Tenho dois filhos em escolas
completamente diferentes. E de ambas as situações tiro pontos positivos e
negativos. A Madalena frequenta, desde os 3 anos, um colégio privado. Por
vicissitudes da vida – e também por na altura estar em processo de divórcio – a
Madalena acabou por entrar para um colégio privado aquando do meu regresso a
Lisboa. Colégio esse onde permanece até hoje. Como entrou tão pequenina, foi
ali que começou a ter a noção do que é viver em comunidade, com regras, a fazer
amizades que a marcaram e, também, a ser muito mimada por todo o staff de
educadoras e auxiliares. Nunca senti, da parte da minha filha, aquela ansiedade
que muitas crianças têm do “não quero ir à escola” e isso sempre me deixou
feliz. A escola, para ela, sempre foi um lugar onde se sente bem e um
prolongamento de casa. Conhece todos os recantos e toda a gente. Ali estão, à
semelhança de casa, as “pessoas dela” e, com isto em mente, os anos foram
passando e ela por lá foi ficando até ingressar no primeiro ciclo. Se por um
lado um dos motivos que mais pesa na minha escolha em mantê-la naquela escola
privada se deve ao facto de saber que ela gosta de lá estar, por outro, a
mensalidade – que não sou eu que pago, mas sim o pai – o uniforme com que tem
sempre de andar vestida (e onde cada peça de roupa custa uma pequena fortuna!),
assim como todo o material que pedem no início do ano letivo - que é sempre uma
lista gigantesca e excessiva - ou os preços que praticam para as mais diversas
atividades – cada atividade extra curricular custa, em média, 60 a 70 euros -
fazem com que seja muito difícil manter um filho numa escola com aquelas
condições se não ganharmos uma pequena fortuna – o que não é, d todo, o caso.
Por isso, quando fiquei grávida
do segundo filho e com um orçamento familiar cada vez mais esmifrado, era
urgente pensar numa solução para o Afonso e, feitas as contas, rapidamente
constatámos que coloca-lo num colégio particular dificilmente seria uma opção. Tentámos
por isso inscrevê-lo em todas as IPSS que pudemos, o mais cedo possível e rezar
para que fosse aceite em uma delas. Tivemos sorte e assim foi. O Afonso entrou
para uma IPSS que fica a 10 minutos do meu local de trabalho e a 15 de casa, assim
como perto do colégio da irmã.
Não é uma escola cheia de manias
nem pretensões. Ali tudo é simples mas feito com atenção e carinho. A sala dos
bebés não tem decoração pomposa nem “matchy-matchy”, as auxiliares não andam de
uniforme igual com as cores do emblema da escola, a festa de Natal não demorou
3 horas e não foi num auditório “xpto” de uma qualquer universidade de renome.
Na IPSS do Afonso não preciso de levar toalhitas nem papa para lhe darem de
comer ou limparem o rabinho, a escola fornece isso. Nem preciso de me preocupar
com a comida, porque, tirando o leite, tudo está incluído na mensalidade e não
nos cobram nem mais um euro por isso. No Natal, ao contrário do colégio pomposo
da irmã – onde uma só mensalidade daria para comprar um miminho para
praticamente quase todos os meninos que o frequentam mas onde nunca dão nada –
na IPSS do Afonso houve presentes para todos os bebés e meninos, trazidos por
uma “mãe Natal”, oferta da escola, assim como um lanche convívio com todos os
pais. São sempre coisas muito simples mas que marcam a diferença, que dizem que
é uma escola/creche que se preocupa, que fomenta o convívio entre as pessoas,
que estima as suas famílias e as suas crianças, que faz dos laços e do amor o
seu propósito.
Aqui há dias fui surpreendida por
uma mãe que deixou uma lata inteira e novinha em folha de leite Nan 2 – o leite
que o Afonso vai passar a beber – para ele. Porque a filha já transitou de
leite e porque tinha a lata lá em casa e se lembrou de que o Afonso é o bebé
mais pequenino da sala. Ou outra mãe que, não me conhecendo de lado nenhum, me
pergunta se quero um casaco novo do filho – que nunca usou – e que se lembrou
de o trazer para o Afonso, caso eu quisesse e aceitasse.
Confesso que a generosidade das
pessoas tem sido tanta que me deixa surpreendida porque, a verdade, é que nos
últimos anos a minha realidade com a escola da minha, até então, única filha,
era (é) muito diferente. É uma realidade capitalista do “pagas-tens”, “fazemos-pagas”,
para crianças, dizem eles, “de elite”.
Aqui, na IPSS do Afonso não há
crianças de “elite”, não há fomentação do “somos melhores que os outros”, há
sim amor e entreajuda, há a premissa “somos iguais” e isso… isso é tão mais
importante e bonito do que tudo o resto.
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