segunda-feira, setembro 22, 2014

do passado e do presente

 Setembro é o mês de reencontro com a família por alturas das festas da Nossa Senhora da Ajuda. Uma tradição que ainda mantemos apesar de ano para ano ser cada vez visível a ausência de certos elementos. Quando era mais nova, em plena adolescência, vibrava com as festas como se a minha vida dependesse disso. Contava os dias que faltavam para tudo começar,  minha mãe passava os serões a fazer-me vestidos para estrear no Domingo de procissão - ainda não havia Zaras nem grandes sítios onde comprar as últimas novidades da estação - e eu sonhava com as noites na quermesse a vender rifas e a meter conversa com toda a gente (era também uma óptima forma de conhecer rapazes e de me enturmar numa terra que não era a minha). Aqueles 5 dias eram sinónimo de liberdade, deitar tarde, convívio e momentos bem passados. Depois crescemos e as coisas deixam de ter a graça e o encanto de outros tempos, como se perdessem magia. Ficamos embrenhados nas rotinas da vida, da escola, dos filhos, do trabalho e apesar de continuarmos a gostar de voltar, ficamos com aquela sensação agridoce de "já não é a mesma coisa".
Estive os últimos 3 anos sem ir às festas da Nossa Senhora da Ajuda. Não lhes senti a falta, confesso. Invadia-me um misto de tristeza e melancolia por nada já ser como era. Nem a família, nem o almoço de Domingo que de repente deixou de existir, nem os primos do Porto que todos os anos por esta altura vinham e assentavam arraias na casa da minha tia para grande trabalho dela, nem o quarto na casa da prima Raquel que estava sempre aberto para me receber, nem a minha prima Rita, fiel companheira de aventuras, estava lá. Já nada fazia muito sentido e, como tal, também eu me afastei, levada pelo tempo e pela distância física de um lugar que não era meu, de uma festa que não era a minha, para não prejudicar as memórias tão boas e queridas que tinha daquele sítio.
No fim-de-semana passado voltei. Foi bom  constatar que, ao fim de tantos anos, ainda conhecia o caminho para a azenha e que a memória não me traía, foi bom ver novamente a procissão, a família, as primas, a banda a passar, ver a minha afilhada muito crescida e já com namorado (OMG!!, como o tempo voa!) e voltar com a minha filha a meu lado que, a dada altura, decidiu subir ao palco vazio onde a banda ia actuar, sentar-se na bateria que estava montada e dar um show para a assistência para escândalo de muitas das senhoras da idade que assistiam a tudo.
Way to go girl! You rock!
 

Sem comentários: