Ela olhou-o demoradamente, como se naqueles segundos revivesse todas as recordações de ambos. Fixou-o. Naquele olhar via-se a si própria, sozinha, angustiada. Continha nos olhos o segredo que trazia no peito, a imensidão daquela incerteza, mas conteve-se. Não queria nem pensar nela. Bastava sabê-la ali, comprimida e apertada para senti-la. A dor. A dor de saber, ao fim de todos aqueles anos, que tudo aquilo que tinha desejado, que tantas vezes idealizou, estava ali diante dela, motivo do seu sofrimento.
Num olhar, apenas num olhar, conseguia ver claramente todos os motivos, todas as ansiedades, todos os sofrimentos, todos os sonhos. Desfeitos, quebrados, partidos, arrumados e encaixotados em pequenos compartimentos do seu coração. Devidamente etiquetados, catalogados. Sempre que necessitava encarregava-se de abrir a caixa e deixá-los voar livremente pela sua mente, assombrando-a. Como agora.
Valeria a pena? Ela não sabia, mas achava que assim. Deixando-os correr livremente, sabendo-os ali, presentes e despertos, seria mais fácil lidar com eles. Era como se fossem família. Já os conhecia. Não a assustavam. Assim próximos e a sentir-lhes quase o gosto, fariam com que um dia mais tarde, caso algum desses sentimentos se tornasse real, ela já soubesse qual é a sua melodia.
E assim, num olhar, enquanto o olhava, enquanto pensava em tudo o que já tinham feitos juntos, em tudo aquilo em que ele se transformara, em que ela se transformara, em tudo aquilo que ainda lhes faltava viver e que ela não sabia se ainda teriam tempo para isso, em tudo, e apenas num simples olhar, ela revia todos esses sentimentos guardados no seu coração, sentindo o sabor agridoce de cada um. E o coração apertava contra o peito, comprimindo-se e expandindo-se, como se aquele lugar fosse demasiado pequeno e demasiado apertado para estar ali, fechado, prestes a explodir. E ela fechava os olhos, baixava a cabeça e voltava a guardar o sentimento dentro da caixa etiquetada que existia algures no seu coração.
Num olhar, apenas num olhar, conseguia ver claramente todos os motivos, todas as ansiedades, todos os sofrimentos, todos os sonhos. Desfeitos, quebrados, partidos, arrumados e encaixotados em pequenos compartimentos do seu coração. Devidamente etiquetados, catalogados. Sempre que necessitava encarregava-se de abrir a caixa e deixá-los voar livremente pela sua mente, assombrando-a. Como agora.
Valeria a pena? Ela não sabia, mas achava que assim. Deixando-os correr livremente, sabendo-os ali, presentes e despertos, seria mais fácil lidar com eles. Era como se fossem família. Já os conhecia. Não a assustavam. Assim próximos e a sentir-lhes quase o gosto, fariam com que um dia mais tarde, caso algum desses sentimentos se tornasse real, ela já soubesse qual é a sua melodia.
E assim, num olhar, enquanto o olhava, enquanto pensava em tudo o que já tinham feitos juntos, em tudo aquilo em que ele se transformara, em que ela se transformara, em tudo aquilo que ainda lhes faltava viver e que ela não sabia se ainda teriam tempo para isso, em tudo, e apenas num simples olhar, ela revia todos esses sentimentos guardados no seu coração, sentindo o sabor agridoce de cada um. E o coração apertava contra o peito, comprimindo-se e expandindo-se, como se aquele lugar fosse demasiado pequeno e demasiado apertado para estar ali, fechado, prestes a explodir. E ela fechava os olhos, baixava a cabeça e voltava a guardar o sentimento dentro da caixa etiquetada que existia algures no seu coração.
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