A minha criança gosta muito de pintar. Adora quando lhe pergunto se quer fazer "trabalhos", sejam eles de plasticina ou com as tintas. Costumo montar-lhe o estaminé na mesa da cozinha. Espalho os guaches, os pincéis, os frasquinhos com água para lavar os mesmos, disponho as cores, dou-lhe folhas de papel e ali fica, entretida e muito contente, de volta das suas obras de arte enquanto eu cozinho ou arrumo a casa. É engraçado ver como a escolha das cores se altera, ou como tenta exprimir a sua criatividade. Geralmente os papéis ficam empapados com tanta tinta e meto-os a secar, pendurados que nem estendal, nos estores da janela da cozinha. Guardo-os todos, mesmo aqueles que têm rabiscos insignificantes, porque são pedaços da sua infância que nunca mais vou conseguir recuperar. São uma cápsula do tempo impressa. Nunca mais a minha filha terá aquela idade naquele preciso momento em que os pintou e várias são as vezes em que dou por mim a pensar que já está tão grande e tão crescida. O tempo corre.
Esta semana decidi emoldurar alguns e pendurá-los. Escolhi três com cores e tonalidades distintas e - com molduras do Ikea, essa loja cheia de boas ideias - coloquei-os numa das paredes contíguas ao seu quarto. Adoro o resultado e adoro todos os dias passar por ali e senti-la pertinho de mim. Dá ânimo aos meus dias.
Algo tão simples e tão bonito (para além de todo simbolismo e valor sentimental), que chega a ser terapêutico.
1 comentário:
tenho os meus trabalhos todos ou quase, da altura do infantário, guardados, não os deitaria fora, por nada, é como dizes " são pedaços de infância" :) *
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