A M. regressou. Anda carente e a reclamar a minha atenção, faz birrinhas para comer, para tomar banho, faz-me festas na cara, nos cabelos, diz que quer dormir comigo na cama e que tem medo do escuro. Tão depressa me pede desculpa pelo comportamento que teve, como me dá respostas de me deixar ficar banzada. Nestas alturas, sinto a dualidade da culpa a baixar em mim intercalada pela assertividade de ter de levá-la a fazer o que eu lhe digo para fazer e que me obedeça. Tem alguns ataques de fúria, com ginetes em que fica verdadeiramente chateada e onde me diz "não gosto de ti", ou "és má" e ainda "não venho mais à tua casa", que me ferem como punhais mas que desvalorizo. Mede cada vez forças comigo, mas também tem gestos doces e saídas que me derretem. Acho que deve ser isto que toda a gente se refere quando fala da relação "mãe e filha". Tão depressa andamos às turras, como os cobrimos de beijos. Li algures na net, naquelas frases feitas ilustradas com bonitas imagens, que ter um filho é carregar uma preocupação para o resto da vida. E é mesmo. Mas quando a tenho aqui a meu lado, enrroscada em mim, essa ansiedade, quase, quase que desaparece.
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