Vi-a ontem e achei-a genial. Se fosse editora, esta capa deixar-me-ia a rebentar de orgulho. Simples e impactante. O poder de uma imagem em toda a sua significância e alcance. Mas claro, polémica, ou não fosse esse o objectivo. A verdade é que o tema ao qual a mesma remete - a maternidade e o "ser mãe suficiente" (Are You Mom Enough?) - abarca por si só várias polémicas que tocam pontos sensíveis do universo femino e daquilo que se espera que uma mulher (e mãe), faça pelos seus filhos para ser considerada "boa" ou "má". O peso do estigma, a pressão social, a amamentação, a carreira, o tempo, as tarefas e todo o papel que é suposto desempenhar como se fosse o mais gratificante e satisfatório das suas vidas.
Sou mãe, sempre quis ser mãe, mas estava a anos luz, repito, anos luz de imaginar o quão difícil e por vezes ingrata a tarefa pode ser ou se tornar. E sim, há alturas em que acho que não sou mãe o suficiente, que sou egoísta, ou que devia de adbicar de mais coisas em detrimento dela, mas depois lá me dá um laivo de lucidez e deito tudo para trás das costas, faço orelhas moucas, não quero nem saber. Por muito que os outros me critiquem, por muito que me vejam como "menos" ou, lá está, "má mãe" - not mom enough.
Não me considero menos mãe por apenas ter amamentado perto de três meses, assim como não considero ninguém "mais mãe" por o fazer até as criancinhas terem a dentição completa e já andarem pelos seus próprios meios. Aliás, confesso que me faz muita aversão esses extremismos de "pró maternidade e amamentação", inchando o peito de orgulho por "o meu filho só bebe leitinho da maminha" e depois andarem a empaturrar-se de coisas que a pobre criança, se comesse sólidos, nunca lhe entrariam pela boca, mas que por "beber leitinho da maminha, que é tão bom e tão saudável", recebem em doses cavalares... já para não falar no tabaco, que muitas mães retomam após a gravidez e que por continuarem a amamentar, se calhar, na sua atitude altruísta de mãe extremosa, acabam por fazer mais mal que bem...
Mas pronto, quem sou eu para criticar, principalmente quando sou apologista do "do it your own way". Se para ti resulta, excelente, eu até posso experimentar, mas se não gosto, por favor, não me venham cá pregar sermões moralistas de que "assim é que é e deve ser feito".
Meus amigos, eu faço aquilo que acho melhor para mim. Nem sempre resulta, nem sempre as minhas decisões são as mais acertadas, como mãe então, não nasci, tornei-me mãe - também estou a aprender - e o sentimento de culpa ou de ficar aquém é quase inato na mulher. Somos inseguras por natureza - não digam que não - temos dúvidas, pensamos em muita coisas ao mesmo tempo, estamos sempre a ser julgadas, escrutinadas, esperam sempre de nós: que saibamos cozinhar, que sejamos boas donas de casa, boas mães, boas na cama, lindas e maravilhosas, exemplo imaculado de feminilidade e dotadas de qualidades apreciáveis que vão desde o tamanho do peito, à destreza e habilidade com que fazemos um souflé merengado.
E depois há o trabalho, a carreira, a nossa emancipação... onde também esperamos ser boas, claro está (e somos), mas que muitas vezes e por termos filhos, acabamos prejudicadas. Ao homem tudo é permitido. Quer ficar a fazer serão até tarde no trabalho, pois fica, a mulher está em casa a tratar dos filhos, a pôr roupa a lavar, a estender, a lavar loiça, a fazer o jantar, a apanhar mil e um bonecos espalhados pela sala, a dar uso à sua capacidade do cérebro de ser "multi-tasking", ou seja, tudo normal e como é esperado, mas que caso os papéis se invertessem não seria assim tão linear.
Ainda hoje a minha mãe me critica nas coisas mais rotineiras. Passo a vida a ser criticada. Ou porque fico até muito tarde no trabalho, ou porque passo pouco tempo com a minha filha, ou porque uso franja e ela acha que ficaria melhor sem ela, ou porque tenho atitudes e comportamentos que, na sua opinião, não são os esperados de uma mulher da minha idade, ou por isto ou por aquilo. Eu oiço-a e respiro fundo - porque há coisas em que me irrita profundamente e que considero injustas - mas depois penso que esta mulher, a minha própria mãe, viveu toda a sua vida em função de mim. Nunca pensou "numa carreira", nunca pensou nela. A prioridade sempre fui eu. E eu sou a única. A filha, o marido, (e agora a neta) são o seu mundo, sem eles está completamente perdida, à deriva.
E isto é ser mais mãe ou menos mulher?
2 comentários:
Mais Mulher (com maiúscula)!
O projecto de vida da tua mãe foi/é a família. Por isso ela continua "em cima" de ti e da tua filhota que és tu novamente em pequenina.
Por escolha ou força das circunstâncias é nisso que ela se foca...e no seu projecto quer o que todos querem - Um projecto com muito sucesso. ;)
Essa foto podia ter sido tirada cá em casa :)
A M mamou até aos 26 meses!!!
Mas não me sinto mais mãe por isso ou em relação à minha cunhada que tem uma bebé de dois meses que praticamente só lhe dá LA.
Beijinho
tb adorei a capa, está excelente!!
Concordo contigo "do it your own way", mas é mais forte que eu - 3 anos a mamar mete-me impressäo... acho esquisito e näo consigo ver as vantagens...
Mas cada um sabe de si...
Quanto à tua mäe - parabéns pela dedicacäo, super heroínas säo essas mulheres!! Mas lá que podia deixar de criticar a filha ai isso podia :)
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