Dizem-me que o amor vive de mistério, de ocultar, de não dar tudo, de não revelar, como se de um jogo se tratasse, para o interesse manter cativo. Como se nos revelando e mostrando verdadeiramente tudo aquilo que sentimos, nos enfraquecesse perante o outro, nos revelasse desinteressantes, nos fragilizasse e estivessemos a dois passos de ser deixados. Como se o amor não fosse mais que um jogo de poder ou de vencidos e vencedores.
Eu não vejo o amor assim, não sou assim, não sinto assim. Quando amo, eu dou-me, por inteiro. Não há lugares para subterfúgios, nem jogos de esconde-esconde, nem oprimir aquilo que sinto, principalmente se o que sinto é bonito, é o que de mais verdadeiro e puro posso dar, é meu e aquilo que me define. Não dou o meu amor a qualquer um, então, porque é que o hei-de dar pela metade quando me quero dar por inteiro?
Faz-me muita confusão esta parte oprimida do amor. Este "não reveles, não digas", para que o outro não tenha noção do tamanho do sentimento que bate dentro do peito, para não se revelar fraco, dependente ou vulnerável.
Claro que esta minha intensidade já me fez dar valentes cabeçadas antes e sofrer e errar, errar bastante, mas caramba, não vale a pena? Eu continuo a acreditar que sim! Uma relação não é feita de jogos de esconde-esconde, nem de medos de se dar ao outro, nem de omissões. Uma relação é feita de gestos, de palavras e de actos e se o amor é real, se existe, abarca tudo isso, converge e cresce, não diminui. Dilata-se, cada vez mais.
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