quinta-feira, novembro 13, 2014

'Aqui ninguém toca'

Depois de ver e ler esta notícia que me deixou perplexa, fiquei durante algum tempo a pensar no assunto.
Sim, já todos lemos e ouvimos notícias destas e pensamos que nunca nos bate à porta, mas esta teve o condão de me deixar mesmo a pensar no assunto e de me assustar. Sim, já tinha lido sobre a estatística que afirma que uma em cada cinco crianças será vítima de violência ou abuso sexual, mas temos sempre aquela tendência de fazer ouvidos moucos e de achar que não será concerteza com os nossos filhos, de encolher os ombros de ler outra notícia mais alegre e esquecer a anterior e pronto, a vida continua e não se fala mais nisso.
Mas hoje dei por mim a pensar que não podemos, não posso ser assim. Será que reconheceria os sinais se a minha filha passasse por isso? A verdade é que a maior parte deste agentes agressores estão inseridos no meio que lhes serve de inspiração. E este em questão era respeitado por toda a comunidade, gozava de uma reputação inquebrável, além de ser adorado pelas crianças e de gozar de uma confiança inabalável por parte dos pais. E é isso que assusta. O facto de confiarmos tanto em alguém e de nunca colocarmos a questão de que essa pessoa pode não ser exactamente aquilo que achamos que é. Claro que todos corremos esse risco, seja na vida, nas relações pessoais, no trabalho, na escola... Quantas vezes não confiámos em pessoas que reveleram não ser nada daquilo que pensávamos delas? O problema aqui é que em adultos sabemo-nos defender, ou sabemos lidar (melhor ou pior) com isso, mas as crianças não. E a questão que se levanta é como ensiná-las a identificar se estão ou não perante um possível agressor? Como explicar-lhes se aquele professor de ginástica ou educador do atelier de expressão plástica, que é um querido e que está sempre lá para lhes dar atenção, não tem afinal segundas intenções? Como ensiná-las do que é o toque ou comportamento certo do errado? Como fazê-las entender, em tão tenras idades, de que há toques apropriados - seja por amigos ou familiares - de outros que não são permitidos? É difícil, deixa-nos confusos, com medo de não saber lidar com a situação.
Por causa destas questões que hoje me ficaram a matutar na cabeça e entre pesquisas, encontrei esta campanha fantástica, "Aqui ninguém toca" que tem um site, um livro que pode ser descarregado em PDF, um filme e mensagens explicativas de como lidar com a situação com uma criança e formas de abordagem.
Para eles, crianças, a linguagem é simples, infantil, visual, rodeada de dois personagens - uma mão e um menino - que vão explicando de forma também ela simples, infantil e visual o que uma mão pode e não pode fazer.
É tão educativo e didático que merece ser divulgada em larga escala! Eu já descarreguei o livro para mostrar à M. e ainda hoje espero conseguir mostrar-lhe o vídeo. Porque mais vale prevenir.
 
 

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