Ando às turras com o meu ex-marido por causa da decisão de retirada da M. da escola actual, um colégio particular, para a colocar numa escola pública. O que me chateia não é o facto de ela sair de um colégio particular para uma escola pública, até porque não faço assim tanta questão que ela continue naquele colégio. O que me chateia a sério é o pai apenas ter comunicado essa decisão em finais de Maio, quando a maior parte das escolas públicas está a terminar o seu prazo de candidaturas e matrículas, sem termos visto nenhuma escola durante todos estes meses e quando eu já comuniquei no colégio que ela seguia para o primeiro ciclo.
Para além disso, as escolas públicas da minha área de residência são todas bastante mázinhas, com condições e instalações que me deixam com o coração apertado e que não me convencem em termos de segurança, disciplina, educação, actividades e condições. Tenho ainda o problema de que não tenho um trabalho das 9 às 5, geralmente saio bastante tarde e não consigo ir buscá-la cedo nem tenho ninguém que o possa fazer por mim (ou budget para pagar a quem o faça). Com a transição para uma escola pública e um horário a terminar perto das 16h00 ou 17h00, tenho ainda a questão de ter de arranjar actividades extra-curriculares, de preferência na própria escola, que garantam que ela fica ocupada até à hora em que eu terei disponibilidade para a ir buscar. Ainda há a questão de que a escola pública, ao contrário de um colégio particular, tem uma data para começar o ano lectivo, o que significa que após o final de Agosto - altura em que termino as férias - ela ainda ficará cerca de duas a três semanas sem escola e se no colégio eu podia colocá-la lá mesmo antes do ano lectivo arrancar "à séria" e ficar descansada porque têm as portas abertas, numa escola pública isso já não acontece...
Enfim, têm sido muitas as preocupações que me têm ocupado a cabeça nas últimas semanas ao ponto de andar com o couro cabeludo a escamar. (Sempre que tenho episódios de stress acontece-me isto).
Ela ainda nem sonha que vai mudar de escola, confesso que como ainda está tudo tão no "ar", com tantas incertezas em relação à decisão, ainda não tive coragem de lhe dizer e, apesar de saber que a maior parte das crianças que constituem a turma dela vão sair para outros colégios, custa-me que a aquela que foi a sua casa nos últimos 3 anos, onde já conhece as educadoras, assistentes e até, aquela que seria a sua professora no primeiro ciclo desde que tem 3 anos, deixe de o ser.
Tenho medo que regrida na educação, que não goste da escola e de estudar, que passe por complicações, assusta-me a ideia de não ter um feedback tão directo da parte da escola ou que aquela cabeça no ar - que é a minha filha - simplesmente sofra com o assunto.
Bem sei que os miúdos se adaptam e que todas as mudanças nos deixam assustados. Acima de tudo sei que não a posso proteger sempre da maneira que muitas vezes gostaria e que isso não é o fim do mundo, mas todas estas questões deixam-me ansiosa e com muito medo do futuro.
Sempre frequentei escolas públicas em toda a minha vida, da primária - agora tão pomposamente chamado de 1º ciclo - à universidade. Sempre achei que existem excelentes professores no ensino público - eu tive a sorte de ter vários - que eram realmente interessados, que gostavam do que faziam, que se preocupavam com os miúdos, que puxavam por nós, que fizeram a diferença no meu gosto pelos estudos, mas também sei que muito mudou nestes últimos 35 anos e agora, apesar de ter noção de que continuam a existir excelentes profissionais no ensino público, tenho dúvidas se os níveis de qualidade, rendimento, aproveitamento escolar e motivação ainda se prezam pelos mesmos valores e se a minha filha terá a sorte de encontrar alguns no seu percurso.
E também, porque considero que as bases que ela vai ter a partir de Setembro serão fundamentais para o seu futuro e percurso escolar.
Tudo isto me assusta e me deixa apreensiva e me faz desejar que o mês de Setembro tarde em chegar.
(e que o dia 15 de Junho não seja já na próxima semana)
4 comentários:
oi Mafalda. Como eu entendo as tuas angústias. As minhas prenden-se com o facto da minha pequenina também ser uma cabeça no ar.... elas têm pouco tempo de diferença, certo? a minha é de 26 de setembro.
sabes o que era bom para nós as duas? era não permitirem que os condicionais entrassem... assim adiávamos o problema por mais um ano e não nos sentiriamos culpadas por não as colocarmos no 1º ciclo. :)
bjs grandes
Que stress! boa sorte! mas de onde é que o Ex tirou essa ideia!?!?
Que stress! boa sorte! mas de onde é que o Ex tirou essa ideia!?!?
Vais surpreender-te pela positiva, miúda. Também fiquei com o coração nas mãos quando pus o meu na pública e agora vejo que ele tem a melhor educação que o dinheiro pode comprar, por vários motivos diferentes, sendo que a maior delas é ter acesso à verdadeira noção de que somos todos iguais - numa escola pública, não é apenas uma teoria como é nos colégios, em que todos somos iguais, sim, desde que tenhamos 400 euros para a mensalidade.(Já agora: não é por motivos financeiros que o meu está na pública, ao contrário do que se possa pensar.)
Sobre a comunicação: no caso da minha escola, tenho total acesso à professora e às auxiliares, estou sempre por dentro de tudo que acontece ao Gabriel. A reunião de avaliação é individual. Tudo direitinho. E é uma escola de subúrbio, como tantas outras. Claro que nem tudo são flores, mas nós reparamos mais do que eles naquilo que falha: poucas casas de banho, por exemplo. Ou auxiliares que trocam de escola a meio do ano. Regra geral, stressamo-nos nós mais do que eles.
(Mas sim, há os stresses dos ATL... Estou a passar por eles neste momento).
Por fim: não noto nenhuma diferença entre o Gabriel e os amigos da mesma idade que estão em colégios. São iguaizinhos.
E mais podia dizer, mas fico-me por aqui. :) Boa sorte!
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