domingo, janeiro 10, 2010

'i'


Eu adoro o jornal 'i'. É que gosto mesmo. Um dos meus rituais preferidos do momento, depois de deixar a Madalena na creche, é seguir até à cafetaria/café com as coisas mais deliciosas que existem na zona de Mafra - bem pertinho do Mosteiro - comprar o jornal i no quiosque que há ao lado, pedir uma bolinha com fiambre e manteiga mal cozida, um abatanado em chávena grande e sentar-me, calmamente, sem pressas nem horários, a ler o 'i'. É o meu verdadeiro luxo.
Fico ali perto de uma hora, às vezes quase a manhã toda, devorando o jornal de uma ponta à outra. E nem me incomodo nada por estar sozinha, coisa que durante anos me deixava sempre insegura.
Gosto do facto do jornal ser a cores. Sempre achei os jornais maçudos e aborrecidos por serem tão cinzentos. Talvez por isso sempre tenha preferido as revistas, as grandes fotos, as produções, onde se respira qualquer coisa, onde se sonha, onde se sente com mais calor. Mas com o 'i' isso já não acontece.
Gosto da forma séria mas descontraída com que os assuntos são abordados. Consigo-os perceber todos (ahahahahaha), mas é verdade, a maior parte dos jornais é tão 'rectilínea' naquilo que escreve, que se perde o essencial. Fica-se com um estilo afastado da realidade, com uma mensagem que acaba deturpada ao leitor. E eu gosto das coisas simples. E com humor. Por isso gosto do 'i'.
Também gosto das ilustrações, das caixas com pequenas doses de informação, da secção regional - que na maioria dos jornais é das mais desinteressantes ou bizarras - das capas, dos títulos, das crónicas do Pedro Rolo Duarte (personagem que deixei de simpatizar desde que fui passar um fds para um turismo rural algures no Alentejo e ele também lá estava, amigo que era da proprietária...), do design jovem e arrojado, de saber que afinal ainda há espaço para um novo e diferente tipo de jornalismo em Portugal, mesmo quando todos dizem que vamos dar um tiro no pé, que é a morte à nascença.
Gosto tanto do 'i' que enviei o meu cv para lá na esperança vã de despertar a atenção de alguém, mesmo sabendo que neste momento, a minha vida - com filhos e a morar longe demais do que devia - não me permite entrar na engrenagem de um jornal diário. E o director respondeu-me, mostrando-se muito simpático e acessível, desejando-me inclusive 'bom ano', mas com a notícia de que 'de momento não estamos a recrutar'. Epá, que bom espírito, que simpáticos, que bem-educados!
Eu gostei, aliás, atrevo-me a dizer, que ainda fiquei a gostar mais do 'i'.
Mesmo que me ache demasiado inferior para fazer parte de semelhante qualidade.

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