terça-feira, janeiro 08, 2013

Sonhos adiados, até quando?

Não vou negar que gostava muito de voltar a ser mãe e que, de há uns tempos para cá, o relógio biológico voltou novamente a dar horas. A sensação é a mesma que tive antes de engravidar da M.
Uma mix de: desejo forte, tristeza, ansiedade e  emoção por tudo o que envolva bebés e notícias de gravidezes.
A pequena cria vai a caminho dos cinco anos e eu tenho 34 anos. Não tenho condições para voltar a engravidar tão cedo mesmo que quisesse. Tenho um emprego onde ao fim de 3 anos continuo a contrato, com muitos, muitos "filmes" pelo meio e chatices e ordenados em atraso. Se engravidasse, significaria ser despedida, ou melhor, reformulando a frase: "não me renovariam o contrato no final do mesmo" e eu já passei por essa situação há 5 anos atrás e não gostei. Voltar ao mercado de trabalho depois de ter sido mãe e depois dos 30 anos não é fácil, demorou mais de um ano a encontrar novo emprego e a situação e a crise económica não está como agora em que pura e simplesmente não há emprego em lado nenhum, muito menos em comunicação. E não deixa de ser extraordinário como as mulheres, em pleno século XXI, continuam a ser prejudicadas apenas por terem filhos, principalmente no nosso país.
Se com a minha vida e rendimento que tenho actualmente já não é fácil criar um filho, com outro então e sem emprego seria, à partida  - e do ponto de vista monetário - muito pior. Claro que a opção "filho" não se coaduna, nem se conjuntura apenas desta forma, mas nos tempos que atravessamos é impossível não pensar. Chamem-lhe de egoismo e do que quiserem, mas não me venham negar que quando se pondera ou se deseja ter um filho - minimamente planeado ou desejado - estas questões não entram em consideração.
E depois vem a idade, 34 anos. A verdade é que já não sou propriamente uma criança e a cada dia, a cada mês, torna-se menor a possibilidade de voltar a engravidar ou de ser fácil conseguir engravidar. A partir dos 30 o sistema reprodutor feminino começa no seu sprint final, com ovários a envelhecerem e a caminharem para a reforma a passos largos, junte-se a isso uma conjuntura económica e de vida difícil e pronto, temos a receita para: desejo continuamente adiado. 
Mas mesmo tendo consciência de tudo isso, mesmo sabendo que poderá haver inclusive, a forte possibilidade de nunca mais repetir a experiência da maternidade, há momentos em que bate aquela saudade de ter um bebé pequenino nos braços, de sabê-lo meu, daquele cheiro doce e viciante ao mesmo tempo, daquele chorinho e sons tão característicos de um recém-nascido, de pura e simplesmente passar horas a olhar para ele e a vê-lo dormir sem tirar um sorriso estúpido dos lábios e esquecer tudo o que se penou, as noites mal dormidas, as crises com o peso e as cólicas, os rios de dinheiro gasto em farmácia, em fraldas, em papas e em leite em pó, a crise económica, a falta de emprego e a recessão e pura e simplesmente mandar tudo ao ar e simplesmente seguir os nossos sonhos e tentar ser feliz.
 
 
(E depois, ser também crescidinho o suficiente, para nunca nos arrependermos da decisão tomada, nem mesmo quando as dúvidas existenciais nos batem à porta, ou vemos o saldo bancário praticamente a zeros.)

6 comentários:

disse...

Mafalda só tens 34 anos, não és nada velha para ser novamente mãe.
"...de ser fácil conseguir engravidar" pois...pensava eu na altura que tinha entrado na menopausa e quando vou a ver estava grávida de 12 semanas, e assim tive a M aos 42 anos. :)
Ganda maluca - opinião generalizada dos amigos! :)
Bj

Mafalda disse...

42?! ena, ena! "ganda maluca" mesmo ;)
que bom, a tua história dá-me esperança! (se os meus ovários o permitirem!)
beijinhos às duas*

anecas disse...

Eu tive a Maria aos 37, engravidei aos 36, é filha única, não vou ter mais, ela já tem 6 anos, as coisas estão dificéis e se queremos apostar na educação é preciso dinheiro

Mafalda disse...

é verdade que para criar um filho é preciso dinheiro, não vou negar, mas também quero acreditar que ainda vou conseguir ir ao segundo e que a minha vida vai melhorar (apesar de todos os indicadores em contrário).
Beijinho

Ana Princesa disse...

Tive o R. aos 32 e ainda quero outro por volta dos 35/36 anos...E não, não é nada velha!
Pensamento positivo :)

Olga disse...

Mafalda fui mãe do 1º aos 33 e agora novamente aos 37.correu tudo bem!força!