Ontem combinámos encontrar-nos ao final do dia para matar saudades. De vez em quando fazemos isso. Actualmente cada vez menos, é certo, porque temos horários distintos, porque uns saem tarde do trabalho, porque outros são freelancers e não têm tempo… mas o local onde o fazemos é o mesmo desde há anos – há onze para ser mais precisa – por isso, basta mandar um sms a dizer: ‘encontro às sete no sítio do costume’, que todos sabem onde ir ter. Fui das primeiras a chegar, aos poucos o grupo foi-se compondo. Como o nosso local de culto é o bar irlandês O´Gillins na rua dos Remolares do Cais do Sodré, é normal de vez em quando, estar cheio de ingleses barulhentos. Ontem, dia de jogo decisivo de apuramento da Inglaterra, estava a abarrotar e para falar tínhamos de estar aos gritos. Desistimos ao fim de hora e meia. Ainda deu tempo para beber um chá de limão e comer uma das deliciosas sandes de atum, mas achámos melhor ir para um sítio mais sossegado. A L. sugeriu irmos até à sua casa nova jantar e nós gostámos da ideia. Quando saímos do bar chovia a potes. Eu que tenho andado adoentada, com gripe e com dores de garganta, era o cenário perfeito para ficar ainda pior. Uma corrida rápida até ao carro e toca de ir até à Penha de França a guiar devagarinho e debaixo de chuva forte. Chegámos todos ao mesmo tempo e assentámos arraiais na sala, ainda semi-nua e cheia de caixotes por todo o lado, a ver o triste resultado do jogo de Portugal. Entretanto improvisámos o jantar com aquilo que havia na cozinha – carne assada e ovos – fizemos arroz branco, uma salada e ainda terminámos com café e bolinhos de manteiga, os cinco, numa mesa para quatro, sentados em caixotes de papelão e cadeiras de plástico do Ikea. Voltámos a ver fotografias de há dez anos atrás. Eu extremamente magra, na praia de Porto Côvo, com um lenço azul escuro na cabeça e um pareo a condizer (já muito coquete e muito fashion victim para a altura), ou a R., com o seu corte de cabelo à Rosa Mota (onde é que ela estava com a cabeça para fazer aquilo?), comigo, dentro da tenda do parque de campismo também de Porto Côvo. A H., na Expo 98, muito mais gorda (aliás, foi a única que emagreceu com a idade), que ontem, ao ver-se naquelas imagens quase que ficava incrédula perante a sua figura e o seu cabelo muito afro, muito volumoso! O R. mais gordo, de pele muito branca, dentro da cachoeira de água natural em Alpalhão, ou eu e a L., em Serra Nevada, onde vi neve pela primeira vez na vida e onde tirámos fotos tal e qual um casal de apaixonados em lua de mel.
Lemos ainda postais que costumávamos escrever quando alguém fazia anos – hábito que infelizmente perdemos. Rimos às gargalhadas com aquilo que dissemos. Rimos, rimos e rimos. Hábito saudável que se deve fazer sempre, principalmente quando estamos com as pessoas que gostamos e com as quais temos tanta história em conjunto para partilhar. E se ontem andei muito revoltada, muito amarga, muito caústica durante o meu dia, à noite relaxei e senti-me leve, bem, feliz.
Precisava de sentir-me assim mais vezes.
PS – É impressão minha ou os meus posts andam a tornar-se lamechas e saudodistas?
Lemos ainda postais que costumávamos escrever quando alguém fazia anos – hábito que infelizmente perdemos. Rimos às gargalhadas com aquilo que dissemos. Rimos, rimos e rimos. Hábito saudável que se deve fazer sempre, principalmente quando estamos com as pessoas que gostamos e com as quais temos tanta história em conjunto para partilhar. E se ontem andei muito revoltada, muito amarga, muito caústica durante o meu dia, à noite relaxei e senti-me leve, bem, feliz.
Precisava de sentir-me assim mais vezes.
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