Ontem tive o jantar de aniversário de um amigo meu. Foi uma festa surpresa onde conseguimos juntar todos, ou quase todos, em redor de uma mesa, sem o mesmo saber de nada e fazer uma grande algazarra quando ele chegou. Pode parecer estranha esta relação cheia de altos e baixos, com avanços e recuos, zangas e risos com o meu grupo de amigos, mas ontem e hoje, dei por mim a pensar que já nos conhecemos há tantos, tantos anos (quase 20!) que é mesmo 'isto' que nos define. Somos como uma grande família. Há zangas, amuos, afastamentos, muitos, muitos risos de ir às lágrimas - daqueles em que se ronca continuamente e tudo - e no final, saímos dali com outra energia, de alma lavada e revigorados para enfrentar o pessimismo e o cinzento do dia-a-dia. E felizes, porque em última instância nos continuamos a ter uns aos outros. Porque aquele conforto que nos é familiar e onde tudo nos é permitido, só acontece com quem se tem à vontade e confiança para isso. E ali, naquelas pessoas, isso existe. Só se pode chamar verdadeiramente "amigo" quando já nos zangámos a valer com alguém e mesmo assim, continuamos a sentir a sua falta e a desejar tê-lo por perto. Não é assim também com a família? Não é assim que se caracteriza a definição de amor?
Não vou negar que houve alturas em que me senti muito revoltada, outros momentos em que me senti traída, outros esquecida, mas tenho de reconhecer que também eu me afastei, amuei e nem sempre fui justa. A verdade é que sinto uma enorme falta deles todos e de como me fazem sentir quando estamos juntos. Não tenho na minha vida, nada nem ninguém, que me faça rir tanto ao ponto de me doerem os abdominais no dia seguinte como eles. E acho que só isso, justifica tudo.
Sou uma afortunada.
Sou uma afortunada.
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