sexta-feira, janeiro 08, 2010

filhos a correr

Numa curta ronda pelos babyblogues que costumava visitar e comentar pela internet, apercebo-me de que existe uma série de mães, com filhos da idade da Madalena e pouco mais velhos, que já estão grávidas e bem adiantadas do segundo. Fiquei estupefacta! Como deixei de actualizar o blogue da Madalena, raramente lá vou e raramente leio os blogues que costumava visitar. Acho que ganhei uma aversão a babyblogues e por isso, passam-se dias sem ir ver as actualizações.
Às vezes bate a saudade de lá escrever, principalmente porque me obrigava a fazer um registo activo e diário da evolução dela que agora se perdeu. Já quase nem a fotografo e ainda ontem, dei por mim a pensar que desde o Ano Novo que não a fotografava e mesmo essa data, as fotos que tirei, foram poucas ou nenhumas, assim como o Natal, onde a máquina ficou sem bateria e nunca mais me lembrei de a pôr a carregar.
Mas voltando ao ponto inicial e motivo pelo qual escrevo este post, as segundas gravidezes, quando ainda se tem um filho tão pequeno, confesso que me atrofiam o cérebro. Claro que muitas vezes isso acontece por descuido, porque no pós-parto estamos a amamentar e não temos período e pensamos que isso basta e depois, 'ups-jesus-maria-josé', lá vem mais outro a caminho, mas nestes casos que vi e leio, são todas por vontade própria, porque querem engravidar, porque querem outro filho.
O gesto é bonito, sim senhora, não o nego. E corajoso! Eu seria incapaz de ter outro filho agora, principalmente quando acho que a Madalena, apesar de já ter um ano, ainda depende, tanto, mas tanto de mim. Apesar de já não ser propriamente um bebé de cólo, de já andar e de ser um pouco mais autónoma, não deixa de ser um bebé. É cada vez menos bebé e mais menina é certo, mas ainda é um bebé e como tal, precisa de uma atenção constante, de ser acompanhada, de ser estimulada, precisa do pai e da mãe a 100% e não apenas pela metade, repartindo essa metade entre o trabalho dos pais e a presença de um recém-nascido que nos ocupa o tempo todo com mamadas de 3 em 3 horas, fraldas, cólicas, crises de choro, noites mal dormidas and so on.
Não consigo deixar de pensar que mães que optam por engravidar, por vontade própria, de um segundo filho quando o primeiro ainda é um bebé, o fazem por puro egoísmo. É que uma pessoa quando está grávida é apaparicada até à exaustão, toda a gente nos dá lugares nas filas para passar à frente, toda a gente nos faz festas na barriga, toda a gente pergunta como estamos, preocupam-se connosco, dão-nos presentes, dedicam-nos atenção e depois, o bebé nasce e puff... tudo isso desaparece como que por magia e aquela sensação da barriga, de termos um ser a crescer dentro de nós, de sermos um só e não dois, acaba e fica uma espécie de vazio que nos deixa muitas saudades. De objecto de atenção a sermos criticadas é um passo... e dos curtos! Seja porque a criança não mama correctamente, seja porque chora, seja pelo que for, os motivos para toda a gente abrir a boca e mandar bitaites sobre maternidade são tantos que nem adianta aqui falar deles.
Claro que eu gostaria muito de dar, um dia mais tarde, um irmão(ã) à Madalena. Não queria que ela, há semelhança de mim e do pai, fosse filha única. Eu gostava de ter tido irmãos, nem que fosse para andar à porrada com eles, pois acho que isso, certamente, faria de mim uma pessoa mais tolerante e melhor do que aquilo que sou. Acho, mas não tenho a certeza. Mas não gostaria neste momento de estar grávida, nem de descobrir que estava grávida, pois isso seria a antítese daquilo que senti quando descobri que estava grávida da Madalena e que foi, felicidade pura.
E um filho deve vir assim, num acto de pura felicidade, por isso, eu nem devia de estar aqui a 'julgar' quem engravida de um segundo porque quer. No fundo, nem se trata de julgar, é apenas um desabafo, um comentário, porque comigo, que abdiquei de tudo por ela, agora é hora de retomar a vida que tinha antes e voltar a sentir-me a 'Mafalda' e não apenas a 'mãe'. Para mim, essa é a minha prioridade do momento, e ela, claro. Além do mais, a Madalena, depois de uma fase muito complicada de se lidar entre os 6 e o 12 meses, agora está simplesmente DE-LI-CI-O-SA! Confesso que tive muitas alturas em que perguntei a mim mesma: 'onde é que estava com a cabeça quando decidi ter um filho' e se ela foi desejada e se eu pensava que estava preparada...
Mas descobri que nada nem ninguém nos prepara para a chegada de um bebé que é tão surpreendente quanto assustador. Há dias maravilhosos e em que tudo corre bem e há dias em que parece um inferno, em que duvidamos das nossas capacidades, em que nos sentimos deprimidas, mentecaptas e incapazes. E eu, que não tive nenhuma depressão pós-parto porque andava nas nuvens nos primeiros 6 meses, confesso que nos seguintes bati no fundo. A Madalena berrava a maior parte do dia, não estava bem de maneira nenhuma, eu não tinha ninguém com quem a deixar, nem pais, nem sogros, nem ama, nem uma simples empregada doméstica ou mulher a dias que viesse cá a casa passar as pilhas de roupa que acumulam sem dó nem piedade e senti-me cada vez mais sufocada, cada vez mais sozinha, cada vez menos eu, sem ninguém a quem recorrer.
Só agora, que ela está mais calma, cheia de graças, que nos dá boas e completas noites de sono, que fala e interage comigo, que a consigo perceber, que me faz rir e que foi para a escolinha, dando-me tempo e espaço para eu própria respirar, é que consigo voltar a sentir as delícias da maternidade em pleno e, talvez por isso, não consiga compreender a vontade e o desejo de certas mulheres em engravidarem logo após o nascimento de um filho.
Mas isso sou eu, que sou um ser complicado por natureza.

7 comentários:

Márcia disse...

Olá,

Nós estamos a pensar engravidar again este ano, mais para o meio do ano, para não estar muito grávida no Verão!!! LOL

Assim irá nascer (e se tudo correr bem) no principio de 2011 e terá uma diferença do Eduardo que não chega aos 3 anos.

Algumas das razões para partir para um 2º filho este ano já foram explicadas no post que tu já comentaste...

Mas existem mais, a proximidade, em principio, gera mais cumplicadade entre os irmãos quando são pequenos, Imagina uma diferença de 4 anos. Quando o mais velhor tem 8 - pré-puberdade o pequeno tem 4 - infância pura; 10 - pré-puberdade e 14 - adolescência; obviamente que estas diferenças se esbstem na idade adulta, mas eu gostava de ter filhos mais próximos que possam brincar um com o outro.

Outro dos motivos prende-se com as fraldas, falta d sono, etc., nós não queremos nos desabituar dessa loucura, pois sinceramente não sei se tenho ocragem de voltar a trás...

Eu não gosto de estar grávida, mesmo tendo tido uma gravidez sem problemas, por isso não me revejo nessa questão por ti levantada.

Obviamente que todas as diferenças de idades entre irmãos tem vantagens e desvantagens; a regressão faz parte desse processo , tanto nos mais novos como nos mais velhos, os ciúmes, o verem o seu espaço e atenção ser dividido.

Enfim é um desafio e momento de crescimento para a família.

Beijos grandes,
Márcia

Mafalda disse...

Márcia, eu acho que um diferença de 3 anos entre gravidezes é um prazo mais que justo e aceitável. Neste post referia-me a mulheres que engravidam do segundo quando o bebé ainda tem meses, nem um ano.
Como disse, quem os quer por opção, assim tão perto um do outro e tem ajudas nesse sentido - pais, sogros, empregadas, etc - se calhar não lhes custa tanto. Quem tem emprego e ao fim da licença volta a trabalhar e a ter uma vida além maternidade, idem, mas eu, que estive a 100% dedicada à minha filha, que não tive ajudas de ninguém - nem quando me sentia tao cansada ao ponto de querer dormir, mas não podia porque tinha de fazer almoço, jantar, pôr roupa a lavar, passar, etc., porque não tinha ninguém que o fizesse por mim - por tudo isso, eu senti-me muito sufocada, muito presa e sinceramente, não gostei.
Se calhar, se tivesse a minha mãe por perto e pudesse deixar a Madalena enquanto ia, por exemplo, a uma consulta ao médico, ou ao cabeleireiro cortar a franja, não me custasse tanto, sempre respirava, desanuviava a cabeça, mas infelizmente, não pude fazer nada disso. Para onde ia a Madalena ia comigo porque não tinha mesmo com quem a deixar. Senti-me muitas vezes sobrecarregada e agora, que me sinto mais liberta e mais eu novamente, se estivesse grávida, seria uma regressão na pouca liberdade já alcançada.
Conheço casos de mães que moram de tal forma perto dos pais, que os mesmos são capazes de ir buscar a criança cedo só para as deixarem dormir as manhãs... confesso que fico verde de inveja, mas ao mesmo tempo penso; fogo, assim também eu criava um filho na boa! e não tinha um, tinha um rancho deles!
Isto tudo para dizer que não julgo quem tem 2 filhos seguidos, apenas que comigo, não dáva.
Não faço intenções de voltar a engravidar tão cedo, até porque, depois de perto de 18 meses em casa eu quero mais é trabalhar e não estou disposta a voltar a ficar desempregada por causa de um filho. Se eu não estou bem, ele muito menos estará e eu quero ser uma mãe que está bem e feliz.
Além disso, eu acho que uma diferença de 4, 5 ou até mais anos não tem de ser má entre irmãos. A minha melhor amiga tem uma menina de 6 anos e agora uma pequena de 10 meses e eu acho uma diferença óptima, principalmente porque a mais velha já não sente tanta ciumeira, já teve parte da infância dedicada quase em exclusivo ao seu crescimento e apesar de continuar a necessitar de ter muito mimo e atenção já tem outra maturidade sobre o aparecimento de 'um mano'. Mais, se for preciso ainda ajuda a mãe nas tarefas relacionadas com o irmão e toma conta dele. Outra coisa que penso muito é o evoluir idade fora, tal como tu dizes, quando um for para a primária, o outro ainda é bebé de cólo, mas e quando forem para a universidade e andarem ambos a estudar? conseguirá um casal dar conta de tamanhas despesas?
Eu gostava muito de voltar a ser mãe aos 35, mas só mesmo o futuro o dirá. Se formos a ver bem, já tenho 31, por isso, nem falta assim tanto tempo ;)
Quanto a ti, espero dentro em breve ter notícias relacionadas com a 'boa nova' ;)

beijos grandes*

Márcia disse...

Mafalda,

Isto não é uma tentativa de justificar a minha opção e faze-la valer sobre todas as outras. Esta é só a nossa opção!!!

E por cá há ajudas, temos pais, sogros, tia-avó perto a quem podemos recorrer quando precisamos para ir trabalhar, o Eduardo ainda não está na creche, visto que resolvemos ficar com ele nestes 2 anos; mas quando precisamos mesmo para o lazer tb podemos recorrer; e mesmo que não cheguemos a ir e a pedir para focarem com ele, só saber que temos essa possibilidade é uma sensação de liberdade enorme.

Mas como sabes eu não só daquelas que acho que a maternidade é só momentos cor-de-rosa e tal e coisa; e ser mãe a 100% é duro, muito duro. Destesto esta fase das birras e dos pesadelos e afins, até já gozamos que o vamos deixar à porta da maternidade, ainda não tem 2 anos podemos devolver por mau funcionamento!!! LOL

Mas compreendo perfeitamente a tua posição e tb acho que agora o melhor para ti é voltares a ingressar no mundo do trabalho e sentires-te de novo preenchida em todos as facetas da tua vida e isso neste momento parece-me o que mais precisas!

Beijos grandes,
Márcia

P.S.: mas tenho a acrescentar que estou borrada de medo com a alteração das rotinas, a destabilização da paz alcançada, enfim...

Maffa disse...

Bem, näo podia concordar mais com este post!! cruzes credo, no outro dia o periodo demorou-me uma semana a vir e eu fiquei täo transtornada täo transtornada, só pensava em fazer um aborto, e NUNCA considerei que podia fazer isso na vida!! A sério... Näo conseguia já ter outro filho, nem estar grávida só de pensar nisso arrepio-me, e dar de mamar!?!? oh meu Deus...
Mas aqui na Dinamarca tb há imensa gente que diz que se deve ter os filhos de seguida para ficar despachado das fraldas. E que depois näo se tem coragem de voltar atrás para as noites mal dormidas, e para a confusao dos primeiros anos. Eu acho que está tudo doido... Sou mesmo fundamentalista com este assunto... Coitadinho do meu martin, de repente tinha uma mäe ocupada com outro bebé... Vamos lá ver, em principio até ele 3/4 anos nem sequer considero o assunto de ficar grávida...
E isso dos irmäos serem mais amigos/próximos por terem idades mais parecidas, tanto podem ser como näo ser: oico de casos em que säo os melhores amigos, mas mais frequentemente andam tanto à luta que por um triz näo se matam um aos outro. Por isso cada cabeca sua decisao, e escusa de andar meio mundo a tentar convencer o outro que as suas opcoes é que säo as certas.
Mas lá está, tenho pouca ajuda da família, criar filhos fica assim mais trabalhoso. E eu adoraria ter avós por perto a tomarem conta dele todas as semanas para eu ter uns tempinhos para mim - Recomecar a ir ao ginásio, ir ao cinema!!
Uma amiga minha tem irmäs q têm 4 filhos cada uma e qd pergunto como conseguem? - os avós têm uma quinta com jardim, com duas empregadas a tempo inteiro, elas väo para lá durante o dia quando estavam em licenca de maternidade e tinham tudo feito, almocinho até tomarem conta dos bebés se fosse preciso a mäe descansar... tudo... Assim sim, qualidade de vida para ser mäe, até tinha 5 filhos, todos seguidinhos. Agora vida de pobre... :p

Mafalda disse...

ai Mafalda, o que eu me ri com este teu comentário! LOL
Pois, eu penso como tu, mas claro que há mães e pais que adoram ser: PAIS!! e gostam tanto que querem ter vários filhos e de preferência, todos seguidos para não perderem o jeito. Eu apenas cheguei à conclusão de que para mim, para nós, não dá e tão depressa não me vejo no papel de grávida.
Achei muita piada ao facto de teres mencionado a questão do aborto! penso muito nisso sabes? até já o disse em voz alta uma vez em conversa com um casal amigo e ficou toda a gente em silêncio e com uma cara... ahaha! (eu estou-me a rir, mas o assunto é sério!)
sempre fui a favor do aborto na vertente de que cada mulher toda a sua decisão pessoal em relação ao seu corpo, mas que eu seria incapaz de fazer tal coisa e depois de ter sido mãe, dou por mim a dizer que se soubesse que estava grávida, se calhar até ponderava!
ao ponto a que a malta chega! LOL
verdade seja dita que, apesar de tudo, mesmo que estivesse, eu era incapaz de ir avante com a decisão, mas que ficava deprimida, ficava!
beijos **

(deve estar aí um frio, não?)

Maffa disse...

pois, é engracado, esse tema. Eu até ser mäe sempre fui muito contra o aborto... Fazia-me confusäo ser permitido acabar com a vida, e além disso fazia parte de um grupo católico e isso tb fazia com que fosse contra.
Mas agora mudei completamente de opiniäo. 180 graus.
Porque os bebés precisam tanto de atencao, dedicacäo constante mimo, e porque é täo fácil estragar a vida a um ser humano por sermos maus pais por näo termos paciência nem tempo... Até quem deseja até ao infinito ter um filho faz erros e tem crises de paciência e tem contade de deitar o filho pela janela. Agora imagina quem näo quer ter o filho quem é "obrigado" pela lei... fogo... coitadas das criancinhas, nem pediram para vir ao mundo...

Depois de ser mäe sou a favor do aborto e além disso percebo perfeitamente quem näo queira ter filhos e até aconselho pessoas a näo terem se näo sentem aquela vontade desmesurada (que eu sempre senti) e väo ter porque têm medo de se arrepender no futuro... Ai gente, é que säo dois estilos de vida completamente diferentes. Caramba, eu só faco coisas para o meu baby, hj queria ir aos saldos e enfiei-me num parque de diversoes indoor para ver se ele se divertia um bocado. É que está tanto frio que temos ficado em casa dia após dia, e achei que ele precisava de um bocado de accao.

PS- tens de pôr limite de palavras nos comments senäo eu näo me calo :)

Mafalda disse...

isso de falar demais deve ser do nome, porque eu sofro do mesmo problema! ahahahahahaha
e olha, se te serve de consolo, eu não saio de casa - nem para ir ao café - desde terça-feira porque a Madalena está doente e com febre, estou sozinha com ela em casa e está um frio do caraças... e já ando a enlouquecer!
amanhã, finalmente, é o meu dia de soltura! (e eu já ando a contar as horas!)