quarta-feira, julho 07, 2010

Dor

Tenho pensado muito nas pessoas que passaram e andam pela minha vida. Falo de amizades, sim, mais uma vez. Isto tudo porque ando a sentir-me sozinha e meio vazia.
Posso ter o meu marido e a minha filha - e eles são tudo para mim - mas também sinto muita falta de ter amigos por perto, de sentir que, de uma forma ou de outra, sou importante para eles, que lhes faço falta. E, neste momento, não tenho ninguém. Sinto falta de tudo e de todos, sinto que não sou verdadeiramente importante para ninguém e questiono-me, muito, se o erro é meu, se tenho as atitudes certas, se sou demasiado intransigente ou egoísta - onde a única prejudicada sou apenas eu - se sei manter uma amizade.
Não sei onde errei, ou o que aconteceu, mas nunca me senti tão só de pessoas, de amigos. Na realidade, os dedos de uma mão chegam para contar o número dos que, de momento, se consideram MESMO amigos e com os quais posso contar. Sejam amizades recentes, antigas ou casuais, o sentimento generalizado que tenho é dúbio: ou não sei ser amiga, ou não me sei dar aos outros.
Durante anos tive amigos que julguei serem verdadeiros amigos e hoje, vejo fotos deles todos juntos e eu não estou, ninguém me disse, ninguém me contou... e sinto uma tristeza tão grande cá dentro, mesmo daquelas de provocar dores fininhas que nos corroem e minam a alma de ciúmes que prefiro não ver, não saber.
Posso até ter 'amigos' novos, mas questiono-me muitas vezes se essas novas pessoas, - que passam pela minha vida - poderão ser consideradas de 'amigas', ou se é, apenas e só, o meu desejo de sentir que pertenço a algo, - nem que seja pouco palpável, irreal e mais inseguro que um baralho de cartas suspenso - a falar.
Sinto-me só, muito só e dói.

8 comentários:

Maffa disse...

ohhhh!! nem imagino que sentes isso quando sempre que pöes uma mensagem de status na net tens dezenas de comentários... Mas claro... às vezes essas coisas näo querem dizer nada.
Eu sinceramente acho que é um sintoma de vida adulta. Näo há tempo para dedicar às amizades e elas cada vez se desvanecendo mais.
Neste momento a família tira-nos todo o tempo, e näo nos conseguimos desdobrar em muito mais... é inevitável.
Eu sou emigrada por isso basicamente perdi os amigos à forca, e aqui tenho 2 c quem posso contar. 2!! e depois tenho mais uma ou duas da vida com quem falo ao telefone mas... nunca acontece mais do que 1 vez por mês... o que é pouquíssimo. Encaro com naturalidade, e se queres que te diga... ás vezes queixo-me de ter que ouvir os problemas destas minhas 2 unicas amigas again again e again... fico sem energia porque o trabalho e o baby consomem-me.

Mas sim, mulher, vai à luta... escolhe a tua amigas/os favoritas/os e combina coisas com elas/es... caramba... näo podes deixar-te sentir assim sozinha, esses teus amigos näo iam gostar de tu näo lhes dizeres que precisas mais deles!!

Mafalda disse...

Mafalda, o facto de ter muitos comments num blogue ou no facebook não significa nada. Essas pessoas não são 'amigas' de 'A' grande, pelo menos a maior parte não o é. Gostam de comentar, de saber, de ler as parvoeiras alheias, mas não estão cá nos momentos difíceis, ou nas alturas em que realmente precisamos delas, não se disponibilizam, nem desabafo com as mesmas, logo, são 'amigos' ou conhecidos, de circunstância e eu refiro-me à falta das amizades para valer, daquelas que sabemos que somos mesmo queridas e amadas e isso, eu sinto que perdi.
Também sinto que deposito demasiado de mim nos outros, sou extremamente leal quando gosto e confio, mas depois apanho grandes desilusões. Talvez os outros nem se apercebam da falta que me fazem, é certo, porque não o digo, porque fico magoada e sou orgulhosa, mas nunca me senti tão sozinha e custa-me muito aceitar isso apesar de aprender dia-a-dia a viver dessa forma da melhor maneira.
E depois há casos como o teu, onde nem sequer te conheço pessoalmente e já me ajudaste mais do que muita gente que sempre foi amiga e que agora nem um mísero telefonema se digna a fazer.
É assim, a vida traz e leva e há que aprender a ser adulto e a viver com estas novas 'fases', mas como não estamos habituados, deve ser por isso que custa tanto ;)
Beijo grande (mandei-te um mail, viste? sobre a tua vinda a portugal! de 31 de Julho a 8 de Agosto estou cá, por isso, toca a combinar com os babes para nos vermos!!)

parece impossivel! disse...

Parece que venho ao blog sempre em dias criticos lol!

Posso ser franca, honesta, directa, horrivel? Posso? Então cá vai...

Sim, depende SÓ de nós termos os tais amigos. Por isso, se te sentes assim, o problema está em ti. Todos temos as nossas vidas mais ou menos cheias, com mais ou menos problemas, mais ou menos distantes, mas esses amigos levantam-se às 4h da manhã para ir ter com alguém, não olham a meios e levam colocam os filhos às cavalitas se preciso for para ir ter com alguém. Não se trata de deixarmos para trás a nossa vida, nem tão pouco de nos sentirmos abusados por alguém que só nos procura nos momentos dificeis. Há pessoas que nos merecem tudo e isso só depende de nós. Porque os outros que não merecem a gente tende a exclui-los de uma forma natural.
Eu tenho destes amigos e dos outros, e dos outros, mas já me dei conta no passado que quando me sentia mais sózinha era porque eu própria me estava a dar pouco. E só recebe quem dá...agora resta saber a quem se deve dar.

Não levaste a mal este comentário pois não? não foi um ataque pessoal, até porque nem te conheço, é a minha opinião acerca do assunto e generalizando e fazendo ainda uma pequena introspecção a mim própria. É o que sinto.

Beijocaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Mafalda disse...

Mariana, dias críticos todos temos e eu não sou daquelas pessoas que tenho um blogue só para falar das alegrias da vida. Tenho-o para falar daquilo que, naquele momento em que me sento aqui em frente ao computador e me apetece escrever, o faço. Sejam as coisas que escrevo alegres ou não. Não tenho dias sempre maravilhosos, nem tenho dias sempre maus. Acontece é que me apetece escrever cada vez menos sobre o que quer que seja, mesmo tendo o blogue privatizado, porque depois há comentários como o teu, por exemplo, que acham que sabem ao que me refiro quando não sabem, nem imaginam e não é por lerem parte do meu dia-a-dia aqui ou noutro sítio qualquer que sabem ou julgam saber, mesmo sendo eu própria bastante transparente naquilo que aqui deposito.
É verdade que muita desta fase com que agora me deparo tem também a ver com a minha visão pessoal dos outros e a forma como eu própria me dou aos mesmos, no entanto, apesar de em parte teres razão, há coisas que desconheces e que magoam e que não dependem única e exclusivamente de mim ou da forma como me dou aos demais. Também não estou para, aos trinta e tal anos de idade de andar a bater em água mole à espera que fure. Há pessoas que conheço há anos que se afastaram apenas 'porque sim', porque tive uma filha ou porque mudei de cidade, pessoas essas que conheço há anos e anos e que nunca pensei estar tão desligada e afastada das mesmas como me encontro agora e é por isso que dói, porque mesmo que eu entenda e aceite, me custa e acho que tenho todo o direito em sentir as coisas como tais.
Apenas acho curioso é vires ao blogue, fazeres grandes dissertações sobre temas que aqui escrevo e ainda dizeres que 'não me conheces'... ninguém diria, principalmente para quem tem acesso a um blogue que só meia dúzia de pessoas lêem, ou depois de termos estado uma série de vezes juntas, ou até, depois mesmo de ter conhecido a tua irmã...
Diria que me conheces melhor a mim que eu a ti. Não achas?

Maffa disse...

Sabes uma coisa que eu pensei nos últimos tempos? Porque é que as meninas do Sex and the city conseguem manter a sua amizade intocável apesar de umas terem filhos e outras näo terem? Eu acho que é pq tanto a Carrie e a Samantha decidiram que näo querem ter filhos e vivem bem com isso. Juro-te. Bem sei que aquilo é ficcäo... claro.
É esquisito mas é verdade e digo-te com a maior das sinceridades, porque sei que tu näo me vais achar convencida ou armadona...
A maioria das amizades que completamente se desvaneceram depois de ter o Martin sentem que "eu tenho uma coisa que elas näo têm...". A sério, e elas se quisessem podiam ter filhos, näo acho que seja algo dramático de näo poderem ter filhos, simplesmesnte ainda näo tiveram a coragem de dar esse paco, porque gostam demasiado da sua vidinha e väo adiando adiando.
Entäo sinto que näo perguntam nada sobre ele, näo perguntam nada de como é que é, continuam a queixar-se que estäo cansadíssimas porque foram passar um fds fora... Quando nos encontramos matem-se uma certa artificialidade de - "vamos fingir que somos todas iguais e que nada mudou".
Pode ser que seja isso que se passou com as tuas amigas q se afastaram de ti. É que as pessoas odeiam o sucesso dos outros. Tu tens uma filha, continuas gira, interessante bem vestida, e isso é demais para certas mentes pequeninas.

Mafalda disse...

Mafalda, acertaste na mouche!! é que não podias ter colocado melhor o dedo na ferida! eu sei que muito do afastamento dos meus 'supostos' amigos se deve, unica e exclusivamente a isso mesmo que inumeras, ao facto de eu ter uma filha e estar casada e de muitos deles nem uma relação fixa conseguem ter aos trinta e poucos (ou deverei dizer 'muitos') anos, ao facto de algumas já estarem divorciadas, ao facto de outros terem tentado engravidar sem sucesso, e a tantas outras coisas. Pura e simplesmente decidem afastar-se porque, estar comigo, ou connosco, é, de certa forma, ficarem confrontados com uma série de coisas que gostariam de ter e não têm, ou de estar diante das suas fraquezas.
Eu não me julgo superior a ninguém por ter o estilo de vida que tenho ou aquilo que posso fazer, ter ou conseguido. É natural que a vida mude e que as pessoas tenham menos tempo uns para os outros, mas confesso que me deixa chocada certas atitudes, certo desprezo e, acima de tudo, uma certa displicência de pessoas que, sempre me habituei a contar e com as quais partilhei tanta coisa que agora, pura e simplesmente ignoram que existo só porque estamos 'em diferente campeonatos' da vida...
Mas também sei que, um dia, quando todas elas (e eles) estiverem na 'mesma equipa onde hoje me encontro', depois, nessa altura, saberão me vir bater à porta... nem que seja para pedirem coisas emprestadas... e eu cá estarei para me rir ou dar um chapada de luva branca, consoante me apeteça na altura, ou para o lado em que eu esteja virada.

Maffa disse...

Fiquei mesmo contente de ver que tinha "acertado"!! :)
é que näo tinha falado com ninguém sobre esta minha "teoria".
O ser humano é mesmo todo igual...
vivam os nossos babys!! Apesar de todas as contrieridades estou cada vez mais feliz de ter o meu martinico comigo.
mil beijocas

parece impossivel! disse...

Bem, fiquei em choque ao ler o comentário que deixaste ao meu próprio comentário. Não tive e não tenho pretensões de saber do que falas. Apenas colocaste uma questão e eu comentei em voz alta. É o que eu penso para mim própria e dissertei, apenas isso. Agora, se me expliquei mal, então peço desculpas. Longe de mim ofender-te, sabes bem que simpatizo contigo. Como tal, e como "não te conheço" (sim, não te conheço, daí não poder saber ao que te referes quando escreves posts destes, por isso faço referência a este não conhecimento...se conhecesse teria ligado, pegado no telefone e ligado) deixo o meu pedido de desculpas.
Quando referi "só venho aqui em alturas criticas" não sugeri sequer que só falasses de coisas más. E se tu me conheces, sabes com certeza que eu sei que a vida é fodida.
E para terminar, estou-me nas tintas para os temas escolhidos nos posts. Venho aqui porque gosto de ti e tenho curiosidade em saber como estás, e se comento é porque acho (mal pelos vistos) que posso dar um ligeiro contributo, de outra forma não digo nada. E por último, se há uma coisa boa que eu tenho é esta: não julgo ninguém e deixo as pessoas viver. Por isso não me acho merecedora da tua resposta.