... e já se passou mais de um mês desde que decidi sair de casa e voltar a viver em Lisboa. Nunca mais o vi. Já é o segundo mês que pago as minhas contas, renda da casa incluída, sozinha.
Em um mês comprei electrodomésticos, sofá da sala, mesa de jantar, cadeiras, estantes, mesa de centro, de apoio, todo o quarto de uma criança, enfim... tudo. Para trás ficou uma relação de 9 anos.
Voltei a viver do zero. Sem certezas e com medos à mistura.
Na minha cabeça pululam muitas perguntas sem resposta. "E se fico desempregada", "E se a prestação da casa aumenta?", "E se o ordenado não chega ao final do mês?" e por aí fora... Tento apagá-las da memória - ou pelo menos aprender a lidar com elas da melhor maneira - para não enloquecer.
Um dia de cada vez, digo para mim mesma, um dia de cada vez.
Volto a aprender a estar sozinha, a ter a casa silenciosa, a pensar no que fazer com o tempo. Aprendo a lidar com a distância da minha filha e preparo-me, psicológicamente, para uma ausência de 3 semanas. Não é fácil. É duro. Muito duro.
Nunca fui uma pessoa que tivesse de estar rodeada por outras pessoas para me sentir feliz ou "mais viva". Fruto de ser filha única, ou pura e simplesmente porque sempre precisei de ter tempo para mim e a solidão nunca me assustou, lido bem com as horas desprovidas de gente. Continua a não me assustar, é um facto - bom, se calhar agora, que estou mais velha e com outra perspectiva da vida, talvez - mas não o suficiente para me derrubar. Mas ter de começar tudo do zero depois de tanto tempo habituada a partilhar a vida, o tempo e o espaço com outra pessoa não é fácil.
Sinto-me um pouco amputada por um lado e libertada por outro. Da maneira como as coisas estavam não dava para continuar e eu precisava de sair, para eu mesma perceber tudo o que se passou nestes últimos meses e encontrar alguma paz. 2011 tem sido um ano difícil, duro que só ele, mas eu também nunca disse que nunca conseguia.
Como diz o provérbio: "Dos fracos não reza a história"...
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