...já a partir de Junho! E agora, como é? Se a Brisa vai rescindir contrato com 1200 trabalhadores/portageiros e substituir os mesmos por máquinas, como é que eu vou arregalar os olhinhos a caminho de casa, depois de um dia de trabalho, se não vejo o ' meu Adónis' que todas as semanas recebe o ticket e me deseja 'Boa viagem'? Humm?!?
Está mal!! Está muito mal! Acho que vou escrever uma carta à Brisa a queixar-me que nos habituam a um serviço de 'qualidade' e que depois, não basta já a malta pagar todos os dias a chulice de 4,20€ só para fazer uns míseros 20 kms (de ida e volta), como ainda nos tiram o único 'bombom' associado ao mesmo...
Mais 1200 pessoas para o desemprego, é o que é... Este país vai de mal a pior.
Outra coisa que ultimamente me fez ficar fula da vida é a questão do IRS ir aumentar já a partir do mês de Junho... Ora, se aquando da minha contratação me engaram em relação ao meu ordenado e eu já ganho menos do que aquilo que esperava (bem menos) e se, a partir de Junho, o valor que desconto para o IRS ainda será maior... bom, não tarda nada, mais vale ficar quietinha em casa e não gastar perto de 500 euros por mês em portagens e gasolina para ir e vir trabalhar, porque senão, qualquer dia, ainda tenho é de pagar para trabalhar! E dar graças a Deus por isso...
E depois aumenta tudo: a creche da miúda, a renda da casa, a água, a luz, o gás, o telefone, o pão, os bens mais essenciais, mas os ordenados estão cada vez mais magros, mais reduzidos e exigem à classe mais desprovida de poder de compra os maiores sacrifícios, retiram-nos o 13º mês, comem-nos parte das regalias, não usufruímos de nada: temos um serviço de saúde de merda, um abono de merda, creches de merda, regalias do estado de merda...
Confesso que nunca pensei ver Portugal assim e digo, com a reinvindicalista que há dentro de mim, que tenho medo, mesmo muito medo de onde isto vai parar. Assusta-me a ideia de uma guerra a nível europeu, por exemplo - num cenário mais extremista e fantasioso - e assusta-me ainda mais ter uma filha pequena a crescer num ambiente incerto, onde a mãe possui um trabalho precário sem qualquer tipo de salvaguarda e o pai, apesar de fixo, não pode dizer que de hoje para amanhã não será demitido. Porque já não há empregos seguros e porque sem um nome de família sonante, uma herança que nos garanta cunhas e um lugar confortável resultante do status adquirido, somos uns 'zés ninguéns', povo esquecido e resignado à sua condição mais insignificante.
Sim, tenho uma alma esquerdista muito forte dentro de mim. Cada vez mais.
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