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E pronto.... estas foram algumas das imagens que consegui.
Claro que há mais, mas estas servem para aguçar a vossa curiosidade.
Hoje, como o tempo me sobrou, decidi pegar nas coisas que há muito tempo se encontram esquecidas, fechadas, em caixas amontoadas e dar-lhes forma. Saiu outro colar, em tonalidades púrpuras para fazer parelha com as cores da próxima estação. Tem ligeiras diferenças dos habituais, como a fita em cetim a servir de fecho sob a forma de laçada. Está disponível e podem vê-lo aqui e adquiri-lo por mail: casinha_de_botoes@yahoo.com.
Gosto de ter tempo só para mim, como hoje. É estranho para uma filha única habituar-se a estar sempre acompanhada. Não sou eremita, mas os meus momentos de solidão são-me fundamentais. Necessários.
A semana passada foi dura emocionalmente. Numa consulta de ginecologia fiquei a saber que a minha ferida do cólo do útero ainda não cicatrizou. Depois de dois tratamentos de 'crio...qualquer coisa', que me doeram o suficiente para me fazer derramar várias lágrimas na marquesa, o veredicto final não é animador. Terei de fazer algo mais forte e eficaz. Confesso que a notícia me arrasou. A ginecologista passou-me a receita de um exame e mandou-me para a CUF Descobertas. Já não dependia dela disse-me, e eu saí do consultório com o peito apertado de dor e com a cara contorcida de esforço para não chorar. A meio da semana passei pelo hospital depois do trabalho para marcar o exame. Decidi que não valia a pena sentir-me triste, que acontece e que tenho de tratar de tudo e ficar boa quanto antes. Mas mesmo que eu me tentasse mentalizar repetidamente com este tipo de pensamentos, a data que queriam marcar para a consulta arrasou-me: 16 de Novembro! 'Novembro?' disse eu perante o ar impávido e sereno da recepcionista! 'Nem a meio de Setembro estamos e eu só vou poder fazer um exame daqui a 2 meses e meio, num hospital privado??' Os meus comentários devem ter sido de tal forma reactivos, que a rapariga achou por bem encaixar-me num 'extra', num dia em que aparentemente as marcações já estavam lotadas. Agradeci encarecidamente e até um pouco arrependida da minha atitude inconformada mas eficaz. De 16 de Novembro passei para 27 de Setembro, uma melhoria significativa, convenhamos.
Entretanto, o meu blogue sobre a Ictiose - que pouco vai sendo actualizado é certo - começou a dar os primeiros frutos. Recebi um mail de uma rapariga, que o viu e que decidiu entrar em contacto comigo. Trata-se da primeira pessoa portuguesa portadora da doença que me escreve. E o mais curioso de tudo, é que é de Oeiras, aqui tão pertinho. Tem 34 anos e possui Ictiose Lamelar, um tipo bem mais gravoso do que o meu. Apesar de ainda me sentir um pouco desconfortável a falar com alguém que me é perfeitamente desconhecido sobre algo que me é tão intímo, lá me fui libertando. É que não só me é estranho falar com ela sobre isto, como me é estranho falar sobre isto com alguém que também o tem e que fala a mesma língua que eu. Apesar de tudo não deixa de ser produtivo e benéfico, pois fiquei a saber que afinal existem mais 'ictiosos' portugueses do que alguma vez sonhei, pois ela conhece uns quantos. Não duvido que daqui a uns meses esteja a escrever um qualquer post sobre um hipotético encontro.
O 'Casinha' fez dois anos de vida ontem - dia 15 de Setembro - e ao contrário do ano passado eu nem assinalei a data... Sinceramente, em dois anos de existência deste blogue, ele mudou tanto quanto eu. Começou por ter uma finalidade: mostrar e vender as minhas criações e acabou por tornar-se uma espécie de diário virtual privado, onde me exponho demasiado. Tenho noção disso e confesso que só não o terminei de vez, quando estava decidida a fazê-lo, porque tenho um certo carinho por ele. Não me agrada que saibam tanto de mim, principalmente quando isso só serve para alimentar a curiosidade alheia de quem me conhece mas pouco me fala. Mas pronto, que se lixe.
A escrita é o meu alimento diário e o meu universo. Cada vez mais.
A casa da minha avó sempre foi o ponto de centralidade de toda a família. Desde que ela morreu, há onze anos, que continua ali, intacta mas frágil, como um marco de tempos idos, que nos habituámos a ter por perto. Antigamente, em Setembro – mês por excelência de encontro e reunião familiar – que a pequena casa onde a minha mãe nasceu e onde os seus cinco irmãos foram criados, se enchia de gente, filhos, netos, primos, genros, cunhados e cunhadas, tornando-se demasiado apertada e pequena para uma família demasiado grande.
Quando entramos, somos invadidos pelo cheiro a mofo, pelos tectos baixos, pelo quarto interior, sem luz e com o velho candeeiro a petróleo sob a mesa de cabeceira, pelo chão que range a cada passo, pelas fotos, muitas fotos, que permanecem nas mesmas prateleiras, pontos acumuladores de pó ancestral que deixam vislumbrar embaciadas imagens nossas, de infância vivida. Sempre gostei de entrar na casa da avó e ficar ali, a olhar para um enorme quadro de talha dourada cheio de fotos a preto e branco, onde via caras conhecidas, casamentos de tios que não presenciei, de bebés que já só conheci adultos. Depois perguntava: ‘Quem é este senhor mãe?’ ‘Era um tio de Sintra’, respondia-me ela, e eu ficava ali, a digerir a surpresa de tamanha novidade, incrédula por só agora saber que os laços familiares tinham chegado às imediações de Lisboa. Habituei-me desde muito nova a ter a presença da família mais directa e chegada por perto. Apesar de filha única, este convívio familiar foi importante para a minha formação. As minhas primas eram as minhas companheiras inseparáveis, talvez isso explique o facto de, hoje em dia, ser madrinha da filha de uma delas.
Quando éramos miúdas e em Domingo de festa, a avó sentáva-nos na mesa redonda da entrada para almoçarmos juntas o tradicional cozido à portuguesa e ali ficávamos, em grande algazarra, enquanto os adultos comiam na mesa rectangular da cozinha com o tampo forrado a plástico, onde se sentavam umas quinze pessoas. A casa era pequena, mas transbordava de amor. Não importava mais nada, havia calor, comida e alegria e isso enchia as nossas pequenas almas.
A avó era devota. Muito. Por isso, em dia de procissão e Domingo de missa, a toalha de crochêt branco e imaculado que se colocava sob o altar da igreja, era dela. Ainda hoje lá permanece como sinal da sua presença e dedicação. Depois seguia-se a procissão, onde na sala da eucaristia da igreja, nos vestíamos de branco com asas de anjo e nos sentíamos vaidosas pela indumentária. Ainda hoje gosto de rever as fotos desses tempos. Tenho uma favorita, aquela em que estamos as quatro primas, pequenas e vestidas de branco, encostadas a um velho Ford em frente à garagem da minha tia Madalena.
A porta da sua casa estava sempre aberta adornada pela velha árvore de flores lilazes que lhe embeleza o rosto e lhe dá um ar romântico. Não havia nada que despertasse o interesse alheio para roubar o que quer que seja. Era casa de gente pobre, cujos maiores tesouros eram as imagens de santos no quarto e o fio de ouro que lhe acompanhava o decote com a imagem de Jesus crucificado. A cortina branca esvoaçante, a chave do lado de fora, eram sinais de presença. Entráva-se por aí adentro e gritáva-se ‘ó da casa’, sem medos nem vergonhas, habituádos que estamos àquela sensação de pertença.
Em dias de festa como agora, em que a avó já lá não está, em que as primas estão crescidas, casadas, com filhos, em que os tios que nos habituámos a ter desde sempre se separaram, seguiram outras vidas, outros rumos, a porta da velhinha casa continua a estar aberta, com a mesma cortina branca esvoaçante, invocando os momentos de outros tempos.
A diferença é que já lá ninguém entra.
Foi um fds de convívio intenso. Começou logo na sexta-feira, com o R. e a H. a virem ter a nossa casa para um pequeno tête-a-tete, quando já passava da meia-noite, hora em que a H. saiu do trabalho. Apesar de tarde, não me importei. Tinha o dia seguinte para dormir e apetecia-me conviver, além disso, como estava em casa e não tinha de sair do ninho, melhor ainda. Decidida a receber bem os meus convivas, meti mãos à obra e preparei um bolinho de iogurte quentinho e delicioso, além de uma mousse de maracujá. A minha sogra enviou-me uma série de maracujás que eu decidi aproveitar para uma receita que saquei da net. Ficou deliciosa e ‘voou’ nessa mesma noite numa questão de horas! Tenho de repetir.
No sábado, acordámos tarde! Há já muito tempo que não dormia até à uma!! Foi um tirar a barriga de misérias! Depois, como o tempo estava bom e pedia praia, decidimos ir ter com amigos à Costa, os mesmos que tinham estado na nossa casa na noite anterior. O pior foi mesmo chegar lá! O trânsito infernal que se fazia sentir, fez-nos demorar duas horas para chegar à praia do Rei. Chateados e aborrecidos com a proeza caótica que foi chegar ao destino, gozámos a praia apenas por uma breve hora e meia. Às seis e meia tínhamos de regressar a Lisboa, porque tínhamos um jantar combinado em Caneças, em casa de outros amigos. Mais hora e meia dentro do carro para chegar a casa, tomar um duche rápido, mudar de roupa e em menos de meia hora, estávamos novamente de saída.
O jantar em casa da M. e do P. foi calmo e relaxado. Pude matar saudades da minha ‘Cabecinha’ e finalmente oferecer-lhe, as recordações que trouxe para ela de Amesterdão: uns bombons de café numa caixa vintage e um chá ‘Earl Grey holandês’, porque sei que ela gosta! Chegámos a casa passava da uma da manhã e ainda vegetámos um pouco a ver televisão. No Domingo, novo dia, nova manhã a dormir e ala para a praia assim que acordámos. Novamente para a praia do Rei, na Costa, com os amigos, mas desta vez fomos mais cedo que no dia anterior e não apanhámos trânsito. Estava bom tempo, mas havia uma brisa fria que no dia anterior não se fez notar. No bar Hula-Hula, havia churrasco gratuíto, à noite, como ‘fecho do Verão’ e ficámos todos para jantar. Só no nosso grupo, éramos cerca de 10 pessoas, todos esfomeados! Febras, entremeadas, salada, arroz, massa com frango, o repasto foi vasto, mas desapareceu numa questão de segundos. Regressámos a casa passavam das nove e meia da noite, de barriga e alma cheia. Pudemos assistir a um pôr-do-sol fantástico e o dia teve sabor a férias. Hoje não apetecia nada vir trabalhar, mas teve de ser. O trânsito em Lisboa ainda não está caótico, o que me faz suspeitar que continua a haver imensa gente de férias.
O C. também regressou hoje ao trabalho, apesar de continuar com o dedo ligado. A ferida está a cicatrizar bem, mas dá a sensação de que necessita de mais uns dias antes de se retirar os pontos. Hoje, aqui na agência, muita gente regressou de férias. Vêm todos bronzeados e bem dispostos. Dou-lhes dois dias antes de começarem a praguejar com tudo e com todos, até porque a semana vai ser de muito trabalho.
Eu ganhei uma ‘corzinha’, pouca, mas o suficiente para hoje me sentir com outro astral.
E assim começa a semana.