A Madalena regressou a casa depois de duas semanas e meia com os avós. A primeira semana correu bem, a segunda já mostrou de que garra é feita - dando 'ares de sua graça' com mega birras no super, na rua e por aí fora - e na terceira semana virou um 'pequeno monstro'.
Quando chegou a casa vibrou de alegria. Não tenho dúvidas de que parte do seu comportamento 'desviante' era provocado pela nossa ausência e saudades, quer dos pais, quer da sua própria casa, mas a verdade é que a minha filha atravessa uma fase complicada que me deixa sem saber muito bem como reagir.
O regresso à escola foi pacifíco. Nunca pensei que pudesse ter sido tão bom e calmo e isso, em parte, fez com que ficasse mais descansada. Não houve choros nem birras, o que acabou por me deixar relaxada e até feliz, o resto da semana. No fundo, acho que ela também já tinha saudades da escola, da educadora e dos outros meninos e coleguinhas, pois apesar de ter mudado de sala e ter uma pessoa nova na equipa que a irá acompanhar, quando viu a educadora, agarrou-se ao pescoço dela, trepou-lhe para o colo e deu-lhe beijos - coisa que comigo - muitas vezes, não faz.
Ciumeiras à parte, o que me anda mesmo a deixar com os nervos em franja é o mau feitio da rapariga. A minha mãe, que sempre disse que eu tinha 'uma filha santa', depois de quase 3 semanas com ela já lhe reconhece os defeitos e dá razão às minhas queixas. Ela não verga! É mais teimosa que uma mula velha e agora tem uma mania terrível quando é contrariada: guinchar.
Confesso que quando ela guincha a plenos pulmões e se atira para o chão numa das suas muitas birras, só tenho vontade de a encher de palmadas. É que não suporto crianças birrentas e mal comportadas, mas claro, como sempre, cuspi para o ar e tinha de me calhar uma que vale por 500 miúdos assim...
Isto faz com que sempre que saímos com ela para ir a algum lado o drama e os nervos se instalem. Sempre que a menina é contrariada, seja o que for, abre a boca e guincha. Guincha, guincha e guincha. E não adianta dar-lhe palmadas, ralhar ou mostrar desagrado, porque o efeito é aumentado. Como se aquele pequeno ser com menos de um metro, tivesse ligada a um megafone. A juntar à festa, tem ainda ataques de puro mau feitio, ou seja, não adianta ela já me estar a fazer uma fita de todo o tamanho, a envergonhar-nos a cara até ao sétimo céu, não satisfeita com isso, ainda manda e resoira com tudo o que apanha à frente, para o chão... do prato da comida, ao biberão da água ou à chucha, tudo o que apanha vai pelos ares.
O resultado? Uma valente chapada na mão, sempre, mas nem mesmo assim ela aprende ou deixa de o fazer/repetir numa próxima oportunidade.
Este comportamento, estes ataques de mau feitio, de faltas de respeito, de total ignorância dos meus apelos como mãe e educadora, faz com que esteja a passar por um período em relação à minha filha, que me faz duvidar quer de mim mesma, quer do amor que sinto por ela.
Não é fácil lidar com uma criança assim, impaciente, intransigente, birrenta, chorona e que nunca está bem, nem deixa estar. É um verdadeiro teste à paciência. São poucos os momentos em que me sinto em paz, em que conseguimos fazer os três coisas giras e brincadeiras ou passeios que depressa não terminem em gritos ou discussões, em que ela não nos teste a paciência até à exaustão.
Claro que amo mais do que tudo na vida, claro que ela foi a melhor coisa que me aconteceu, claro que as birras fazem parte da idade, de uma fase, sei lá, mas às vezes, às vezes penso que comigo tudo tem de ser mais difícil que as outras pessoas e claro, até um filho teria de me dar trabalho a triplicar do comum dos mortais.
Nunca esperei dizer isto mas, mais filhos? Sinceramente, acho que não! Só se tivesse a garantia que não me saía outra igual a esta, senão enlouqueço. That's for shure.