Desde que soube que ia ser mãe de um menino que sinto um misto de sentimentos. Não me interpretem mal, mas estava tão convencida que seria rapariga que agora que sei que é rapaz fico a pensar na quantidade de enxoval, roupa e acessórios em tons de rosa que já tinha e que me iam fazer poupar um dinheirão, para todo um novo e inesperado investimento. Quer dizer, inesperado, inesperado não é, porque as probabilidades de ser rapaz eram de 50% e ninguém tem um filho só porque já tem enxoval do primeiro, mas que ajuda muito, ajuda, principalmente quando o orçamento não abunda. Claro que acima de tudo quero que venha bem, cheio de saúde, perfeito e saudável! Isso sim é o que mais interessa e importa, mas e à semelhança do que aconteceu na primeira gravidez - que aí sim queria muito um rapaz e saiu-me uma rapariga - sinto que estou a viver um dejá vu em reverse. Quando estava grávida da Madalena estava convencidíssima que ia ter um rapaz. Queria um rapaz. Já tinha nome escolhido e tudo, enquanto que de rapariga alternava entre dois nomes que me deixavam na dúvida mas não me arrebatavam certezas. Quando o médico, às 21 semanas, revelou que vinha aí uma menina lembro-me de sair da eco meio em estado de choque. 'Como uma menina?' Era um rapaz, 'Eu' sabia que era um rapaz. Mas não. A rapariga vinha a caminho para me mostrar que o mundo das purpurinas, laços e cor-de-rosa tinha muito mais a ver comigo do que alguma vez imaginei. Para me perder entre vestidos, bonecas e cozinhas de plástico, para ter a companheira de uma vida que diz que me ama daqui até ao fim do universo, para desmistificar medos femininos que hoje quase concebo na ideia serem inatos ou estarem inscritos no nosso adn. Somos tão diferentes nós mulheres e eles homens, que é toda uma psicologia específica para cada sexo.
Voltando ao rapaz que agora carrego no ventre, nesta segunda gravidez e à semelhança do que aconteceu na primeira, estava muito convicta do sexo da criança, mas desta vez de que vinha aí outra rapariga. Enjoos nada e tal como na primeira gestação o nome já estava escolhido. Desta vez dizia para mim própria que não me ia enganar, que intuição de mãe é infalível e que vinha aí outra menina apesar de ter sonhado mais do que uma vez que ia ter um menino. Eu queria outra menina e o pai, apesar de nunca o assumir completamente, também. Por isso, quando o médico a semana passada durante a eco morfológica nos perguntou 'o que é que tínhamos lá em casa' e que agora 'vinha aí um rapaz' eu soltei uma sonora gargalhada! Só podia. Na minha vida é tudo ao contrário. Quero um rapaz vem rapariga. Quero rapariga vem um rapaz. Bom, ao menos a conclusão é a mesma, ou seja, entre um querer e o outro dá sempre um casal e esse é o resultado que vamos ter.Também à semelhança da primeira não tínhamos nome escolhido e quando as pessoas nos perguntaram logo a seguir à notícia do sexo qual seria o nome da criança a resposta era (é) quase sempre a mesma: 'ainda não decidimos'.
Não me entendam mal, eu estou muito feliz por estar grávida, por ter esta bênção na minha vida outra vez, por estar tudo bem com o bebé, por ele se estar a desenvolver de forma normal e saudável para o tempo de gestação e tenho muito medo que algo de mau aconteça (porque sou um bocadinho paranóica e tenho sempre tendência a pensar no pior), mas estes 'mixed feelings' por vezes assaltam-me o coração. Deve ser por estar hormonal e parva. Sim, sinto-me muito hormonal e parva. E instável. Ora estou furiosamente irritada nuns momentos, ora saltam-me as lágrimas a seguir. Mulher é mesmo um bicho estranho. Deve ser por isso que agora o universo me envia um rapaz. Para me mostrar que tenho a tarefa, enquanto mãe e mulher, de educar também um homem para o futuro. Afinal, ele tem de saber interpretar estas coisas 'de gaja'!
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