Se há algo que irei ensinar à
minha filha, ou pelo menos tentar fazer por isso, é que a mesma cresça com a
certeza de que a sua condição de mulher não deverá ser uma condicionante na sua
vida e que a independência económica e financeira é um bem maior, que nos
permite a liberdade de escolha. E não há nada maior e mais saboroso de alcançar
do que as nossas próprias liberdades. As liberdades conquistadas, suadas e
esforçadas, mas que nos fazem sentir umas guerreiras. Quero ensinar-lhe que ganhar
o nosso dinheiro, pelo esforço do nosso trabalho, permite-nos tomar decisões
sem depender de terceiros, sejam esses terceiros a família directa, como pai e
mãe, ou um marido ou namorado. Que uma mulher pode e deve tomar as suas
próprias decisões, sejam elas a vontade ou não de ter filhos, quando os ter, ou
se quer continuar numa relação onde não é feliz apenas porque não possui
autonomia financeira para se libertar da mesma.
Acredito muito no poder feminino,
não enquanto feminista radical, mas na importância da mensagem e na libertação
de padrões opressores baseados em normas de género. Crescer sob mensagens de submissão
perante maridos ou namorados opressores, ou de casamentos infelizes apenas e só
porque há grilhões familiares que não o permitem, nunca deverá ser um argumento
para nos desviar das nossas próprias decisões e de aguentarmos as consequências
das mesmas. Não é fácil. Não. Eu posso garanti-lo, mas no final, quando a
poeira assenta e pensamos em tudo o que passámos e tudo o que conseguimos, não
há nada que pague essa paz de espírito e a certeza de termos sido fiéis a nós
próprios.
Porque o tempo encarrega-se de mostrar
a todos os outros que o caminho que traçámos é o caminho por onde
devíamos de ir naquele momento, principalmente quando não dependemos
financeiramente de ninguém. Mesmo que o mundo à nossa volta pegue fogo, mesmo
que tenhamos de desbravar caminhos nunca antes caminhados, mesmo que tenhamos
de chorar um rio, mesmo que tenhamos de morrer por dentro para nascer outra
vez. Valerá sempre a pena, porque aí sim, sabemos que somos donas do nosso
próprio destino.
"Viro a vida do avesso e viro outras Sim, eu me viro".
2 comentários:
Gosto!!!
beijinho grande Maggie*
Enviar um comentário