domingo, janeiro 03, 2010

os primeiros dias de 2010

O novo ano não começou da melhor maneira. Muita tosse, alguma febre, muita farfalheira e ranho e muito desespero e paciência para que ela coma qualquer coisa... e quando digo qualquer coisa, é mesmo qualquer coisa, porque não anda a comer nada! Só bebe leite e mesmo assim é pouco.
Estou há uma semana com ela em casa a tempo inteiro e sinto-me a enlouquecer. Houve dias em que estava tão rabugenta e insuportável que só me apetecia gritar ou enfiar a cabeça debaixo de um combóio. Também não anda a dormir nada de jeito durante o dia. Sestas de 20 minutos e pronto, acorda. Nem um banho decente consigo tomar. E, como anda doentinha, só quer colo, mimo e a mãe, pelo que não consigo fazer nada sem ela atrás de mim.
No último dia de 2009 e enquanto nos preparávamos para sair e metermo-nos à estrada para ir passar a passagem de ano a casa de amigos, a Madalena testava os nossos limites com uma birra descomunal de sono e sei lá mais o quê, que se prolongou durante quase toda a viagem com gemidos, guinchos e choro constante. Sentia-me a stressar e prestes a explodir. Confesso que lhe levantei a voz umas quantas vezes e tive alturas em que só me apetecia dar-lhe uma palmada, mas lá me controlei.
Só sossegou na casa dos avós - quando parámos para lhes dar um beijo - e quando chegámos a Alcobaça e se viu rodeada de outras crianças. Só aí ficou excitadíssima e esqueceu de nos azucrinar a paciência. Sinceramente, acho que também ela está farta de mim e de me ter em casa a tempo inteiro...
A passagem de ano foi calma. Rodeada com um casal amigo de longa data e as suas filhas, mais a família dela toda - que é quase como se fosse minha também - mais uns quantos casais amigos deles que se juntaram ao jantar e acabaram por ficar por lá a passar a meia noite. É o que dá ter uma casa grande pronta a receber visitas e pessoal com crianças pequenas que tem, quase por opção, de passar necessariamente estas datas festivas 'indoors'. Claro que não me livrei de cozinhar - já é da praxe - e de ter de trabalhar como se estivesse em minha casa. (malvada sina a de uma mulher, nunca se livra da porcaria dos tachos...) e além dos doces que levei, ainda ajudei a preparar o jantar e o almoço do dia seguinte. A Madalena acordou 3 minutos antes da meia-noite numa gritaria desgraçada. Despertou com o barulho e como não reconheceu onde estava, assustou-se. Assim, acabou por passar a meia noite connosco, acordada, embora sem perceber nada do que estava a acontecer e porque motivo os pais e aquela gente toda estavam tão efusivos e barulhentos. Passado nem meia-hora acorda a Clarinha, de 10 meses, e lá ficaram as piolhas juntas na brincadeira até às 3 da manhã, altura em que o sono as venceu. Passava pouco das 5 da madrugada quando me deitei - porque fiquei na converseta na sala - e ainda nem eram 8 horas quando a Madalena acordou e desatou aos gritos. Bom... a minha cabeça, mais uma vez, parecia que ia explodir, desta vez de cansaço e de falta de horas suficientes de sono, mas ela, apesar da febre - 38,5º - estava enérgica e só queria era brincadeira. Lá a conseguimos sossegar ao fim de algum tempo e enfiá-la na nossa cama - coisa que fizemos pela primeira vez desde que nasceu - porque estávamos de rastos e queríamos dormir. Ela ainda demorou perto de hora e meia a sossegar - ora viráva-se para mim e apertáva-me o nariz, beliscáva-me as bochechas, craváva-me as unhas, puxáva-me os cabelos - ora queria sair da cama e deixar de estar ali presa.
Por fim adormeceu e nós também. Foi um alívio.
Acordámos por volta do meio dia, com ela ainda ferradinha a dormir e fomos tomar o pequeno-almoço descansados e civilizadamente. O resto do dia passou num instante e regressámos a casa já de noite. Ontem nem saímos e andámos os 3 o dia inteiro sempre em pijama numa ronha de sofá desgraçada. Hoje as coisas estão no mesmo pé, com a diferença de que o pai teve de ir trabalhar e estou sozinha com ela em casa.
Febre já não tem e hoje comeu um bocadito melhor que ontem, está bem disposta e fala pelos cotovelos, mas continua a ter muita tosse e uma farfalheira no peito que dá impressão ouvir, apesar de lhe fazer aerossóis diários.
Eu, com tanto vírus ao meu redor, fiquei meio adoentada também. Há pouco tomei umas pastilhas para a gripe e um brufén - por causa das dores no corpo - que me deixaram com uma moca de sono descomunal. Fiquei mesmo pedrada. O que me valeu foi que ela, por causa da medicação, também devia de estar de rastos e dormiu umas 4 horas seguidinhas.
Ainda me doem os pés por causa da porra dos saltos e das botas que usei na noite de 31 para 1. É o que dá querer ser fashion em casa e no meio do nada. No dia seguinte mal conseguia andar. Doía-me a planta do pé de tal forma que parecia que estava deformada, assim como os gémeos e os rins. Comi marisco que dáva para uma casa de família e nem me atrevo a pesar com medo de me dar um coisinha má, mas de vez em quando bebo chá e acho que só esse gesto já me tira de cima do lombo uns 2 quilos (no mínimo!).
Este início do ano trouxe também a constatação de que os meus amigos de longa data, aqueles que eu pensava serem o meu núcleo duro, já não o são. Este período de Natal e Ano Novo mostrou isso mesmo e provou, mais uma vez, que desde que a Madalena nasceu nós fomos quase que 'excluídos' de todos os encontros e festividades que possam acontecer. Tive a constatação esta tarde, quando estava ligada no facebook e vi que passaram a passagem de ano todos juntos mas que ninguém foi capaz de nos dizer nada. Não é que fossemos, claro que não podíamos, mas a verdade é que já nem sequer fazem conta connosco. Somos mesmo carta fora do baralho. E se não fosse a minha amiga/'irmã' de sempre a convidar-nos para irmos ter a casa dela, tínhamos passado a passagem de ano sozinhos, os 3 e em casa.
Claro que isso me magoa. Claro que isso me deixa ressentida, até porque, tenho a certeza, de que quando uma delas tiver filhos, depois sabem vir bater-nos à porta, pedir coisas emprestadas ou conselhos e eu cá estarei para as receber de braços abertos e dar tudo e mais alguma coisa, como sempre fiz, mas agora, que somos pais, moramos longe e, ainda por cima, eu estou desempregada, fogem de nós como o diabo da cruz. Morremos para a vida por assim dizer.
Por isso, uma das minhas resoluções para este ano passa por não pensar sequer que tenho amigos de longa data por assim dizer, ou que posso contar com eles, quando já vi, várias vezes, que não posso.
São cada vez mais estranhos para mim.
Constato, que o meu núcleo duro sao 3 pessoas - eu, ele e ela - e é só.
Sinto falta deles, mas ultimamente, as acções praticadas têm-me deixado mais magoada do que propriamente contente com o rumo das coisas. Há pessoas que eu, pura e simplesmente, deixei de 'conhecer', de saber como estão, o que fazem, como vão... Por isso, em 2010, eu vou centrar-me apenas no essencial, tal como já referi no post anterior, e eliminar quem não interessa da minha vida.
Mesmo que isso signifique que ficaremos centrados apenas em nós próprios.
Tanto melhor.

1 comentário:

Maffa disse...

Tenho tantas coisas a comentar neste post!! espero que näo te importes que eu escreva mto e näo me cale :)
Ao assunto dos amigos pós-ser-mäe:
A mim aconteceu-me igual!! quer dizer, parecido. Eu fui a 2a a ser mäe no meu grupo. Qd uma das minhas melhores amigas teve uma bebé, eu bem me lembro que eu tentava inclui-la nos nossos programas de adultos baby-free, e as minhas outras amigas diziam sempre "ah... eles estäo lá na sua paz..." "ah, é complicado para eles sair" ou... "É pá näo vamos nada visitá-la, näo me apetece estar enfiada em casa...". Isto no início, quando a bebé dela era pequenina e era complicado ela sair muito, porque ou estava a mamar ou a chorar, depois foi-se criando uma distância enorme entre nós, porque eu esperava que eles nos convidassem para irmos lá a casa porque pensava que era dificil eles sairem muito... por causa do frio ou do mau tempo (era inverno). Ela näo dizia nada pq achava que nós näo queriamos estar com ela, queriamos era sair à noite e fazer programas que uma bebé näo podia. Surreal... só sei que só passado quase 9 meses de ela ter o filho é que nos sentámos fianalmente a conversar sobre todos os mal-entendidos, e pq é que tinhamos perdido contacto e porque é que näo falávamos mais, afinal continuávamos a ser melhores amigas mas quase näo falávamos por estupidez de ambas as partes!!!
As coisas lá retomaram o seu ritmo, mas ela foi-se embora de copenhaga antes de eu ter o Martin. Agora falamos ao telefone todas as semanas e ainda somos mto amigas. Mas quando eu tive o Martin senti tudo igual ao que ela me disse que tinha sentido!! Os meus outros amigos deixaram simplesmente de me convidar para tudo... E eu näo me apetecia estar sempre a pedinchar para me virem visitar, nem tinha pachorra p estar sempre a limpar a casa p ter visitas, mas tive de explicar q podia sair e que era fixe combinamros coisas para eu näo dar em maluca por estar sempre fechada em 4 paredes. Mas as coisas mudaram muito... ainda de vez em quando sei de jantares q aconteceram em q näo fui informada e treinei-me para responder ressabiada "ninguem me disse nada!!". Assim desabafo logo e eles ficam a saber que eu ainda estou VIVA apesar de ter tido um filho. A sério, näo os elimines já... explica-lhes o que queres. E diz que mesmo que digas 30 vezes que näo aos encontros queres saber do que é que se passa e vai haver vezes em que podes ir!! e vai saber pela vida...
Mil beijocas