Fui almoçar com duas amigas ao
Deli Delux, mesmo ali à beirinha do Tejo, com um sol maravilhoso como
companhia. Quando saí do carro, mesmo à minha frente, erguiam-se dois barcos
cruzeiro altíssimos, de vários andares, imponentes e gigantescos. Vários
turistas, todos seniores, acabavam de chegar dos transfers e dirigiam-se ao
cais de embarque. Senti-me muito airosa e portuguesa, de vestido preto comprido
e botas, com os cabelos muito castanhos, no mais puro contraste com as suas
roupas claras, mangas curtas, ténis e cabelos louros e brancos. Depois senti-me
ridícula porque, bem vistas as coisas, enquanto eu me enchia de vaidade
pessoal, ali estava a personificação de um país medíocre, sem um tostão onde
cair morta e sem poder fazer aquilo que eles estavam a fazer naquele preciso
momento: viajar.
Deixei-me de merdas e fui ao
encontro delas, feliz da vida por mudar um pouco de cenário à hora de almoço e
não me resumir à marmita e à copa da empresa que tinham ficado lá no canto delas.
Hoje ia dar uma de burguesa, de lisboeta retro chique. Fui a primeira a chegar
e a esplanada estava cheia. Sentei-me sozinha no sofá e pedi penne com pasta de azeitonas, tomate
assado e mozarela. Entretanto chegaram elas. Já não as via há 7 meses. Caramba,
como é que é possível estarmos tanto tempo sem ver alguém? Ainda por cima
pessoas das quais se gosta! (Pequena adenda: já reparei que escrevo muitas
vezes a palavra “caramba”, tenho de ver
se mudo isso, mas, caramba, não é
fácil).
Comemos todas o mesmo e bebemos
todas vinho tinto, Terras D’alter. Fui a primeira a abandonar o ‘barco’, porque
a hora de entrada já conspirava contra mim. Deixei-as lá, a conversar pacatamente,
a desfrutar do sol de Lisboa, com os seus pennes
com pasta de azeitona e copos de vinho tinto, com o tempo todo pela
frente.
Saí com a alma lavada e feliz,
mas depois pensei, “Porra, o sacana do
alentejano era mesmo bom.”
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