quarta-feira, agosto 29, 2007

retalhos da minha vida





















Ontem fui a uma entrevista de emprego. A segunda no espaço de duas semanas. Correu bem, mas nem cheguei a aquecer lugar. Quando me disseram as condições e o valor do ordenado, a primeira coisa em que pensei foi: ‘mas porque é que me dei ao trabalho?’. Pior seria se tivesse faltado ao emprego ou inventado uma desculpa esfarrapada qualquer. Mas como foi em horário pós-laboral, lá me deu tempo de sair a horas e chegar ao lugar marcado igualmente a horas. Claro que ajudou ter o C. de férias. Veio-me buscar e levou-me ao sítio. Poupei stresses em estacionar o carro e andar que nem louca à procura da rua e do nº do prédio, pressionada pelas horas. No entanto, de nada valeu esta conjuntura ideal. O ordenado era miserável, o que vindo de uma agência de publicidade de prestígio, acho, literalmente, vergonhoso.
Mas não desmotivei. A minha vontade de sair daqui é muita, mas também sei que face à minha experiência, ao que ganho, e à conjuntura actual, as hipóteses de ir para algo melhor e bem-remunerado, são poucas. Por isso, que remédio tenho, senão ir tendo paciência de santa para a louca da minha chefe.
Eu acredito que algo maior e melhor me está reservado!
Por falar em chefe, desde a acção da passada segunda-feira, que correu às mil maravilhas, que a menina ficou lixada comigo. Provavelmente nunca pensou que me iria safar tão bem e no fundo deveria desejar que tudo fosse um fracasso, denegrindo o meu trabalho junto do cliente e da própria direcção da agência. Acontece que isso não ocorreu e nos dias seguintes, tinha uma chefe enfurecida à perna, a embirrar comigo nas coisas mais picuínhas e mesquinhas que se pudesse imaginar. E eu percebi perfeitamente o porquê de tanta embirrância.
Ontem, ainda depois da entrevista de emprego, decidi passar no Assuka e levar sushi para casa para o jantar. Estava com desejo de comida japonesa, confesso. De tamakis, a raviolis grelhados, califórnia e rolinhos de atum, o repasto foi vasto e eu deliciei-me.
Só ontem é que finalmente me decidi a pôr no correio, a carta que escrevi a fazer queixa da médica que me seguiu no Hospital da Estefânia. Em conversa com uma amiga, disse-lhe que estava decidida a apresentar queixa ao Bastonário da Ordem dos Médicos e ao Ministério da Saúde. Ela alertou-me para o facto, de a dita médica, me poder processar por difamação do seu nome profissional, situação que não me agrada nem um pouco. Por isso, decidi-me para já, em enviar apenas, a carta que escrevi para o Conselho de Administração a divulgar como todo o meu processo foi conduzido. Agora é esperar reacções… e ver em que alhada me irei meter. A última coisa que preciso é de ainda ir gastar dinheiro com advogados sobre este assunto.
A Diane falou comigo esta semana. Finalmente conseguiu falar com a médica de genética que a seguiu, sobre mim. Parece que o facto de tanto eu como a minha mãe termos o mesmo problema é bom, na medida em que, pode facilitar a descoberta de algum tipo de mutação presente em ambas. Para já, querem que em Outubro, e depois de eu fazer a biópsia que me espera de confirmação de diagnóstico, envie amostras de sangue meu e da minha mãe para análise. Não é nada de concreto, mas é mais uma esperança no horizonte.
Vamos ver. E esperar. Mais uma vez.

segunda-feira, agosto 27, 2007

'não consigo dominar este estado de ansiedade...'



















Hoje, segunda-feira, andei o dia todo stressada. Afinal, há mais de dois meses que andava a preparar esta acção e era hoje a prova final, o resultado de tanto trabalho. Tudo estava preparado há já muito tempo, mas um telefonema recebido ontem às onze e meia da noite deixou-me em acelerado estado de ansiedade. Abalou as minhas estruturas e fez-me acreditar que tudo podia ir por água abaixo. (pessimismo in extremis, sim eu sei) Não bastava os percalços ocorridos na última semana, aquele telefonema veio ainda deixar-me mais insegura e tirou-me o sono por completo. Eram três da manhã e eu revirava-me na cama, ora tinha calor, ora puxava o lençol, ora via televisão, ora escrevia ao computador, ora lia, mas o sono esse é que tardava em chegar. Durante a noite levantei-me um par de vezes e pela manhã acordei antes mesmo do despertador tocar. Fui para o trabalho ansiosa e borbulhosa, porque o estado de nervos em que fiquei, fez com que umas cinco borbulhas - daquelas grandes e caroçudas - se instalassem no meu queixo fazendo-me recordar os terríveis tempos da puberdade. Sentia-me péssima. Aliás, toda a gente reparou no meu estado de tensão e solidariamente lá ia dizendo: 'não fiques assim mulher, não vale a pena, vais ver que vai correr tudo bem'.
Eu sei que a intenção era boa, mas também sei como funciono e enquanto este dia não passasse e tudo terminasse, eu não iria conseguir relaxar. A hora esperada chegou e aos poucos as coisas foram correndo com normalidade, nos locais e com as pessoas esperadas. No final? Um êxito redondo, com toda a gente satisfeita a dizer que tudo tinha sido óptimo e corrido às mil maravilhas. Fiquei feliz. E aliviada.
Afinal, mesmo quando todos parecem conspirar contra nós, se fizermos o trabalho bem feito, ele nota-se! ;)

domingo, agosto 26, 2007

Lisbon Stories part II



















Ficámos por Lisboa. Um fds inteirinho com a companhia do C., (coisa rara) que irá ficar toda a próxima semana em casa, devido a um corte profundo num dedo e uns quantos pontos. Aproveitámos para ir visitar a exposição do World Press Photo, que já não via há uns dois anos. Este ano está no Museu da Electridade, junto ao rio, uma vez que no CCB continua a exibição do Museu Berardo. Pareceu-me mais pequena e com menos fotos do que nos outros anos, mas gostei muito. Há fotos que me fazem chorar, nem precisam de dizer nada. Está lá tudo. Mas como nos últimos dias as minhas hormonas andam um pouco para o descontroladas, as lágrimas são as forma que as mesmas encontraram de comunicar. Das fotos do World Press Photo à última música do Jorge Palma, 'Encosta-te a mim', é vê-las a escorrerem-me pela cara abaixo...
Aproveitámos ainda para ir ao cinema, ver o filme que marca o regresso da Demi Moore e do Kevin Costner, A face oculta de Mr Brooks e acabámos a noite no NooBai Café, a beber chá de lúci-lima e a comer baggels torrados com manteiga e doce, entre amigos.
Finalmente acabei a carta de 5 páginas que irei enviar já amanhã, segunda-feira, pelo correio, ao cuidado do conselho de administração do Hospital da Estefânia a fazer queixa da médica que me seguiu durante estes últimos meses. Na passada semana e após uma consulta que nem durou cinco minutos, decidi que este tipo de comportamento por parte da classe médica nacional é inadmissível, denunciadora de falta de ética e brio profissional e acima de tudo, vergonhosa. Por isso, enquanto cidadã e enquanto paciente, tomei a decisão de apresentar queixa por escrito à ordem dos Médicos e ao Conselho de Administração do Hospital. Veremos que reacções povocarei com esta atitude. Já nada me assusta para ser franca e ando farta de ser tratada como se fosse uma louca utópica. Junto com a carta, seguirão também, cópias de emails trocados, cartas, faxes e todo o tipo de documentação que comprovam tudo aquilo que a que me refiro e acuso. Posso ser louca, mas não sou estúpida...
Finalmente aprendi a pôr música no blogue. Custou mas foi, e tudo graças a uma colega de trabalho que lá me disse que links utilizar! Para abrir escolhi Vanessa da Mata e Ben Harper com este 'Boa Sorte', que eu bem ando precisada...

quarta-feira, agosto 22, 2007

Rios



















Ontem decidimos experimentar um novo restaurante. A sugestão foi dada por uma colega de trabalho que já várias vezes me tinha dito que valia a pena, que o espaço era giro, que a comida era boa e que a vista sobre Lisboa e o farol do Bugio mereciam a visita. Como o dia tinha sido um pouco bravo e só me apetecia espairecer a cabeça, achei que o timming era perfeito. Liguei ao C. e lá fomos nós até aos Rios, na marina de Oeiras, jantar. Marcámos mesa para as 20h30 e à hora marcada lá estávamos nós na marina, deixámos o carro no parking subterrâneo da piscina panorâmica e fomos à procura do restaurante, que desconhecíamos ser mesmo por cima do sítio onde tínhamos deixado o carro. As indicações ao espaço simplesmente não existiam, mas depois de termos andado um pouco desorientados na zona da marina, lá o vimos, bem lá no alto, com uma varanda enorme – que ontem estava fechada por causa do vento – e umas janelas panorâmicas. O ambiente era selecto e fashion mas não era elitista nem snobista. A decoração é actual, elegante e muito, muito cosmopolita. A vista é arrebatadora. Quando chegamos somos logo surpreendidos pelos candeeiros de tecto enormes e por todo aquele ambiente quente que emerge dos tons vermelhos. Tivemos receio que a comida, devido ao espaço, fosse nouvelle cuisine e que pagássemos muito e comessemos pouco, mas enganámo-nos. Pedi açorda de gambas e só posso dizer que A-DO-REI! Estava deliciosa, com sabor a coêntros e servida dentro de um pão alentejano. O C. comeu um bife de atum com couve lombarda e esparregado e também gostou. Bebemos vinho ao copo, couvert de entrada e não comemos sobremesa, apenas café. Foi um bocadito carote, mas acho que vale a pena uma vez por outra, nem que seja só para conhecer.
Ficam as fotos. Nós prometemos voltar.

domingo, agosto 19, 2007

Lisbon Stories




















Sexta-feira saí do trabalho com vontade de fazer algo para me mimar. Resultado? Mais um corte de cabelo, desta vez bem curto - ou Bob para ser mais precisa - como já não tinha há muitos anos. Para o C., adepto dos cabelos compridos, é sempre um choque, mas reage bem e é agradável nas palavras escolhidas. Eu confesso que ainda não sei se gosto de me ver com este new look. É novo e é diferente. Não ficou bem como eu queria, mas como estava também não gostava. Ando numa fase de indecisão, do tipo: 'quando a cabeça não tem juízo o cabelo é que paga'. Pagou mesmo, da pior maneira. Agora é esperar que cresça outra vez.
Antes do cabeleireiro ainda tive tempo de me meter na Fnac do Colombo. Foi lá que comprei o livro sensação do momento, o 'The Secret'. Eu já tinha ouvido falar vezes sem conta da lei da atracção. Aliás, o C. está sempre a dizer que o meu negativismo extremo só atrai coisas más e que não posso ser tão pessimista. Eu sempre o ouvi mas nunca fiz muito caso. Foi preciso mentalizar-me de que afinal isto das energias tem mesmo muita força, para começar a ter outra visão sobre as mesmas. Hoje, em conversa com umas amigas, uma delas diz-me: 'foi preciso editarem um livro para tu finalmente tomares atenção aquilo que eu já te ando a dizer há anos!'. Tinha razão a minha R.
No Sábado estávamos para ir até à Comporta com um grande grupo de amigos. À última da hora cortaram-se todos. Uns porque estava vento e não dáva para fazer praia, outros porque achavam que era desnecessário ir para tão longe, blá, blá, blá. Resultado? Ninguém quis ir. Então, eu e o C. decidimos ir os dois até Sesimbra, comer um peixinho grelhado e passear. O dia estava excelente, comemos uma sardinhada óptima num restaurante que uma colega de trabalho me sugeriu e passeámos pela avenida principal terminando num café com muito bom aspecto na zona nova perto do hotel. Só tive pena de não ter levado o biquini, porque a praia estava cheia de gente, o dia estava de um sol radiante e fazia imenso calor, mas fica para a próxima. À noite terminámos com uma ida ao cinema, o Ratatui da Pixar, que é simplesmente genial. Aliás, acho que estes gajos da animação estão cada vez melhores naquilo que fazem. Os pormenores do cabelo dos personagens, ou até, dos pêlos dos ratos, são tão reais, que me fazem ficar cada vez mais fã deste género cinematográfico.
Domingo o C. teve de ir trabalhar. Ainda deu para almoçarmos juntos e depois lá foi ele. Eu entretive-me até às seis da tarde sozinha, altura em que depois me encontrei com alguns amigos nos Armazéns do Chiado. A ideia era irmos até ao bar terraço do Hotel Regency Chiado que possui uma vista fantástica sobre Lisboa. Assim foi.
Subimos até ao sétimo andar do hotel e no Bar Entretanto pude ver Lisboa por inteiro. O casario estentido, o castelo de S. Jorge bem à minha frente, a Sé sob pano de fundo, o rio que se estendia como uma toalha de linho azul bem passada a ferro. Só o vento estragou esta vista idílica da cidade. O frio impossibilitou-nos de estar muito tempo na varanda terraço e fez-nos vir para dentro à procura de conforto. Fugimos das agruras atmosféricas mas continuámos a ter Lisboa como inspiração. Procurámos a única janela de tamanho XL e ali ficámos, os quatro, entre conversas e risos, como já há muito tempo não sucedia. A noite terminou no Bairro, a jantar na Adega das Mercês, entre copos de vinho tinto e ice tea. Soube bem, estava a precisar de estar rodeada por pessoas que me querem, apesar de me sentir muito cansada e de o jantar me ter caído mal.
Afinal, acho que a lei da atracção já começa a fazer efeito...

sexta-feira, agosto 17, 2007

injustiça


















Nestes últimos dias tenho-me deparado com situações e notícias difíceis. Digamos que as coisas não andam bem e eu pareço um íman ambulante que só atraí desgraças. Talvez por isso, não tenha actualizado este blogue, porque me senti de tal forma lesada pelos acontecimentos que nem conseguia falar sobre eles.
Na quinta-feira passada estava eu sossegada no meu canto a trabalhar quando uma ex colega da revista onde trabalhei anteriormente, mete conversa comigo no messenger. Não estranhei. Nós costumamos falar regularmente e como eu estive de férias achei natural ela meter conversa comigo e querer saber novidades. Mas a conversa sobre as férias limitou-se a um 'então essas férias', para logo de seguida perguntar: 'enviaste um CV para aqui?'. A questão deixou-me logo desconfiada. A verdade é que tinha estado durante a tarde que antecedeu o feriado do 15 de Agosto a enviar Cv´s por email para uma série de pessoas, inclusive para algumas editoras e directoras do grupo onde já trabalhei. Logo, o facto de ela em questão saber que eu tinha enviado um CV, quando apenas tinha passado dois dias sobre o assunto, não podia agourar nada de bom. Mostrei-me surpreendida e atirei com um: 'bem, as notícias correm depressa!', ao que ela disse: 'Pois é amiga, nem imaginas o que aconteceu!'. Foi quando li estas palavras que pressenti que o que aí vinha não podia ser, definitivamente, abonatório a meu favor!
Foi então que fiquei a saber que ela ouviu uma conversa da minha ex directora com outra pessoa, que ao que parece tinha recebido o meu currículo e o deve ter achado pertinente para uma futura contratação. Como viu no currículo que eu tinha trabalhado lá, a primeira reacção foi ir falar com a minha ex directora a pedir referências minhas e foi aqui que as coisas foram completamente por água abaixo. Segundo a minha ex colega, a minha ex directora foi 'implacável' na descrição que fez de mim. As palavras utilizadas para descrever a situação foram 'muito mau' e 'horrível', por isso imaginem o que não deve ter sido dito! Segundo a própria, que ouviu toda a conversa, a caracterização que fez do meu trabalho e até do meu currículo não podia ter sido pior, chegando mesmo a pôr em causa perante a outra pessoa, de que tudo aquilo que menciono no meu CV fosse verdade!
Saber isto, quando já saí daquela revista há mais de um ano, arrasou-me naquela tarde. Senti uma tristeza profunda, como um aperto forte no peito. Porque, pergunto-me eu, qual é o intuíto de prejudicar uma pessoa desta forma? O meu trabalho foi assim tão mau? É que na altura nada fazia prever isso! Aliás, se bem me lembro, dois meses antes de me demitir as suas palavras foram: 'estamos muito satisfeitas com o teu trabalho'. Então, o que faz alguém mudar assim? Ou, que mal lhe fiz eu para despoletar tanta raiva a meu respeito?
O que mais me revolta nem é a opinião dela a meu respeito, é a forma como paralelamente me prejudicou com aquelas palavras. Porque desta forma e perante uma descrição totalmente hedionda a meu respeito, jamais terei possibilidades de vir a trabalhar naquele grupo editorial, que é apenas, um dos maiores do país. Porque se eu quisesse voltar a trabalhar com ela, tinha de facto, enviado um CV para ela. Mas não. Eu enviei Cv´s para outras pessoas e como tal, acho de muita má fé e de muito baixo nível, alguém tentar manchar o meu nome, o meu percurso profissional e todo o trabalho que fiz durante o tempo que lá estive, desta forma. Como se eu tivesse sido uma nódoa, um erro de casting, ou tivesse denegrido e prejudicado a revista. Como se fosse uma persona non grata.
Confesso que me senti um traste naquele momento, à medida que a minha ex colega me contava tudo isto e o quanto se tinha sentido mal por ouvir toda a conversa. Disse-me que achou melhor dizer-me, para eu saber na realidade, com aquilo que posso contar. Mas a verdade é que não sei se preferia ter sabido. Contive as lágrimas o dia todo para à noite chegar a casa e desabar por completo. Senti-me completamente desprovida de valor. Humilhada.
Às vezes, basta uma crítica para deitar todo o nosso trabalho e percurso por terra. Neste momento é como me sinto.
Mas também sinto, que um dia, hei-de mostrar àquela pessoa em questão, que afinal quem se enganou a meu respeito foi ela.

segunda-feira, agosto 13, 2007

A nu



















Durante estas últimas férias e enquanto estivemos em Amesterdão, ficámos a saber que a Diane está finalmente grávida. Contrariando já todas as notícias que nos chegavam - a última vez que tinha falado com ela as notícias eram de que a 6ª tentativa da fertilização geneticamente modificada, não tinha resultado - mas ao que parece, o sangue que a Diane pensou ser o aparecimento da menstruação e que a levou às lágrimas por uns dias, era apenas uma perda de sangue genuína, resultante de uma gravidez. Engano desfeito e temos mais uma grávida (esta sim, bem merecida), que rejubila com a notícia.
E eu sei que se há alguém que merecia engravidar era ela depois de todo o sofrimento envolvido e de todo o esforço para ter um filho saudável. E sim, fico muito feliz, porque sei o que é viver na pele - literalmente - com isto todos os dias, mas ao mesmo tempo, não consigo evitar este aperto no peito que sinto sempre e quando oiço mais uma notícia de 'bebés', 'gravidezes' e afins.
Como se invejasse perdidamente todas as que neste momento passam e vivem essa sensação.
Por isso pergunto-me: Isso faz de mim uma pessoa má?
Sei que neste momento é difícil para mim falar com a Diane, seja via messenger, seja por email, porque não quero que aquilo que sinto, estrague de alguma forma a felicidade dela, por isso deixo-me estar assim, quieta, sem dizer nada, apesar de saber que o meu silêncio apenas denuncia ainda mais aquilo que me vai na alma e que ela o entende na perfeição. Não é à toa que hoje me mandou um sms a perguntar porque é que ainda não lhe respondi ao email que ela me enviou nas férias e se estava de alguma forma chateada com ela. Claro que não tive coragem de dizer que este meu silêncio é a melhor maneira de lidar com a minha dor e disfarcei, desculpando-me com o regresso ao trabalho e as férias.
Pergunto-me: Isto faz de mim uma pessoa falsa?
Sei que se fosse ao contrário ela provavelmente sentiria o mesmo. Falámos sobre isso quando nos encontrámos aqui em Portugal, mas agora que ela está efectivamente grávida, eu temo não conseguir acompanhá-la na sua alegria, mas sei que se fosse o contrário, eu gostaria que ela me acompanhasse na minha.
Pergunto-me: Isto faz de mim uma pessoa egoísta?
Sei que se tivesse passado por tudo aquilo que ela passou ao longo destas seis tentativas de fertilização, biópsias e até, um aborto induzido, teria desistido a meio do percurso, já teria derramado rios de lágrimas e sentir-me-ia a pessoa mais miserável e infeliz deste mundo, mas se ao menos tivesse essa hipótese, saberia que valeria a pena tentar, ou fazer o sacrifício. Acontece que neste momento eu não tenho hipóteses. Aliás, a minha vida resume-se a uma sucessão de portas que me levam sempre ao mesmo destino: o ponto de partida, deixando-me com um panorama pouco ou nada animador.
Ninguém me impede de ter um filho, apesar de eu saber que o mais provável é ele vir com o mesmo problema que eu, e eu não sei se desejo ter um filho como eu. Não sei sequer, se mereço deitar a este mundo uma criança como eu. Há quem me diga que não devo pensar assim, porque caso contrário não existiria, nunca teria tido a oportunidade de viver tudo o que já vivi, que isso não me define enquanto pessoa. Eu concordo. Mas desejar ter um filho assim, ninguém deseja. Ninguém tem um filho assim por opção.
Pergunto-me: Isso faz de mim uma pessoa fria?
Às vezes penso que apenas quero ter um filho e o resto que se lixe. Talvez por isso, em Amesterdão, me tenha esquecido propositadamente de tomar a pílula e de ter aguardado ansiosamente pela não chegada da menstruação. Mas ela apareceu, certinha, no Sábado de manhã, quando a minha mente já andava a divagar entre nomes de menino ou menina. Chorei compulsivamente sentada na sanita da casa de banho. Sozinha, sem dar parte fraca ao meu marido. Nesta questão, todos os fantasmas que me afligem, são só meus. Acho que ele nunca teve, nem terá, noção da dimensão desta minha ansiedade. Eu sei que ele não gosta de me ver sofrer, que se apercebe do pouco que lhe vou dando a entender, do meu ressentimento, da forma como a mágoa me sai límpida nas palavras, mas nunca lhe dou a conhecer o verdadeiro icebergue que está por debaixo dela.
Pergunto-me: Isso faz de mim uma pessoa calculista?
Sempre pensei que 2007 seria o ano em que engravidaria. Mas neste momento, 2007 revelou-se um ano vazio e sem perspectivas. Começou cheio de esperanças e desabou a meio, restam-me farrapos, sob a forma de consultas, cujas datas se vêem ao longe tantos são os meses que faltam para elas... até lá continuo no limbo da indecisão, da incerteza... continuo a receber notícias de gravidezes vindas um pouco de todo o lado, mostro-me afável mas contida nas palavras. Tenho medo que tudo me traia, até um simples olhar.
Pergunto-me: Isso faz de mim humana?




family questions




















O regresso ao trabalho foi difícil. Aliás, está a ser difícil. Ontem só de pensar que faltavam apenas umas míseras horas para o regresso, o meu estômago embrulháva-se e começava a sentir suores frios. É que ao contrário daquilo que tem acontecido, este regresso após duas semanas de ausência foi custoso, difícil e doloroso. É que quando uma pessoa se está a acostumar a esquecer tudo o que se relacione com trabalho e a não sentir qualquer espécie de saudades deste ambiente conspurcado e das pessoas com as quais temos de conviver/trabalhar e passar a maior parte do nosso dia, eis que elas regressam de novo para nos atormentar. E estas, até à data, são as melhores a fazê-lo.
Como já seria de esperar, todo o trabalho que deixei pendente, assim ficou. Pouco ou nada foi dado seguimento, apesar do meu extenso memo, mails, recados e notas que deixei feitos. Até aqui, nada de novo. Apesar de achar injusto e de saber que este tipo de situação, de espírito de equipa tem pouco ou nada, já não estranho. Sei bem com quem trabalho e por isso mesmo, e também porque sou uma gaja organizada, tudo o que deixei pronto está em perfeito estado de continuar do ponto onde ficou, ainda tendo margem de manobra para preparar as acções que tenho planeadas.
Confesso que este meu regresso fez-me ver, mais do que nunca, que não quero continuar aqui, rodeada destas pessoas, continuar a ser um terceiro elemento e não parte de uma unidade. Que o facto de ter o meu messenger sempre a falhar o dia inteiro, de não ter internet, ou o mail constantemente a bloquear, são outros pequenos grandes pormenores que me fazem começar a ficar cada vez mais farta de tudo isto.
À parte destes desabafos laborais que voltam novamente a fazer parte da minha vida, para mal dos meus pecados, eis que este fds o convívio com os meus pais e sogros deixou-me tudo menos calma. Além de não conseguir, nos últimos tempos ter uma conversa adulta e razoável com a minha mãe, nunca os nossos feitios entraram tanto em conflito. O comportamento dela chega a roçar o infantil, tudo por causa da crise emocional em que anda mergulhada e por culpa da menopausa.
Este turbilhão hormonal faz com que tenha birras, amue, ou pura e simplesmente se comporte como se eu e ela fossemos da mesma idade, ou pior, como se eu tivesse que lhe dar satisfações de tudo na minha vida, ou ainda mais gravoso, como se ela ainda mandasse em mim e controlasse as coisas. Este tipo de desavenças já nos fez ficar chateadas mais de um mês, em que nem ela ligava para mim, nem eu para ela. Quando finalmente as coisas pareciam acalmar, eis que me faz uma cena de todo o tamanho na Ericeira, apenas porque quando chegou lá a casa, eu ainda não tinha a mesa do almoço posta! Ando fartinha deste tipo de responsabilidade com que as pessoas nos atiram frequentemente à cara do, 'És mulher, tens de pensar nestas coisas', como se o facto de ser mulher e casada, tivesse automaticamente incluído o carimbo de 'responsabilidade conjugal e trabalho acrescido' com que as pessoas gostam de nos atirar à cara, principalmente as outras mulheres e que todas as tarefas como ser cozinheira, dona de casa, ama, criada, e todo o tipo de acções serviçais a que as mulheres do século passado estavam predestinadamente incutidas, continuassem a figurar como parte do 'pacote'...
Causa-me bastante estranheza saber que, apesar de ter uma mãe relativamente nova (49 anos), a mesma tenha um comportamento e mentalidade tão pequena e provinciana. E que em vez de lhe notar algum tipo de evolução, abertura ou tolerância, ela regrida e esteja cada vez pior. E eu viro uma autêntica fera quando isso acontece em frente aos meus sogros, porque aí a minha responsabilidade enquanto mulher parece aumentar, como se eu tivesse a necessidade de provar ou de demonstrar perante terceiros, que o filho deles fez uma boa escolha ao casar-se comigo. Como se tivesse de estar constantemente a dar provas de que sou uma rapariga 'prendada', 'simpática', 'que sabe coser', 'bordar', 'cozinhar', passar a ferro', and so on. Como se tivesse constatentemente de demonstrar que faço tudo e tenho todas as qualidades do Mundo, que é no meu marido que encontro a razão do meu ser, que é para ele que eu vivo...
Ora, se há coisa que eu detesto é sentir-me presa, condicionada e ter terceiros a darem-me ordens, principalmente quando estão na minha casa - mesmo sendo os meus pais - e quando eu já não sou propriamente uma criança de cinco anos. E depois além da mãe, é ter uma sogra à perna, que só encontra qualidades no filho e que vê a nora como uma espécie de bruxa má cheia de defeitos, onde as palavras cuspidas vêm carregadas de veneno...
Nunca me senti tão saturada de tudo e de todos como me ando a sentir actualmente. E ter este tipo de pressão vinda directamente da minha mãe e da minha família, é meio caminho andado para me afastar, não ter vontade de estar com eles e não ter paciência sequer, para este tipo de comentários e comportamentos. Talvez esteja a ser muito egoísta e não esteja a saber dar à minha mãe, por exemplo, o acompanhamento devido nesta altura delicada da vida dela, mas considero que ela também não está a ser boa mãe e não está a saber dar-me a força necessária nesta altura igualmente frágil da minha.
E se há coisa que me faz muita confusão, mas muita mesmo, é ver os pais - e neste caso os meus - a quererem projectar nos filhos as ilusões que eles próprios criaram, aquilo que eles querem à força toda que eles sejam e não aquilo que nós, enquanto filhos, verdadeiramente somos. Eu não posso ser a filha idealizada da minha mãe, eu sou eu, com os meus muitos defeitos, mau feitio e resmunguices. Mas ela parece continuar a só ver as partes más e a querer atirá-las à cara frequentemente. Não bastava esse papel já caber à minha sogra, agora ainda tenho de ter o azar a dobrar...

domingo, agosto 12, 2007

Recomeçar




















Recomeça ...
Se puderes,
E os passos que deres,
Nesse caminho duro do futuro,
Dá-os em liberdade
Enquanto não alcances,
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

Miguel Torga, Recomeçar


Faz hoje anos sobre o nascimento daquele, que eu, considero o meu escritor favorito e um marco notável na história da literatura portuguesa. Já tantas vezes aqui mencionado, seria inenarrável da minha parte não lhe dedicar hoje, nesta data tão especial, o merecido mérito e destaque.

Recomeçar, porque me toca e porque nesta altura da minha vida, nunca as suas palavras fizeram tanto sentido.

sexta-feira, agosto 10, 2007

purple wall




















Estas férias não foram só de passeio, também serviram para de um dia para o outro, tomarmos a decisão de darmos uma nova cara àquela zona de passagem no primeiro andar. A nossa casa em duplex, no andar superior, limita-se ao nosso quarto e a uma casa de banho, no entremeio estava esta zona, que sempre quis mobilar mas nunca soube exactamente com o quê. Quer dizer, saber até sabia, ainda não tinha era encontrado nada que me enchesse as medidas e sempre tivemos a dúvida se havíamos de pintar ou de colocar papel de parede. Ora, actualmente existem papéis de parede lindíssimos, mas caríssimos e há falta de melhor, a tinta é mesmo a opção mais barata e sempre cria um efeito visual bonito. Pegámos no carro e demos um saltinho à CIN, perto do parque das Nações, onde escolhemos este 'Malva Velho Caxemire', (nome pomposo não?), um mistura de cor púrpura e rosa. Depois de termos comprado todos os apetrechos e de ter ajudado o C. com a tarefa de 'ir pintando os cantos e umbreiras onde o rolo não chegava', depois de ter pintado sem querer o tecto com uma pincelada de roxo, e de duas demãos, este foi o resultado final. Para primeira parede pintada em conjunto não está nada mal, mas teve de levar alguns retoques denunciadores da inexperiência dos trabalhadores. Depois foi a tarefa de escolher um móvel branco para aquela zona. Isto tudo porque trouxemos de Amesterdão mais um poster para emoldurar e colocar em casa, ou seja, mais um quadro, nesta casa que já quase parece um museu. Desta vez foi o quadro das amendoeiras em flor, de Van Gogh, com um fundo azul divinal. Eu apaixonei-me mal o vi e pronto, mal cheguei a Portugal toca de ir ao Ikea comprar a moldura e voilá! Ei-lo, em todo o seu esplendor! A moldura escolhida foi branca, pois achámos que se destacava, mas essa escolha também nos condicionou toda a restante decoração. De qualquer forma, depois de muito calcorrearmos a Avenida Almirante Reis à procura de uma consola branca em estilo rústico, de termos ido ao Gato Preto no Sintra Retail Park, ao Ikea, e até, a um antiquário perto de Terrugem, lembrámo-nos de espreitar o bazar da Habitat/ou Area, como preferirem, perto de Sintra. E nem de propósito, foi lá que encontrámos esta estante, que de consola tem pouco, mas é branca, estava em perfeito estado, custou-nos metade do preço a que está à venda na loja e ainda serve para arrumar os livros que cá em casa se acumulam em quantidades loucas! Pesa toneladas e trazê-la pelas escadas até ao segundo andar e depois ainda subir as de casa, fez-nos suar as estopinhas, mas valeu a pena! O vaso é do Ikea! Foi carote, mas também me apaixonei perdidamente por ele. Aliás, andava a namorá-lo há muito tempo, não tinha era sítio onde o pôr, por isso, esta foi a oportunidade perfeita. Quanto ao resto, um livro do Chagal, que vê finalmente a luz do dia com o destaque merecido e algumas lembranças trazidas de Amesterdão, como por exemplo um bloco de notas com argolas metálicas que quero transformar em livro de viagens. O quadro de Van Gogh? Bom, há semelhança deste, decidimos deixá-lo no chão. Não foi preguiça em pendurá-lo, é mesmo porque achamos que assim, tem muito mais personalidade.
Estou feliz com a minha 'purple wall'.
E agora vou aproveitar estes últimos dias de férias com uma ida até à Ericeira. Segunda-feira marca o meu triste regresso ao trabalho e eu já começo a sofrer de pré-ansiedade laboral.

Quero praaiiiiaaaaa....!!!




red light district



















Se calhar este post deveria de ter uma bolinha no canto superior direito, mas não tem. Os mais conservadores ou púdicos, apenas lhes peço que simplesmente o ignorem, ou passem à frente (neste caso atrás e leiam outras coisas passadas), mas não falar do Red Light District em Amesterdão, era como ir a Roma e não ver o Papa.
À primeira impressão o sentimento foi de choque, não no sentido de escandalizada, mas de 'Como é que é possível que haja tamanha oferta sexual em pleno centro da cidade?', mais, 'Como é que é possível que, essa mesma zona, venha assinalada no mapa por onde nos guiámos durante toda a nossa estadia como motivo de atracção turística?'.
Pois é, é essa a grande diferença entre os portugueses e os holandeses. Ali há uma liberdade tremenda, liberdade essa que te permite experimentar de tudo um pouco, desde que com essa mesma liberdade, não ponhas em causa a liberdade dos outros. No fundo é um respeito elevado a uma categoria superior. Se tens vontade de fazer, faz. Se queres ver, vê. Se não queres fumar, não fumas. Mas está tudo ali, sem encobrimentos nem falsos moralismos. Eu gostei.
Se a prostituição é, segundo dizem, a profissão mais antiga do mundo, então porque não lhes dar o mínimo das condições para que possam fazer o trabalho? Nada como terem um sítio onde se possam lavar, uma montra onde se possam exibir e um pequeno quarto que por breves momentos serve de oásis do prazer aos mais aflitos. Sempre acho mais digno do que passarmos por Monsanto e vermos meninas à beira da estrada e carros a encostar.
À parte de tudo isso, a zona do Red Light District significa pudermos ter uma noção da verdadeira animação nocturna em Amesterdão. No fim-de-semana que fomos, que por casualidade coincidiu com a Gay Parade da cidade, as ruas e os canais estavam ao rubro, com música em altos berros e centenas de pessoas vestidas das formas mais diversas, eufóricas e com sede de diversão. Havia de tudo e para todos. Desde lojas de artigos sexuais, passando pelos espectáculos de sexo ao vivo, shows eróticos, ou simplesmente, as meninas nas montras rodeadas por neóns vermelhos, só não encontra com o que se entreter quem não quer.
Nós preferimos dar uma de voyeurs, rindo de tudo o que encontrávamos, com uma verdadeira satisfação infantil perante tudo aquilo que era novidade para os nossos olhos.
adenda: As fotos eram proibidas, mas eu à socapa lá fui tirando agumas.

quinta-feira, agosto 09, 2007

'I want to ride my bicycle...



















... I want to ride my bike', era assim a música dos Queen sobre o tema das bicicletas, provavelmente o Freddie (Mercury) também sentiu necessidade de escrever/cantar sobre as bicicletas, quem sabe, após uma viagem a Amesterdão. A verdade é que não sei o que o levou a gravar uma música sobre elas, mas quem anda nestes velocípedes de duas rodas naquela cidade, não consegue resistir à excitação que tal acontecimento provoca. Queremos sentir o pulsar das coisas, desviarmo-nos das pessoas, desequilibrarmo-nos em pela estrada, rodar o dedo sobre a campaínha e ouvir o tilintar da mesma avisando a passagem.
De todas as formas, com cestos à frente, com cadeirinhas de bebés, com bonecos de plásticos sobre o guiador, com flores, pintadas de cores berrantes, enferrujadas, ou simplesmente pretas e simples, as bicicletas em Amesterdão são mais do que os carros e encontram-se estacionadas em todos os recantos, postes, pontes, esplanadas, passeios e ruelas. Se estivermos bem atentos, os cenários que enquadram dão fotos magníficas, reveladoras do verdadeiro pulsar e beleza da cidade.
Deixo-vos alguns exemplos.

quarta-feira, agosto 08, 2007

amores e flores




















Amesterdão é a cidade das flores. Em cada janela, praça, varanda, sala, mesa, rua, escadas, lá estão elas, a espreitarem em todo o seu esplendor, cheias de cor, de beleza e de vida. Para mim, eterna apaixonada da cor e das flores, este espectáculo visual era o meu delírio. O 'Flower Market', que visitámos Sábado logo pela manhã, também foi uma verdadeira tentação. Tinha vontade de trazer ramos de tudo, baldes, sementes, de encher a casa de todo o tipo de flores frescas e vivas, enfim, de ter uma verdadeira plantação, ou uma estufa enorme, onde pudesse albergar todas as cores que via. Mas àparte dessa zona da cidade onde a beleza das flores se exibe em todo o seu esplendor, a verdadeira magia de Amesterdão e consequentemente das flores que dela fazem parte, é descobri-las em cada praça, em casa varanda, em cada sala, em cada mesa, em cada rua, em cada escada... Isso, e imaginar-me numa daquelas janelas de vidros enormes, com a luz a entrar e a inundar cada pedaço de sala, batendo-me no rosto e inundando-me de tranquilidade.
Fotos só de flores, aqui. (só para as românticas)

De regresso (suspiro)



















Regressámos de Amesterdão, essa cidade fantástica que nos deixou completamente apaixonados por esse país incrível que é a Holanda. Nunca pensei ser tão surpreendida pela positiva! Quando decidimos o destino de férias, eu confesso que estava mais inclinada para uma semana de papo para o ar sem fazer nenhum, do que propriamente umas férias activas e culturais, cheias de aventura e actividades, mas valeu bem a pena!
Amesterdão é uma cidade fascinante, livre, romântica, apaixonada, rica, cheia, enfim... não consigo encontrar os adjectivos certos para descrevê-la. Viemos de tal forma impressionados com o que vimos e o que vivemos, que estamos seriamente a pensar em ir viver para lá. Além de ter uma arquitectura maravilhosa, com os seus prédios de fachadas inclinadas que parecem estar prestes a desabar, com grandes salas de tectos trabalhados e janelas enormes que deixam qualquer um com o seu voyeurismo nos píncaros, a cidade é ainda adornada pelas centenas de canais e pontes, rodeados de árvores, de água e de verde, muito verde. Tudo junto, temos uma tela rica e cheia de pormenores magníficos, adornada pelas flores que se encontram em cada esquina, em cada prédio, em cada janela, em cada umbreira de porta. Não é à toa que provêm da Holanda alguns dos melhores mestres da pintura impressionista, como Van Gogh. Com tamanha inspiração, até eu fazia coisas bonitas...
Não tinha uma tela, mas tinha uma câmara, que fotografou loucamente tudo o que via, tudo o que sentia, tudo o que me fazia vibrar. São tantos os pontos por onde o olhar é atraído, que é impossível fazer justiça a tudo quanto nos entra pelos olhos. As bicicletas são aos milhares. Cruzam-se a uma velocidade louca pelas ruas e pontes da cidade, muitas vezes fintando-nos e fazendo com que nos sintamos num verdadeiro jogo do gato e do rato. Nelas podemos ver executivos de pasta na mão, senhoras com crianças de tenra idade, jovens a falar ao telemóvel, todos sem excepção as utilizam como o transporte diário naquela cidade plana e contruída em cima de pilares. Imbuídos pelo espírito bike, decidimos dar uma de 'em Amesterdão, sê holandês', e vaí daí, alugámos umas bicicletas para experimentar a sensação do pedal. O resultado? A música do 'Verão Azul' foi a banda sonora escolhida enquanto pedalávamos pelas avenidas e ruas da cidade.
Tivemos ainda oportunidade de passear de barco pelos canais, assistir à parada Gay (o primeiro fim-de-semana de Agosto é a festa gay da cidade, que se encheu de milhares de pessoas de todos os tipos e feitios -literalmente), de visitar os verdes campos holandeses ou Windmills - onde pudemos ver os gigantescos moínhos holandeses em funcionamento em Volendam, ou até, de experimentar as típicas socas de madeira numa fábrica onde pudemos vê-las a serem construídas - e ainda, de visitar uma comunidade protestante (Beatrixburg), uma fábrica de queijos (Henri Willig), uma vila piscatória (Waterland) e de navegar de barco até à ilha de Marken. Passeámos ainda pela famosa zona do Red Ligth District, experimentámos as típicas Coffee Shops, visitámos museus, entrámos dentro de uma casa barco e andámos à chuva, porque até isso eu gostei de Amesterdão - o seu tempo de ceú cinzento e chuvoso. Decididamente, esta cidade é a minha cara!
Tudo isto em apenas cinco preenchidos dias, onde dormimos pouco e andámos muito, àvidos de não deixar metro quadrado em branco e esquecido.
Prometo nos próximos posts falar e mostrar tudo quanto me lembre.
Quanto às fotos, podem ver uma boa amostra, no sítio do costume.*


quinta-feira, agosto 02, 2007

férias...



















Finalmente férias com sabor a férias! Estávamos a precisar, daquele sabor a sal, do sol abrasador sob a pele, dos pés descalços, dos chinelos, da água fria a molhar-nos o corpo, do vento a bater-nos na cara. Foi regenerador.
Depois de um início de férias bastante conturbado, este convite dos meus pais, para irmos todos juntos até àquela ilha feita de pedra e vegetação rasteira, da qual eu tenho boas memórias da minha infância, foi um matar de saudades e um reviver de emoções e lembranças em colectivo enquanto família. Não ia às Berlengas há mais de 15 anos... e pensar que antigamente era sempre ali, naquele calhau perdido no meio do Atlântico, quase em estado selvagem, que passávamos sempre, mas sempre, as nossas férias de Verão.
Aprendi a amar a ilha através do gosto incutido pelos meus pais. Segundo a minha mãe, a minha primeira viagem foi dentro da sua barriga, talvez por isso, sinta uma ligação muito especial com o local. Digam o que disserem, eu consigo ver beleza naquele pedaço de rocha, numa simples poça de água deixada pela maré baixa onde descubro um mundo infinito de cores e de seres, no cheiro a maresia que me entra pelo nariz adentro, pelo mar azul e infinito, pelas águas transparentes e frias, pelas estrelas do mar e anémonas que me encantam, pelos ceús estrelados cheios de ruídos característicos, pelo farol lá no alto, vigilante inabalável dos tempos, pelo Forte de pedra, grande, implacável, seguro. Conheço cada recanto, cada sala, cada janela, cada caminho. Lá, sinto-me em casa. Não necessito do conforto do sofá ou dos luxos da civilização, lá sinto tudo em estado bruto e nem podia ser diferente.
Para o C. foi uma verdadeira estreia. Depois de tanto anos, regresso mulher e casada a uma ilha que não visitava desde os meus 13 anos. Ele diz que gostou. Que as paisagens são inspiradoras e nem a subida a pé da escadaria com mais de duzentos íngremes degraus até ao alto da ilha, o demoveu, nem a viagem no velho Cabo Avelar que de manhã nos deu um valente banho à custa das ondas do mar. Tirámos muitas fotos (mais de 300), que agora tenho em dificuldade em escolher por gostar de todas. Chegámos a casa salvos e satisfeitos, mas prontos para uma nova aventura.
Partimos amanhã para Amesterdão. As férias continuam.
Regresso na próxima semana. Até lá.*