Depois dos últimos dias - e de todas as medidas de austeridade anunciadas - o futuro parece uma grande e densa névoa, muito escura e cinzenta, onde nos vamos enfiar e que não desaparece.
Quando regressei a Portugal, vinda de Madrid, em 2003, nunca mais pensei ou considerei a hipótese de voltar a emigrar e desde que a M. nasceu, em 2008, numa altura em que já se advinhava a crise no horizonte e em que eu própria me encontrava desempregada, a ideia continuava a soar-me estapafúrdia e descabida. Privar a minha filha da família, dos avós, dos amigos, para quê, se ela aqui tem tudo? (ou quase tudo)
E depois veio a grande crise e com ela também o meu divórcio. Se já é difícil para um casal com filhos, divorciados então é ainda pior, e a minha situação financeira sofreu uma remodelação profunda, motivo pelo qual a opção "emigração" voltou a ser uma possibilidade. Não é que ande desesperadamente à procura de trabalho lá fora, mas se aparecer, porque não? É que sinceramente, preferia mil vezes que ela crescesse num país que mais tarde acreditasse nela e nas suas capacidades, naquilo que ela tem para dar, lhe incutisse esperança no futuro e lhe (nos) providenciasse qualidade de vida, do que neste belo canto à beira mar plantado mas sem nenhum final feliz à nossa espera, onde trabalhamos que nem mouros, ganhamos pouco e mal e ainda nos roubam as poucas "regalias" que um estado social de direito, supostamente, nos deveria garantir.
E não ter esperança no futuro nem no país onde vivemos, é triste, muito triste.
2 comentários:
é uma situação complicada, mas pela Madalena, vai Mafalda... é cm dizes ela merece um país que no futuro acredite nela e lhe dê a possibilidade de ter trabalho e qualidade de vida! *
Muito, muito medo pelo futuro da minha filha, de todos as crianças. O que será desta geração sem emprego, sem reformas, sem qualquer vislumbre de oportunidade?
Se tens essa possibilidade, não hesites!
Bj
Maria
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