terça-feira, fevereiro 16, 2010

mais do mesmo

Não tenho escrito nada. Ando sem vontade, além de sentir não ter nada para dizer.
O curso entretanto já acabou e voltei a estar em casa agarrada ao computador a disparar cv´s e à espera de nem sei bem o quê.
Ando desmotivada e desiludida com uma série de pessoas o que me levou a tomar algumas decisões bem radicais de o demonstrar.
Também ando preocupada e triste, profundamente triste com alguém que me é muito querido e próximo.
A semana passada foi um turbilhão de emoções. Foram notícias más em catadupa e senti um nó no estômago como há muito tempo não tinha.
Depois de um certo período de euforia, ilusório é verdade, eis que bati de novo na realidade: continuo sem nada e sem perspectivas de trabalho. Já fiz de tudo, já me socorri de todos os contactos e logo eu, que odeio pedinchar o que quer que seja.
Fui a uma entrevista para o Ikea de Loures. O processo de recrutamento começou e eu fui chamada, assim como centenas de pessoas, para a primeira fase de selecção. Se passar a tudo, irei, muito provavelmente, para atendimento em loja ou outra coisa do género e a ganhar miseravelmente a tempo inteiro ou em part-time. Neste momento é a minha única hipótese. Ou isso, ou um call center, mas não posso ficar sem ganhar um cêntimo a partir de finais de Março.
Não sei porquê, mas meti na cabeça de que ia ser a seleccionada para aquela entrevista da treta a que fui há umas semanas. Estava tão confiante de que ia ficar que até já sentia a coisa como minha, e andava convencida de que tinha tido, finalmente, a oportunidade que estava à espera de voltar ao mercado de trabalho como jornalista e a escrever sobre o que eu queria. Não consegui. Na 5ª feira, quando recebi a notícia todo o meu mundo desabou. Chorei como uma criança.
Neste momento tenho uma grande falta de confiança nas minhas capacidades. Sinto que já estou há tanto tempo afastada do mercado de trabalho e dedicada à maternidade que é apenas isso que me define e que, como tal, não aparento credibilidade, ou pelo menos o suficiente para acharem que eu posso ser uma boa escolha.
Sinceramente, acho que é isso.
E constatá-lo dói-me imenso. Acho que não passo de uma mãe que escreve umas coisas mas sem grande estilo definido, sem grande qualidade e cada vez mais longe de conseguir alcançar realmente aquilo que almeja.
No sábado à noite fui convidada para ir ao jantar de aniversário de uma ex-colega do curso de formação de formadores que andei a tirar em Novembro e deparei-me com uma soirée elegantíssima, cheia de gente super bem colocada na vida e com um status profissional e pessoal muito... chamemos-lhe, 'agradável'. Sinto-me sempre um peixe fora de água nestas circunstâncias, mas tentei aparentar um ar 'normal' e confortável. A Maria, a anfitriã da festa, apresentou-me a todos como 'a minha amiga Mafalda, distintíssima jornalista' e eu senti-me a corar por dentro com semelhante mentira. Sei que ela não faz por mal, antes pelo contrário, mas se há coisa que não me sinto é 'distintíssima' no que quer que seja, mas mais 'indefinida'.
Outra coisa que me tem feito pensar é no facto de todas as mães que, tal como eu, durante a minha gravidez e primeiro ano de vida da Madalena se encontravam desempregadas, já estar tudo a trabalhar ou terem arranjado trabalho recentemente. Fico sempre feliz quando sei que alguém que estava desempregado consegue emprego, mas também penso sempre: 'para quando eu?', 'quando chega a minha vez de celebrar?'.
Parece-me cada vez mais distante. Mais difícil.
Sempre acreditei na máxima de que as coisas acontecem por uma razão, mesmo que na altura não entendamos porquê e quero continuar a acreditar nela, apesar de me custar cada vez mais este tipo de frases feitas que servem de consolo aos tristes.
Como dizia a minha mãe hoje: 'vais ver que tens algo de bom à tua espera, algo te está reservado'.
Até pode ser, mas eu já não consigo acreditar muito nisso. Acho que se realmente algo me está reservado, está a fazer-me penar até à última e duvido muito, mas duvido mesmo, que apareça assim do nada, quando falta tão pouco tempo para eu ficar com a corda ao pescoço.
Acho que se aparecer alguma coisa não é porque me está destinado, é por pura necessidade.

4 comentários:

Seni disse...

Realmente a tua caminhada não tem sido fácil. E acredito que nao tenhas razões para dar pulos de alegria. Sabes que não te podes deixar derrotar!!... Acredita... continua a acreditar...
Força sim!
A vida nao é nada fácil....
kiss

Melissa disse...

Mafalda, acredita que é só um período ruim. Essas coisas passam. Lembra-te: não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe.
Não gastes todas as tuas forças no período ruim, porque vais precisar delas mais tarde.

Acredita nisso. A minha família chegou praticamente a passar fome há alguns anos, passamos dois ou três anos mesmo no Inferno... E depois tudo melhorou.
beijinhos e força.

Clementine Tangerina disse...

ohhh querida, eu ja passei por isso e sei o quanto é dificil esperar todos os dias por noticias melhores!

parece impossivel! disse...

Vou ser franca, franquérrima contigo. O teu percurso, ao contrário do que a Seni diz, tem sido do mais vulgar que existe. São milhares de pessoas na tua situação. Claro que não temos de pensar na pouca sorte ou infelicidade dos outros, nem tão pouco compararmos o nosso insucesso com o deles,da mesma forma que compararmos o nosso insucesso em relação ao sucesso dos outros é pura perda de tempo. É desgaste insignificante. O sucesso dos outros ou tem um efeito pró-activo em nós ou então de nada nos serve.
Honestamente Mafalda, o teu discurso é absolutamente derrotista, e não fosse este um blogue fechado e não fosse o Facebook um local onde se encontram apenas amigos teus ou, se tivesses o infortúnio de ter alguém da tua área a ler-te, ninguém te arranjaria trabalho. Ou se o fizessem seria por pena. Tens todo o direito de desabafar o que sentes e deves fazê-lo, mas olha-te de fora e tenta perceber onde estás a errar. Tenta ser pragmática. Perdes energia com tamanho afundamento. A falta de energia e o "falhanço" estampado no rosto notam-se em cada entrevista que dás com certeza. Não te esqueças que mudaste de terra, de vida, tiveste uma filha e ficaste desempregada, tudo isso influencia o teu estado de espirito. A tua vida mudou, as prioridades são outras, o tempo é outro.

Se me permites gostava de te dar um endereço espectacular que já me ajudou muito a mim. Liga para eles, são as pessoas certas ACREDITA!

Desculpa a minha frontalidade, mas simpatizo contigo e sei por experiência que não é com frases feitas de "tudo vai mudar" ou "com o tempo a coisa vai" ou "tem calma, a tua vez vai chegar" blá blá blá...

(psicoterapia para todos - procura no google e LIGA)

Bj