Ontem deu uma reportagem no telejornal da noite, na Sic, sobre doenças raras. A reportagem focáva-se sobretudo na história de uma menina, a Leonor, que aos 2 anos de idade, não vê, não fala, não anda, não desenvolve qualquer tónus muscular, não consegue comer, nem deglutir, pesa 6,5 kgs, mal respira e não se sabe que doença tem.
A falar de todas as limitações que aquela criança de dois anos enfrenta e de como esta está dependente dos outros para tudo - e entenda-se tudo, como TUDO o que possamos imaginar - estava aquela mãe. Uma mãe que aprendeu a aceitar, quase já resignada, a condição humana de uma filha sem futuro. Um mãe envelhecida pelos anos e pelo desgaste emocional, uma mãe sacrificada, sozinha, com um filho mais velho que requer igualmente a sua atenção e outro na barriga, a caminho e do qual se esquece. Mas o que mais me impressionou nesta mãe coragem, chamemos-lhe assim, foi a consciência de tudo o que a espera face aquela filha - Leonor Mel, de cabelos castanho doce como o nome que lhe serve de apelido - e de todas as limitações, de todo o sistema, de como é brutal lidar com algo assim. Uma mãe que falou da doença da filha sem nunca derramar uma lágrima quando eu já não conseguia segurar as minhas, uma mãe que deu um exemplo a todas nós, mães e mulheres, que nos queixamos dos pequenos nadas da vida, de como somos umas felizardas ingratas.
Aquela reportagem atingiu-me como uma chapada bem forte e fez-me ter vontade de ter a minha filha ao pé de mim. E agradecer, caramba, agradecer MESMO a sorte que tive e que tenho e que na maior parte das vezes me esqueço.
1 comentário:
Está já disponivel o NIB da menina Leonor no facebook do programa Boa Tarde da SIC
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