terça-feira, julho 20, 2010

reviravoltas

Ora bem, chegou a hora de falar - ou tentar falar - sobre a minha angústia nos últimos dias em relação ao trabalho. É que depois de uma semana mais ou menos animada, onde até pensei que as coisas estivessem no bom caminho e me sentia mais motivada, eis que a bomba é largada: a pessoa que me contratou, a única pessoa que sempre valorizou o meu trabalho aqui dentro, com a qual tenho empatia e que é a minha chefe mais directa e directora geral adjunta desta casa, vai-se embora. E para longe, para fora.
Fui completamente apanhada de surpresa e, confesso, senti-me inclusive um pouco traída. Isto porque o motivo pelo qual não tinha já mandado isto tudo para o espaço, foi porque ela me pediu para ficar. Pediu-me para aguentar até Setembro, intercedeu por mim junto do director, pediu para a minha situação ser revista e o meu ordenado reposto - como devia de ter acontecido desde o primeiro dia em que me sentei a esta secretária - pediu-me para não me desmotivar e se assim me sentia em condições, ou pelo menos mais animada para continuar e nem uma semana depois, a bomba. Ela vai bazar.
No seu lugar vai tomar funções uma colega que, a julgar pela sua atitude, postura, comportamento e forma de lidar com os outros, ando a ter flashbacks na minha mente de tudo aquilo que já vivi na outra agência... ou seja, é uma 'espécie de cópia' da minha chefe anterior, controladora, arrogante, abrupta e autoritária. Daquele tipo de pessoas que mesmo não tendo qualquer tipo de poder em especial já acha que tem tempo suficiente de casa para tratar todos os outros e, principalmente, os mais juniores, abaixo de cão. Então agora que assumirá funções em inícios de Setembro... bom, nem quero pensar. Ou melhor, nem quero estar cá para ver.
Claro que a minha ex-chefe (mas ainda em exercício de funções) não tem nada de me ter em consideração na hora de fazer as suas próprias opções profissionais. Não sou dita nem achada e compreendo muito bem o seu desejo em sair daqui, em crescer profissionalmente, em ter outros voos, em não ter uma direcção esquizofrénica e intolerante como a que se vive aqui, mas senti-me traída, confesso que senti. Não me deixou a mim ir embora e agora vai ela.
Ontem tivemos reunião com a actual - e ainda em exercício de funções - directora e a nova, a que vai assumir o seu lugar e que acabou de ser promovida. Tal como esperava, a postura da nova direcção já se vê a olhos vistos. Sempre com aquele tom anasalado e irritante típico das"pseudo-tias", uma altivez e um autoritarismo na voz que, a mim muito pessoalmente, me deixa logo com os nervos à flor da pele e a antever que o futuro é negro, muito negro.
Quando é que será que as chefias deste país se irão aperceber de que não é com estilos ditatoriais que as pessoas fazem melhor o seu trabalho? Aqui quase nem é permitido rir, ou "brincar", descomprimir... nem em horário de expediente, nem entre colegas. O silêncio é sepulcral, porque o mesmo é sinónimo de trabalho, de concentração. Podes estar um dia todo calado, não abrir a boca para nada, com a cara colada ao ecrã do computador. Podes até passar o dia todo na net, mas desde que não andes a cirandar, a conversar com colegas, ou a ouvir música, é sinal de que estás a trabalhar.
Eu não me identifico com este tipo de posturas, a sério que não. Custa-me muito, muito mesmo, até porque já trabalhei em vários sítios e sempre gostei de ser quem sou nesses mesmos sítios. Aqui sinto-me oprimida a maior parte do tempo, não há qualquer tipo de motivação. Faz-me 'espécie' como é que tenho de estar confinada a um sítio a maior parte do meu dia e do meu tempo e de estar, literalmente, a fazer um frete por aqui estar, a ansiar por me ir embora, por chegar a casa.
Vai fazer 4 meses que estou aqui nesta casa e nunca senti nada igual anteriormente. Nunca tive tanto desejo de me ir embora de um sítio ao fim de tão pouco tempo, nunca me custou tanto. E sinto que, quase a fazer 32 anos, em vez de evoluir em termos profissionais, ando a bater no fundo.
Claro que eu sei que a situação está má, que existem milhares de pessoas desempregadas, que o trabalho é cada vez mais precário, que tenho muita sorte em ter contrato laboral, em ter um ordenado considerado 'acima da média' - mesmo que seja miserável - para o nosso país, mas acho que preciso de mudar. Ou mudo radicalmente, ou tenho de decidir o que realmente quero e se estou disposta a lutar por isso, a enfrentar contrariedades que irão surgir e se tenho realmente estofo e vontade para me meter em algo sozinha, lutando contra a maré em época de crise e má conjuntura económica.
Tenho ideias sim, mas também tenho muito medo de me meter nelas sozinha. Porque sozinha sinto sempre que não sou capaz.

1 comentário:

Maffa disse...

uiiiii
coitada Mafalda... isso está do pior...
Emigrar - é a unica solucao que eu vejo para ti e para a familia. Bem sei que Dinamarca é complicado por causa da língua e da vossa área de trabalho. Mas Londres, Inglaterra... É pá eu comecava a ver coisas, mulher.
É que a filosofia de trabalho é täo mas täo diferente... näo tem nada a ver.
Beijocas e boa sorte!