Ontem, quando cheguei a casa depois do trabalho não tinha vontade de fazer nadinha, muito menos jantar. Saí tarde - já passava das oito da noite - não tinha deixado nada descongelado e sentia-me desmotivada. Mesmo assim decidi remexer no congelador à procura de alguma coisa que me despertasse o interesse. Se por um lado não me apetecia fazer nada, por outro apetecia-me fazer qualquer coisa de diferente - em parte inspirada pelo programa do Jamie Oliver "30 Minute Meals" que vejo todos os dias na Sic Mulher - e deixar que a má energia do dia fosse queimada toda ali, numa espécie de catarse libertadora.
Encontrei duas postas de bacalhau e comecei a pensar no que podia fazer com elas. Estavam congeladas, por isso teria de ser algo relativamente rápido que permitisse fazer o jantar em menos de uma hora. Pratos como bacalhau com natas, espiritual e coisas que tais estavam fora de questão, demoram, dão imenso trabalho e levam tempo. Tinha de ser algo prático, saboroso e com um certo "requinte" - bacalhau cozido também estava automaticamente excluído e bacalhau à brás comi há pouco tempo.
Foi aí que me lembrei do bacalhau à lagareiro com batatinhas a murro e cebolinhas assadas. Tinha isso tudo, portanto, mãos à obra. Escolhi as batatinhas, lavei-as bem, coloquei-as num tabuleiro com sal e ala para o forno. O mesmo aconteceu com as cebolinhas, que descasquei e coloquei dentro de folha de alumínio fechando-a como se fosse um saco. Para as temperar coloquei sal e um bocadinho de vinho do Porto (fica delicioso, garanto-vos) e foram para o forno juntamente com as batatas enquanto as duas postas de bacalhau descongelavam no microondas. As cebolinhas feitas desta maneira ficam fofas, com uma ligeira cor rosada e de sabor adoçicado por causa do vinho. E o cheirinho por toda a cozinha? Uma perdição! Portanto, primeira parte do jantar, on wheels!
Para evitar colocar o bacalhau a assar no forno, que demora uma eternidade, decidi dar-lhe uma "entaladela" na frigideira. Coloquei azeite, descasquei vários alhos e laminei-os. Quando as postas do bacalhau ficaram descongeladas, dei-lhes uma fritada em lume brando para ganharem cor. Temperei com sal, pimenta e alho em pó. Quando ficaram prontas, coloquei-as num pequeno tabuleiro e foi tudo para o forno, juntamente com as batatas e as cebolas. Entretanto, num tachinho pequeno, cozi umas cenourinhas daquelas pequeninas e congeladas da marca Continente, abri uma garrafa de vinho Monte Velho - para meu deleite - que despejei praticamente toda e pûs a tocar um cd da Sade.
No final, o meu jantar de bacalhau à lagareiro realizado à la minute e de forma completamente inesperada estava MA-RA-VI-LHO-SO, digno de um verdadeiro chef e ao fim de 4 copos de vinho(ou terão sido 5?), eu estava com uma valente tosga.
Mas feliz.
É o chamado dar de beber (e comer) à dor que a Amália tão bem cantava.
É o chamado dar de beber (e comer) à dor que a Amália tão bem cantava.
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