Hoje sinto-me exausta. Dói-me
a cabeça, tenho um peso nos olhos, não vejo a hora de ir para casa. Estou
convencida de que é sexta-feira e não quinta – deve ser o corpo que o pede – e depois
de uma manhã a sentir-me gelada (neste escritório o ar condicionado está sempre
regulado para temperaturas árticas), agora tenho calor. Trouxe uma camisola de
manga comprida, porque andar sempre arrepiada mesmo em pleno verão, é um estado
permanente que me assiste ultimamente.
Devo estar a “ovular”,
porque os sintomas são os mesmos de quando está para me vir o período – até o
mau humor – mas como ainda falta, acaba por ser mais ou menos parecido. Falta-me
energia anímica (como dizia o outro).
Ando a ficar sem
paciência para acordar cedo e todos os dias me atrasar, passar a vida a adiar o
despertador de cinco em cinco minutos e acabar por ficar meia hora na cama, render-me
à preguiça de me levantar e vir, depois, afogueada e a grande velocidade,
porque não fui capaz de vencer esta inércia matinal. Passar o dia com sono e quando
chega a noite, ficar acordada até à uma da manhã porque, o sacana, decidiu não
aparecer quando deve.
Estou farta de usar sandálias
e ficar com os pés todos encardidos – não sei lá o que faço, mas chego a meio
do dia com os mesmos todos mascarrados e a parecer uma pedinte. (Quero os botins de volta, assim tipo, já!!)
Chateia-me estar
inchada, sentir-me apertada na roupa e não ver o ponteiro da balança descer.
Tenho saudades da minha
filha e ando a contar os dias para que regresse aos meus braços. E nem as
chamadas diárias colmatam a ausência, pois aquela safada nunca quer falar
comigo ou quando o faz, nunca está concentrada, deixando-me sempre pendurada,
preferindo ver desenhos animados ou focar a atenção em qualquer outra coisa
mais interessante e imediata do que “falar com a mãe”.
Andar com as chaves do carro
embrulhadas em fita-cola para que funcionem, ter perdido uma hora e meia de
almoço a tentar arranjá-las e sair das chaves do areeiro do mesmo modo em que
lá cheguei, ou seja, com o problema ainda por resolver. Ter de lá voltar no Sábado
de manhã e preparar-me para perder mais hora e meia de vida à espera. Largar
perto de 40 euros ou mais por umas chaves novas e rezar a todos os santinhos
para que depois funcionem.
Ter uma conta de água
por pagar – cujo prazo termina amanhã – que ronda os 90 euros! Sim, em água - e
nem tenho uma piscina, ou máquina de lavar loiça, faria se tivesse, mas pelos
vistos devo ser uma maluca a tomar banho - porque só em taxas para a câmara e
afins, é quase metade do valor. E ainda falta pagar a renda da casa, a conta do
gás, da luz e da TV Cabo. Verificar que depois disto vou de férias com o saldo
quase a zero, mas estar desejosa de que esses dias cheguem, mesmo que depois
não tenha dinheiro para ir a mais lado nenhum.
Caramba, acho que tenho
de ir ao chinês comprar um daqueles gatos dourados que dão à pata, para a
frente e para trás. Fiquei ontem a saber que a finalidade do bicho é “chamar
dinheiro”. Bom, se forem baratos acho que trago logo uma dúzia.