A minha pequena cria, chegada aos
seis anos, anda naquela fase de pedir um irmão. Tem sido um tema recorrente
desde há vários meses. Como ainda não viu a vontade ser-lhe feita, decidiu que
vai escrever ao Pai Natal a pedir um e conta a sua ideia a toda a gente. Nós achamos-lhe
graça e até já a incentivámos a fazê-lo, quando montarmos a árvore de Natal,
ajudamo-la a escrever a carta ao Pai Natal.
Ontem, quando fui buscá-la à
escola e depois de ter passado o fim-de-semana com o pai, vínhamos no carro
para casa e eis que quando a conversa derrapou para o tema Natal (porque lhe
disse que no próximo fim-de-semana fazíamos a árvore), ela comunica-me que ‘afinal já não vou pedir um irmão ao Pai
Natal’. Perante o meu ar de espanto pergunto-lhe o porquê e ela volta a
dizer que não, que vai pedir outra coisa.
Ora, sabendo eu que aquele
comentário não vinha do nada decidi ‘esgravatar’ mais fundo a questão e, tal
como suspeitava, percebi que lhe tinham feito a cabeça no fim-de-semana de
forma a que pensasse que um irmão não era algo assim tão bom como ela
imaginava, mas antes um ser que lhe ia destruir os brinquedos ou roubar-lhe o
amor da mãe.
Fiquei piursa. Como é que podem
meter estas ideias na cabeça de uma criança inocente de 6 anos, fazendo-lhe uma
lavagem cerebral de forma a que pense que ter um irmão é algo mau, alimentando o
egoísmo e tentando manipulá-la de forma tão baixa e mesquinha?
Respirei fundo umas quantas vezes
e decidi falar com ela com toda a calma do mundo. Disse-lhe que a mãe é filha
única e que sempre desejei muito ter um irmão mas nunca tive. Que um irmão é um
companheiro para a vida, alguém que estará sempre do nosso lado, com quem
partilhamos as nossas coisas, com quem rimos, choramos e com quem às vezes
também nos chateamos, tal como acontece quando ela se chateia com as amigas e
que depois rapidamente voltam a fazer as pazes. Disse-lhe para ela perguntar a
essas mesmas amigas da escola, que têm irmãos, se não gostam deles (eu sei que
ela é das poucas que é filha única, todos têm irmãos) e se preferiam não ter
irmãos para que os mesmos não brincassem com os seus brinquedos… por fim
terminei com a explicação de que o facto de se ter irmão não significa que a mãe
ou o pai gostem menos dela (acho que este é o seu maior medo) ou que lhe vão
dar menos atenção, que o amor multiplica-se e é infinito, não diminui.
De repente, ela vira-se para mim,
com os olhos cheios de lágrimas e diz: ‘mãe para, não digas essas coisas que me
fazes chorar.’
À noite, já depois de tudo isto,
mais calma e já no seu estado normal de alegria, voltou a dizer que ia pedir um
irmão ao Pai Natal.
Missão cumprida.
1 comentário:
É tão fofinha, vê-se que se comove e emociona com várias coisinhas :) <3
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