quinta-feira, julho 03, 2008

questões familiares


















Já aqui falei várias vezes de como a relação com a minha sogra é um tanto ou quanto sui generis. E ultimamente parece que nem a chegada de um neto, ou neste caso, neta, parece adivinhar que as coisas vão mudar ou ser mais fáceis, antes pelo contrário. Dominadora e possessiva como é com o filho, gosta de controlar coisas da nossa vida, mesmo que à distância, que mais tarde lhe servem de pérolas e armas de arremeço para me vir moer a cabeça a mim, fazendo conversas que muitas vezes não lembram nem ao menino Jesus, com o intuíto de me atacar e dando a entender entrelinhas, de uma forma quase subtil, a mensagem preliminar. Eu topo-a à distância e por esse mesmo motivo, nunca fui de lhe dar muitas conversas, pois sei que para ela informação é poder e assim, deixo-a na ignorância de saber apenas o elementar e de não lhe dar muita corda. Quanto menos ela me chatear melhor, quanto menos tiver de conviver com ela melhor.
E assim temos vivido nos últimos cinco anos, nesta coexistência pacífica mas podre, onde eu claramente assumo que não a suporto e ela certamente pensará o mesmo de mim.
Ultimamente as coisas têm andado um pouco mais tensas, pois a nossa futura mudança para a casa da Ericeira fez com que os meus sogros tivessem de tirar toda a mobília deles que lá se encontrava, uma vez que vamos levar todas as nossas coisas e, consequentemente mobílias da casa de Lisboa, para lá! Isto é perfeitamente normal, se uma pessoa tem uma casa cheia e mobilada e se se muda, é normal que se leve tudo o que se tem para a nova casa (a não ser que não o queiram), mas para os meus sogros, pelos vistos não é! Aparentemente ficaram 'sentidos' por levarmos as nossas coisas de Lisboa para a casa da Ericeira, pois como já temos a casa de lá mobilada 'não fazia sentido'. Para eles, fazia sentido sim era ficarmos com as mobílias que já lá estavam (que são simplesmente hediondas) e vendermos as nossas, 'a tralha', 'os cacos' que temos. Aquilo pareceu-me tão ofensivo que não fui capaz de disfarçar um ataque de fúria crescente que me foi invadindo o corpo e se prolongou numa extensão da boca, dizendo numa sonora e afirmativa sentença 'Nem pensar! As nossas coisas fomos nós que as comprámos com o nosso dinheiro e gostamos muito delas! As que estão na Ericeira têm de sair'. E pronto, a questão ficou arrumada, mas os meus sogros ofendidos com a minha atitude de 'nora respondona e mal agradecida'.
Na questão de uma semana vieram cá abaixo à Ericeira e toca de empilhar tudo na carrinha, desde loiças da cozinha a mobília de quarto, sofá de sala, etc. Enquanto não esvaziaram a casa não descansaram, apressados que estavam em marcar a sua posição e eu deixei-me ficar, impávida e serena sempre que a minha sogra se dirigia a mim num tom quase ríspido de 'Mafalda, vem cá. Diz-me, queres isto?' E a minha resposta era sempre a mesma: 'Não, não quero. Também tenho um(a), pode levar'. Ela largava um grande suspiro e às vezes soltava um 'Onde é que eu vou pôr tanta coisa meu Deus?'.
Pelos vistos tudo o que levaram encontrou o seu espaço na casa deles. Do sofá à mobília, às loiças, tudo se encaixou e a casa da Ericeira ficou vazia para nos receber. Apenas ficaram as cadeiras da mesa de jantar - que eu lhe tinha dito que eram para seguir pois íamos utlizar as nossas - mas essa é outra 'guerra' que ainda está para vir...
Ora, depois de dois fins-de-semana intensos, os meus sogros mergulharam num silêncio. Só falavam com o filho, nunca perguntavam por mim ou como estava a correr a minha gravidez e nem no dia em que fomos fazer a eco em que se descobriu qual era o sexo do bebé, foram capazes de ligar a dar os parabéns! Aquilo pareceu-me mal! Mesmo muito mal! Nós fizemos a eco a uma segunda-feira e enquanto os meus pais nos ligaram de imediato e deram-nos os parabéns extasiados que estavam com a notícia - tanto a mim como ao C. - os meus sogros pelos vistos, limitaram-se a falar com o filho e manifestações de contentamento nem vê-las.
Aquilo pareceu-me tão mau que durante uns dias fiquei a avaliar se a minha sogra se dignava a ligar ou a dizer qualquer coisa, mas nada, o silêncio era total. Na 5ª feira dessa mesma semana não resisti e abri a boca ao C., 'Parece mentira, mas a tua mãe ainda não foi capaz de se dignar a pegar no telefone e a ligar-me a dar os parabéns pela bebé.' Ele ficou chocado com a atitude dos pais e eu sabia que aquele meu simples comentário era o suficiente para criar reacções de energia.
À noite, estava eu sozinha em casa, liga-me a 'senhora', com a voz mais cínica deste mundo a fazer-se passar por 'uma avó muito feliz'. (eu só não acerto no euromilhões...) Não resisti e mandei-lhe as ferroadas todas que ela merecia ouvir! 'Seja bem aparecida, já não era sem tempo, estava a ver que nem ligava a perguntar pela neta!' - facada nº 1 - 'Até parece que só o seu filho é que vai ser pai' - facada nº 2 - E ela, do outro lado respondia entre risinhos nervosos e entrecortados: 'Oh, mas porquê, os teus pais já te ligaram a dar os parabéns?'. 'Claro', respondia eu, 'Ligaram-me logo na segunda-feira, no dia da ecografia, em que ficámos a saber o sexo, e deram os parabéns a mim, que vou ser mãe, e ao C. que vai ser pai. Falaram com os dois' - terceira e derradeira facada! Ela ria-se para disfarçar a culpa e entre desculpas esfarrapadas, lá ia dizendo que 'Não importa que seja menina ou menino, que o que interessa é que venha com saúde, apesar de eu ser mais pelos meninos....' (olha que novidade!!)
Eu sinceramente acho triste, muito triste, que até agora, que espero uma filha - a primeira e única neta deles - o comportamento da minha sogra se paute por este tipo de atitudes. Que ela não é boa e não me grama, eu já sei e quanto a isso, chego à conclusão de que não há nada a fazer, mas neste momento vem uma criança a caminho e se ela pensa que é com este tipo de atitudes a leva a algum lado, está muitíssimo enganada.
Desde esse dia que agora, para se fazer passar por boa samaritana, pede ao filho para me passar o telefone para perguntar 'como estou e como vai a 'menina'... E eu lá lhe falo muito bem - quem nos vê há-de dizer que temos uma relação muito cordial e pacífica - quando a verdade é que sei que tudo aquilo não passam de jogadas dela, para que o filho, enganado pela mãe dócil, pense o contrário.
Só para que tenham uma ideia, ainda não foi capaz de me perguntar sequer como é que a menina se vai chamar, referindo-se à mesma sempre como 'a bebé'...
Porquê, perguntam vocês? Não é que ela não saiba, porque eu tenho a certeza que o filho já lhe disse, mas comigo, sempre que agora me liga e me fala, nunca menciona o nome de 'Madalena', simplesmente porque eu sei que ela não gosta do mesmo... (se calhar queria ser ela a escolher também o nome dela não? é provável...)
Enfim, é triste, muito triste e eu cada vez tenho menos paciência para tudo isto.

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