogros dão a dobrar e os meus, apesar de longe, gostam de nos controlar os passos e de dar opiniões por tudo e por nada e eu ando tão farta, mas tão farta deles, que acho que já nem consigo disfarçar a falta de empatia que sinto de cada vez que os vejo ou oiço. E claro, a minha sogra como soube que tínhamos ido passar o fds a casa dos meus pais fez logo uma cena de ciúmes por telefone, deixando o filho com um peso de consciência do tamanho do mundo, que prontamente cedeu perante a chantagem emocional da mãe... além disso, o meu sogro torceu um pé e agora não se pode mexer ou conduzir até Setembro, e lá vamos nós este fim-de-semana até lá cima, quando esses dois dias iriam ser preciosos para comprar as coisas que faltam para as casas de banho, escolher materiais, ou até, limpar a casa toda e tentar mudarmo-nos na semana seguinte. Além disso, temos ainda um sem número de coisas deles na casa da Ericeira, que já deviam de ter ido para cima há séculos, mas que os senhores, teimosos que nem uma mula, foram 'deixando ficar', a ver se pegava... e agora, com o meu sogro impossibilitado de se mexer e nós com uma mudança à porta, sobra para quem? Para nós, pois claro! Que das duas uma, ou temos de alugar uma carrinha e levar para cima toda a tralha sobrante que eles ainda cá deixaram, ou fazer as mudanças e viver mais dois meses com aquela porcaria toda a ocupar espaço lá em casa, quando ainda temos de lá pôr as nossas coisas...
Desde que sei que vou ter de ir passar o próximo fds a aturar aqueles dois, que ando com o fígado virado. Já sei que a minha sogra vai ter pano para mangas para me chatear a cabeça, tentando espremer-me até à exaustão e fazendo perguntas e opinando de tudo e mais alguma coisa (a casa, a bebé, os meus pais, as mudanças, as obras...) Eu vou estar tipo panela de pressão, ou seja, prestes a explodir, e se com a minha mãe eu tenho à vontade para falar e discutir, com a minha sogra, tenho de me conter ao ponto de pensar duas vezes e muito bem antes de lhe responder sem ser demasiado desagradável ou mal educada. Já sei que virei de lá completamente danada, farta, pelos cabelos e com vontade de gritar, mas vou ter de ir e calar, tudo em prole da 'família'.
Claro que tudo isto tem repercussões sobre a minha relação e a do C., que cada vez nota mais a minha 'azia' em relação aos pais dele, (a verdade é que eu já nem escondo!), a minha falta de paciência, a transparência dos meus sentimentos em relação a um sem número de coisas... mas como homem que é, não percebe ou concebe a dimensão e amplitude das mesmas, ou nem está para se chatear e continua a dizer à mãe, quando fala com a mesma diariamente por telefone, onde estamos, com quem estamos, o que fazemos...
Sinceramente, há dias em que penso que se casamento é isto, mais valia ter continuado solteira.