Aproveitámos o feriado para passear e regressar à terra/cidade que cruzou os nossos destinos: Madrid. Após dois anos de ausência, achámos que esta era a altura perfeita para nos metermos novamente no carro e percorrer os mais de 600 kms que separam as duas capitais. Foi algo sem grande premeditação, foi uma espécie de desejo, uma vontade de partir. 'Vamos até Madrid? Vamos,' e fomos.
Arrancámos sem hostal marcado, depois de um telefonema onde nos informaram que afinal, a reserva feita há mais de uma semana, tinha ficado sem efeito por causa de um eventual engano no livro de registo. Não me preocupou. 'Partimos à aventura', pensei, sem remorsos e como se fossemos dois adolescentes... e assim foi. Tudo muito simples, porque para complicado já basta o dia-a-dia. Aproveitámos as magníficas paisagens serenas do Alentejo e maravilhámo-nos com a imensidão e qualidade do asfalto espanhol sem uma única portagem no horizonte. Parámos as vezes que achámos necessárias, munimo-nos de cds que queríamos ouvir e fomos, calmamente e enquanto as horas da viagem nos permitiram, recordando episódios antigos de quando o C. ia lá ver-me todos os 15 dias, ou da cafetaria Zahara em plena Gran Via, local onde nos conhecemos.
O motivo da nossa viagem não foi apenas romântico ou até, nostálgico. Confesso que a intenção foi mesmo cultural. O motivo? Ver a exposição da pintora Paula Rego presente no Museu Rainha Sofia. E confesso que se as expectativas eram grandes, foram enormemente superadas. Venho fascinada com o que vi. Como se aquilo que estava ali, diante de mim, numa simples tela, me fosse tão intrínsecamente familiar. Como se 600 kms fossem realmente uma distância pequena perante aquele grandioso momento.
Tirando o ponto alto da nossa viagem, que foi ver 50 anos de obra da pintora, Madrid não surtiu os encantos de outrora. Não sei se é por já conhecer a cidade bem demais, por já não me trazer nada de novo, ou simplesmente por não estar preparada para a quantidade louca de pessoas na rua, senti-me quase claustrofóbica, como se já não pertencesse ali. Talvez tenha sido mesmo uma fase da minha vida, aquela em que lá vivi e onde tudo era novo e mágico. Talvez tenha sido uma fase que passou e não volta mais. Não sei o que foi, mas sinto que nem eu nem ele sentimos o mesmo. Perante a pergunta: 'Então, foi bom voltar?', a resposta traduzia-se quase sempre num 'sim' pouco convincente.
É bom voltar sem dúvida, reviver aquelas cores, o frio que se entranha na pele e nos greta as mãos e os labios, a multidão de rostos completamente desconhecidos, a aspereza de uma língua que é tão familiar quanto estranha, o café de gosto aguado e queimado, as tapas de queijos e presunto que comíamos com sôfrega gula, as cañas e os copos de sangria que bebíamos e brindávamos a nós, ao futuro, ou simplesmente por serem duas da manhã e as ruas estarem tão cheias como às duas da tarde...
Por tudo isso foi bom voltar, mas foi ainda melhor regressar a casa ao fim de quatro dias.
2 comentários:
iAndale guapa, que bien!
Que has pasado un finde buenissimo, no?
;-)
bueníssimo! ;-) ***
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