Ontem, enquanto fazia o jantar e
a mais velha tomava banho, ouvi-a cantarolar e comecei a prestar atenção à
música. Soava-me familiar, mas não sabia dizer ao certo quem era o artista que
ela trauteava. Sabia sim que já tinha ouvido na rádio, a caminho de casa ou do
trabalho e que era uma daquelas músicas bem-dispostas que entram no ouvido
facilmente. Abri a porta da casa de banho e perguntei-lhe.
“O que estás a cantar?”
“É o ‘sorry’ do Justin Bieber!”, diz ela com o ar mais natural do
mundo perante a minha cara de estupefação.
“Mas tu sabes quem é o Justin Bieber?”, perguntei eu na minha
ingenuidade maternal de que a minha filha de 7 anos não ouve essas coisas. “Oh mãe, claro que sei”, diz-me ela como
se eu fosse um totó. Depois do choque inicial, não vou negar que achei uma
certa graça ao que tinha acabado de ouvir e foi aí, entre aquela brincadeira de
mãe e filha, misto de ‘ai-que-horror-que-ela-está-a-crescer’ e o ‘tenho-de-me-adaptar’,
que me lembrei de que tinha, há muito, mesmo muitoooooo tempo, guardado no
armário da casa de banho, um perfume do Justin Bieber que recebi em tempos e
que nunca cheguei a tirar da caixa. Foi aí que me lembrei de lho dar.
Não imaginam o quanto ela ficou
feliz. Quando abriu a caixa, que ainda tinha o plástico e viu o frasco – todo bonitinho
e com um penduricalho dourado – foi aos céus e voltou.
“Tenho um perfume de crescidos! E
do Justin Bieber!”, Exclamou com visível ar de satisfação. Tanto adorou o seu
novo perfume de gente grande (ao contrário dos seus perfumes de criança onde
figuram as personagens do Frozen ou com cheiros de morango e pêssego), que só
não dormiu com ele dentro da cama porque não calhou. Em compensação
enfrascou-se, literalmente, em perfume e apareceu na sala em modo ambientador.
“Madalena, cheiras imenso a
perfume filha, isso não é para colocar muito. Só se põe um bocadinho porque o
cheiro é muito concentrado.”
“Ai é?”, Diz-me ela com o tal ar
ingénuo de menina de 7 anos que eu procurava obter quando me respondeu que sabia
quem era o Justin Bieber, enquanto eu sustinha a respiração, praticava a apneia e
pensava, “Deus me ajude que tenho uma Belieber”.
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