quarta-feira, outubro 08, 2014

October blues #2

 
8 de Outubro, uma data que perdurará para sempre na minha memória. Há 9 anos atrás estava a casar-me. Mais ou menos o tempo que tem este blogue que, recordo-me, foi criado poucos meses (ou semanas) antes do grande evento. Foi um dia muito feliz com um sol radioso e de muito calor.Um casamento de Outono, como o imaginei. É inevitável não pensar neste dia como um dos mais felizes da minha vida. Correu tudo muito bem, estávamos felizes, tínhamos a vida toda pela frente e um futuro feito de promessas.
Em 9 anos muita coisa mudou. Continuo a adorar tudo o que se relacione com casamentos e a acreditar no mesmo, apesar de me sentir meio desiludida com a vida, com um grande sentimento de falha e de perda que, muitas vezes, não consigo ultrapassar. É a vida, o que é que hei-de fazer? Não me arrependo da decisão que tomei, mas custa-me saber que falhei no meu ideal de família. Ninguém se casa com a ideia de que "se isto não correr bem separamo-nos e cada um vai à sua vida", eu pelo menos não casei. É uma situação complicada quando temos filhos e uma vida em comum e decidimos que para continuarmos a ser fiéis a nós próprios temos de abrir mão da maior parte das coisas que criamos e que alcançámos e começar tudo do zero outra vez . Não é fácil - por muito glamourosa que a ideia possa soar a alguns, porque sim, acredito que para muito boa gente a ideia de estar divorciado seja apetecível - mas para mim não o é. Não gosto, nunca gostei. Sou um animal de hábitos, de rotinas, necessito e gosto de ter uma estrutura familiar, de saber que há alguém com quem me enrrosco à noite e me aquece os pés, ou que pura e simplesmente partilha comigo os serões no sofá e as minhas crises hormonais uma vez por mês. Isso dá-me estabilidade. E, para além de tudo isso, chego à conclusão de que sou tradicional e conservadora. Mais até do que alguma vez julguei ser. Que para mim não faz muito sentido isto do 'viver junto' sem ter as coisas bem definidas, que odeio o limbo de rótulos em que me encontro, uma espécie de 'sou divorciada, mas namorada a viver junto e isso deixa-me na difícil situação de não ser mulher, mas "companheira" - que, by the way, odeio", além de que a ideia de ter filhos sem estar casada não me seja totalmente confortável e de sentir uma falta tremenda da aliança no anelar esquerdo. Pronto, é isto. Para mim o casamento continua a fazer todo o sentido e, talvez por isso, talvez por dar-lhe tanta importância, talvez por já o ter experimentado e vivido, me custe tanto a situação em que me encontro. Porque não, na minha opinião, na minha experiência pessoal, viver junto não é a mesma coisa que estar casado - em tantos, tantos sentidos que agora não vou aqui aprofundar.
Mas não consigo deixar de olhar para as minhas fotografias de noiva e de sentir que estava linda. Bem sei que sou suspeita, mas continuo tão apaixonada pelo meu vestido e véu como há 9 anos e a achar que as fotografias mais bonitas que alguma vez tive em toda a minha vida são as deste dia.

3 comentários:

disse...

Estavas linda!!!
Se desse para ver para além da foto se calhar havia ali muito nervoso miudinho [eu estava super nervosa com o aproximar das 16h...] mas o que deixas transparecer e ficou captado é uma beleza serena, tranquila, muito bonita.
Beijinho

Jardim de Chuva Prateada disse...

Sim, estavas linda! Ao contrário de ti, e porque vivo uma situação de divórcio neste momento , sempre disse que se alguma vez me separasse que nunca mais voltaria a casar. Que só se casa uma vez nada vida. Também sinto uma falha enorme, mas neste momento só quer conseguir levantar-me e conseguir viver com os meus 3 meninos. É um pesadelo, é desgastante e talvez sinta que posso vir a ser uma daquelas pessoas amarguradas com a vida, mas infelizmente é assim.

Com o tempo talvez venhas a sentir que os rótulos não são o mais importante. O importante é o que se vive no presente, porque é o presente que dará lugar ao futuro. Um beijo.

Mafalda disse...

Jardim de Chuva Prateada, eu também tenho alturas em que me sinto tão desgastada que resvalo para a amargura e tenho receio de me tornar numa dessas pessoas que com a idade e os "coices" da vida ficam ressentidas, insuportáveis e que só destilam amargura e penso que não quero ficar assim, apesar de reconhecer que resvalo um bocadinho para a auto comiseração! Mas não quero e só me cabe a mim ultrapassar isso! E não culpar os outros pelo sucedido. Nem sempre é fácil, há dias melhores, dias em que recaímos e dias em que tudo parece mais difícil do que realmente é, mas acabamos por saber lidar também com isso e andar com a vida para a frente. E sim, vais conseguir, pelos teus meninos e porque nós mulheres, nesse aspecto, somos mesmo incríveis e temos uma força que move montanhas!
beijo grande*