domingo, novembro 26, 2006

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A notícia chegou até mim da forma mais abrupta e violenta de que tenho memória. Nunca antes tinha recebido notícias que tivessem um elo de ligação comigo, assim, através da frieza da televisão, enquanto ouvimos nomes que nos são familiares associados a uma tragédia. 4 jornalistas portugueses morreram ontem, vítimas de acidente, no Chile, enquanto se preparavam para sobrevoar a zona da grande Lagoa de São Rafael. Entre eles estava a nossa directora de comunicação, a Claúdia. Ainda agora, passado 24 horas, não consigo aceitar/digerir a notícia de que 'isto' aconteceu.
A C. era divertida, workaholic, dona de um sentido de humor refinado e muitíssimo apurado e fazia na próxima terça-feira 34 anos. A C. andou a preparar esta viagem durante meses, ansiando pelo merecido descanso numa América Latina que a atraía tanto a ela quanto a mim. Quando inicialmente ouvi o primeiro flash da notícia lembrei-me logo dela, mas afastei a ideia da minha cabeça. Foi só quando ouvi o seu nome que a notícia caiu em mim como um prédio de 50 andares. Eu sabia que a C. ia andar a correr o país de lés a lés, alternando entre a Argentina, o Chile e a Patagónia, numa verdadeira aventura, mas nunca pensei que fosse ela que estivesse naquela pequena aeronave. Na véspera da sua partida disse-lhe o quanto a 'invejava', pedi-lhe para me levar na bagagem. Apesar de trabalhar na agência há pouco tempo, tenho bons momentos passados com a C., como o concerto dos Trovante no Campo Pequeno, em que cantámos e dançámos juntas, o jantar de sushi no Assuka, em que todos ficámos com uns copos a mais, ou até, as gargalhadas que demos ao pé de um 'Noddy' gigante, que numa destas manhãs nos animou na agência e onde ela me pediu algumas fotografias para enviar para os sobrinhos.
A C. morreu ontem, de forma injusta e ingrata.
E todo o céu chorou connosco.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Depressa e bem não há quem!

Pois ontem foi mais um dia em que eu saí de casa atrasada para o trabalho. Isto acontece diariamente, levante-me eu às sete da manhã, ou às oito. Não há remédio que me valha. Admito que de manhã sou desorganizada, me custa ser ágil e rápida, que sou molengona, rabujenta, que demoro horas no banho matinal e que fico estupefacta como é que há pessoas que conseguem em apenas 20 minutos estar 'ready to go'.
O C. levantou-se à mesma hora que eu, quando ontem, até podia ter ficado mais umas horitas na cama. Geralmente deixo tudo pronto de véspera, organizo a roupa do dia seguinte, o almoço que trago todos os dias e deixo tudo a jeito, sempre na esperança de na manhã seguinte conseguir fintar o relógio em mais dez minutos, um quarto de hora, mas qual quê! Ele ainda me entregou o Actimel que vou todos os dias a beber no carro (passo a publicidade) e fechou-me a porta de casa. E lá fui eu à minha vida, quase sempre a acelerar na marginal e à espera de chegar a horas...
Pois ontem se já ia atrasada, ainda mais fiquei. Quando entrei na avenida principal rumo à expo pensei: 'estou a ir depressa demais, qualquer dia lixo-me'... e se bem o pensei, rapidamente aconteceu, pois cinco minutos mais à frente fui mandada parar por uma mulher polícia que muito rigidamente me pediu os documentos. '-Bom dia, os seus documentos e documentos da viatura por favor' e eu toda a tremer lá comecei a tirar a tralha da mala e a dizer, '-Ai sabe, é a primeira vez que sou mandada parar e me pedem estas coisas' - a ver se o motivo da paragem seria outro que não aquele que eu já sabia - e ela muito friamente diz, '-E a senhora sabe porque é que foi mandada parar?' e eu numa pergunta rectórica respondi; '-Porque vinha muito depressa?'.... '-Faça favor de sair da viatura e acompanhe-me!'
E foi assim, que fui multada em 120 euros que tiveram de ser pagos na hora. E se já ia atrasada, ainda mais fiquei. Mas ontem, ao contrário do dia anterior, acordei bem disposta e só me ria com a situação. Ao meu lado, uma outra jovem condutora à qual lhe tinha acontecido exactamente o mesmo (ao que parece as mulheres estão cada vez mais aceleras... ou mais atrasadas) chorava compulsivamente com a ideia de que podia ficar um mês sem conduzir e soluçava, '-Mas porque é que eu fui pôr a minha filha à escola?', como se o destino conspirasse contra ela. Eu resignei-me com a minha triste sorte (é que em dois meses é a quarta multa que levo! as outras são de estacionamento...) e chorava por dentro, enquanto me ria por fora, numa tentativa de diplomacia policial e assumindo a 'mea culpa, mea culpa' ao digitar o meu código multibanco.
A mulher polícia lá se mostrou mais 'mole e humana' e numa tentativa de fazer conversa para quebrar o gelo da situação, virou-se para mim e disse: '-Deixe lá, agora com o subsídio de Natal, 120 euros não é nada, dentro do azar até teve sorte!' e eu, muito seriamente respondi; '-Não tenho subsídio de Natal!'
Fez-se um silêncio de morte de ambas as partes.
'-Isso é que é pior, isso é que é pior...', respondeu ela.
Hoje de manhã não ultrapassei os 50 kms hora, demorei mais do que os tradicionais 15 minutos a chegar ao trabalho, mas calculei que com o temporal que está, nenhum polícia se dignasse a fazer controlos de velocidade à chuva e ao frio à beira da estrada.

A imagem que eu gostaria de colocar (o blogger hoje está cheio de problemas) para ilustrar esta caricata situação (uma vez que não tenho foto de minha autoria que me valha), é do Guilherme Lopes, este fantástico ilustrador e artista. (quando der, prometo colocar)

quarta-feira, novembro 22, 2006

Parabéns amiga!





















A C. hoje faz anos. 28 como eu já fiz o mês passado. E além de ser a minha melhor amiga, é também simpática, divertida, linda de morrer, super fashion e trendy, mãe extremosa, com uma filha maravilhosa (a minha querida 'sobrinha' de mesmo nome que o meu) e ambas possuímos gostos muito, muito idênticos, tanto, que no outro dia enquanto mostrava umas fotos em que estávamos as duas, me perguntaram se éramos da mesma família. Não somos, mas é como se fosse. As irmãs dela é como se fossem minhas, os pais, é como se fossem meus familiares e todos estiveram presentes no meu casamento, assim como eu estive no dela. A C. conhece-me do avesso, tanto que hoje quando lhe liguei para lhe dar os parabéns, ela e à distância de 150 kms, percebeu imediatamente que eu não estava bem. Às vezes basta um tom de voz, um simples suspiro para ela imediatamente me escrutinar o que me vai na alma (às vezes acho que ela me conhece ainda melhor do que o meu próprio marido), afinal, foram mais de seis anos a viver diariamente comigo, a aturar-me as neuras, as alegrias, os stresses. No outro dia, enquanto falávamos ela disse-me: 'Estiveste comigo sempre nas alturas mais importantes da minha vida' e a frase deixou-me sensibilizada. Hoje em dia não são tantas as vezes que nos vimos, mas sempre que o fazemos passamos horas a tagarelar sobre tudo (tanto, que até os nossos maridos ficam espantados como conseguimos ter tantos temas de assunto). Mas nós ficamos felizes assim e aproveitamos sempre todos os bocadinhos em conjunto, porque sabemos que actualmente são poucos. No entanto, posso passar meses sem a ver, mas sempre que nos encontramos, sei que nada, mas absolutamente nada mudou entre nós.
Parabéns amiga!
(O colar da imagem será o seu presente personalizado, feito com as cores que ela tanto gosta). Mais, aqui. *

terça-feira, novembro 21, 2006

there´s no place like home




















É oficial, vamos vender a nossa casa. A decisão não foi fácil e eu confesso que ainda me encontro a digeri-la, mas prefiro mentalizar-me de que vai ser vai ser bom para nós, de que apesar do sacríficio é a opção mais sensata e de que estou a tornar-me numa adulta cheia de maturidade e ponderada nas decisões. Claro que falar é fácil, mas acho que crescer traz consigo uma série de decisões difíceis, decisões essas que exigem escolher umas coisas em detrimento de outras... o mesmo acontece com a casa que neste momento decidimos vender. Além de ser a nossa primeira casa, tem pormenores simplesmente deliciosos como as paredes em pedra no quarto e nas escadas, ou a casa de banho do piso de cima com azulejos coloridos. Adoro o facto de ter lareira e de no Inverno me sentir como gato ao borralho, ou de ser duplex permitindo um efeito de leveza e de amplitude, ou a cor do nosso chão em tábua corrida, ou até, a forma como a luz natural entra pela janela da sala ou da cozinha e se reflecte nas paredes e por todo o lado, criando um efeito único para excelentes fotos. Gosto desta casa por ter sido a primeira que comprei, por ter aquela identidade de pertença, por estar num sítio sossegado, por ao fim de semana, ou ao final da tarde, puder ver rio e árvores mesmo ao abrir da janela. Gosto dela por ter tudo a ver comigo, por achar que está bem decorada, por achar que tem um espírito jovem e divertido, por saber que todas as pessoas que cá vêm se sentem bem. Ao vendê-la, sinto que perco parte de mim, mas outros projectos virão e outras casas se encherão de boas recordações, ou de novos pormenores para descobrir e fotografar. Quem quiser, pode ver mais, aqui ou pedir informações para: casinha_de_botoes@yahoo.com
O bebé da foto é o meu priminho G. que nasceu há um mês. Este Domingo foi dia de visita. É calminho, bem disposto, esteve sempre de olho aberto e atento a tudo e só chorou quase na hora de irmos embora porque a fome já apertava. Eu sinto-me sempre desengonçada quando me metem crianças tão pequeninas nos braços e acho que não lhes sei pegar, quase que tenho medo de as partir, já o C. parece ter instintivamente jeito....

segunda-feira, novembro 20, 2006

Little Miss Sunshine


Little Miss Sunshine ou 'Uma família à Beira de um Ataque de Nervos' em português, é um daqueles filmes que tem o dom e a sabedoria de, através de uma história aparentemente simples, se transformar numa obra prima. Não é somente pelas personagens geniais, bem construídas e trabalhadas, onde cada um à sua maneira procura o caminho e a rota para encarrilhar a sua própria vida, não é apenas uma família disfuncional, igual a tantas outras na sua loucura, amor e relações pessoais, não é apenas o típico adolescente conturbado que fez um voto de silêncio e que odeia o mundo e toda a gente, não é apenas o típico intelectual brilhante, perdido e sem rumo, que tem tudo para ser um génio, mas cujos meandros da vida e do amor o levam por caminhos mais conturbados, não é apenas o pai fracassado que acha que possui a fórmula para o sucesso, ou a mãe que tenta não dar em doida e ser o elo de equilíbrio que os une a todos, ou a 'petit cherie' da família que sonha em ser miss américa, ou o avô que se recusa a ser o típico velhote de pantufas. É muito mais do que isso, é uma comédia negra, genial que muitas vezes roça a realidade, exacerbando-a, caricaturando-a e fazendo com que nos identifiquemos com aquelas vidas meio perdidas, meio sem rumo, que viajam numa velha volkswagen ao mais puro estilo hippie onde lhes acontece todo o tipo de intempéries. Rimos, choramos e no fim também queremos subir para cima daquele palco e fazer figuras tolas para uma plateia de 'freaks'. Porque duvido que não haja nenhuma família que nunca tenha passado por situações destas e talvez por a minha também ser um pouco assim, eu tenha gostado tanto do filme.
Tocou-me bem cá no fundo.

domingo, novembro 19, 2006

afinal, não há mesmo coincidências...






















O plano para o nosso Domingo soava a apelativo: acordar cedo e ir até aos Pastéis de Belém tomar o pequeno-almoço (eu claro, com os devidos cuidados, uma vez que pastéis de nata neste momento estão interditos ao meu estômago 'de andorinha'... um regime forçado, mas adiante.) Levámos o Expresso, sentámo-nos numa das salas interiores onde o ruído de fundo não se fazia sentir com tanta intensidade, eu levei os meus livros na mala, fomos rapidamente atendidos, enfim..., tudo parecia perfeito nesta manhã fria e enovoada. Enquanto bebía um chá de cidreira, tirava fotos, registava visualmente famílias, turistas e toda uma rotina domingueira que faz parte de tantos lisboetas. Tenho esta mania de escrutinar os outros com o olhar, de registrar emoções, relações, mas não o faço por mal, nem com aquela vontade de saber da vida alheia, faço-o porque me alimento disso e me serve de enorme tesouro pessoal.
Os pasteís estavam cheios, aos poucos, a enorme sala que escolhemos para o nosso pacato pequeno-almoço foi-se tornando pequena para a quantidade de pessoas, que tal como nós, tiveram a mesma ideia. Decidimos que devíamos de ir dar um passeio por toda a zona de Belém. Aproveitámos a feira de rua e de antiguidades que decorria espalhada pelos corredores dos jardins para desanuviar, vimos máquinas fotográficas antigas que gostaríamos de ter na nossa sala de estar, bibelôts que me lembro de ver em casa dos meus pais quando era pequena e que entretanto lhes perdi o rasto, tirámos mais outras tantas fotos e quando demos por nós, estávamos à porta do CCB, onde eu fiz uma 'birra' tremenda porque queria entrar e ver uma mostra de fotografia que estava em exposição, mas como o C. não estava muito para aí virado, eu acabei por dar a mão à palmatória. Má hora. Sim, porque apenas uns metros mais à frente tivemos um encontro imediato que preferíamos ter evitado: O 'casal emplastro' !
Para aqueles que não sabem, o casal emplastro atormentou a nossa lua-de-mel fez recentemente um ano. Conhecêmo-los no Aeroporto de Lisboa, quando embarcávamos para Cancún e rapidamente eles aperceberam-se que tínhamos todos o mesmo destino... mais do que isso, o mesmo hotel! Ao princípio pareceram-nos bastante simpáticos, comunicativos, eram bem dispostos e ela parecia muito expansiva. Dizia-se enfermeira, ele também. Para azar dos azares, eramos os únicos casais portugueses em todo o Gran Palladium Resort Hotel & Spa e os nossos quartos eram precisamente um ao lado do outro. Nós em lua-de-mel, eles casados há 9 anos e a fazerem férias pela primeira vez sozinhos, porque antes já o tinham feito com os pais, os sogros e todos os membros da família de que há memória. Rapidamente decidiram que eramos a companhia ideal para 15 divertidos dias no México e se, ao início, nós fomos tolerantes e até afáveis, ao fim de três dias já andávamos desesperados e a arquitectar estratégias de fuga que nos permitissem ter o descanso merecido sem um casal de melgas atrás. Afinal, tínhamos passado o Verão todo a trabalhar e a preparar um casamento, estávamos estafádos desde a unha do pé até à ponta do cabelo e o que mais queríamos era praias paradisíacas e águas quentes em tardes solarengas de papo para o ar e a verdade é que até o conseguimos, mas sempre e sempre, a quatro e não a dois!! A situação agravou-se quando começaram a combinar a hora do pequeno-almoço a quatro, o almoço a quatro, a praia, a piscina, as excursões, o jantar... áááááááááá!!!!!!! Ao fim de cinco dias eu andáva a dar em doida e já não havia simpatia que me valesse. As supostas conversas que deveríam de dar a entender que 'nós queremos estar sozinhos' da nossa parte, não deviam de ter um canal de percepção de mensagem igual ao nosso, porque os nossos destinatários se as percebiam, simplesmente faziam orelhas moucas e continuavam a fazer marcação cerrada. Chegaram ao ponto de só irem à água quando nós íamos, de andarmos a nadar a quatro, de se sentarem ao nosso lado no autocarro, enfim.. um pesadelo. No nosso último dia, decidimos que tínhamos de deixar a diplomacia de lado e dizer frontalmente que queríamos estar sozinhos. Só assim, e quase à força é que eles perceberam e digo-vos, foi o nosso melhor dia. Pudemos estar na praia de papo para o ar sem ter a preocupação de fazer conversa de circunstância, namorámos, passeámos, aproveitámos a dois os jacuzzis da piscina, enfim... tudo aquilo que era suposto termos feito nos restantes sete dias que duraram as nossas férias. No final, achámos que para fugir aos emplastros para o resto das nossas vidas, o melhor era não lhes darmos os nossos números de telemóveis e assim foi. Pensámos desta forma sair vitoriosos da emboscada. Eles perceberam (acho eu) e deixaram-nos um papel debaixo da porta do quarto com os contactos deles, contactos esses que nós nunca fizemos questão de registrar na memória dos nossos telefones... até quando? Pois bem, até hoje, altura em que passeávamos por Belém e uma mulher de voz estridente abanava a mão efusivamente de alegria por nos voltar a reencontrar. Se ao princípio pensámos: 'mas quem é aquela?', logo as nossas dúvidas se dissiparam e o horror ficou estampado nas nossas caras. Eram eles!!! Os emplastros regressavam em força e desta vez traziam o seu novo membro, um emplastro Junior!!
Por isso, meus amigos, não percam os próximos capítulos desta história, que nós, também não...

sábado, novembro 18, 2006

purple rain




















Ontem, depois de uma manhã relativamente calma, fui atacada com a rapidez de um raio por uma gastroentrite viral. Comecei a sentir-me fraca, o estômago às voltas, uma sensação de agonia, a cabeça a andar à roda, o corpo a suar e depois de várias idas fulgurantes à casa de banho do trabalho, desisti e achei que o melhor era mesmo ir para o Hospital. E quando me dá estas coisas (sim, porque já não é a primeira vez, as bactérias devem achar que o meu organismo é um óptimo sítio para de vez em quando virem passar férias)a CUF, no Parque das Nações, é sempre o destino. Depois de uma hora e meia de espera (já nem nos hospitais privados nos livramos de um mau serviço), lá finalmente me chamaram, fizeram um rápido diagnóstico e decidiram que o melhor era realizar alguns exames e análises. Estava de tal forma desidratada, que nem a água que ia bebendo - uma vez que no estômago já não havia nada - aguentava. Resultado: o resto da tarde a soro, sentada numa deprimente cadeira azul ligada a um frasco onde pequenas gostas de soro teimavam em não cair. A minha sorte foi que o C. entretanto chegou e fez-me companhia. Sinto-me sempre uma desgraçadinha 'in extremis', abandonada pela sorte quando estas coisas me acontecem e se estiver sozinha, o sentimento é ainda pior. Mas depois, basta ele chegar e passar-me a mão pela cabeça, tirar o casaco dele e colocá-lo sobre os meus ombros, sentir-me aninhada e confortável, para achar que tudo vai correr bem.
(Acho que sou a típica doente mimada.)
Colar 'Purple Rain', com as cores do momento, para as mais fashion addicted´s. Disponível, aqui.

quinta-feira, novembro 16, 2006

how wonderful life is...





















A vida hoje ensinou-me que nada se pode dar por garantido, que 'nunca' é uma palavra forte demais, que às vezes, o destino dá mostras de que afinal as coisas não são por acaso e que há algo mais forte que nós que de alguma forma mexe os peões lá de cima, como se fossemos simples figuras de xadrez neste grande tabuleiro que nos serve de palco.
Hoje voltei a encontrar-te, a ti, uma amiga perdida. E gostei, gostei muito, muito mesmo. No momento em que falámos tive vontade de te contar tudo aquilo que o tempo nos levou e que as circunstâncias afastaram. Relembrei a altura em que eras não só a minha melhor amiga, como a minha confidente e hoje, apesar de saber que houve muita mágoa e que a nossa amizade acabou da pior maneira, hoje senti que até podíamos ultrapassar tudo isso e começar de novo. Uma nova Mafalda, uma nova S., uma nova história... como se uma borracha tivesse apagado a parte errada, ou como um filtro, que apenas deixa ficar as coisas boas e que elimina as más, como se nem tivessem chegado a existir.
Encontrar-te após tantos anos, ter uma resposta tua e hoje falar contigo, saber que és mãe, que te casaste, que estás bem, foi um pequeno momento que iluminou o resto do meu dia. Senti-me feliz. Tudo me parecia mais leve, com mais sentido. Tive vontade de te ver, de te abraçar, de sentar-me contigo no café, de que me fizesses um desenho... aqueles mesmos desenhos que tanto me faziam rir. Às vezes encontro pedaços de ti em velhos cadernos, blocos ou fotos e sorrio. Sempre desejei de certa forma saber como estavas. Hoje deste-me essa oportunidade.
Obrigada.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Ponha aqui o seu pezinho...





















Eu sei que estes sapatos já não são novos por aqui, na verdade, adoro-os de paixão, mas nem sempre ando com eles. Já começam a acusar sinais de desgaste, têm as biqueiras 'arranhadas', o azul já está um pouco esfolado e os pequenos saltos insipientes, já estão de tal forma massacrados pelas calçadas portuguesas, que o mais comum sempre que ando com eles, é prenderem-se nessas falhas entre as pedras tão típicas da cidade de Lisboa que arruinam qualquer look ou sapato mais desatento. E hoje, dia em que me atrevi novamente a calçá-los, tive a prova definitiva de que andar com estes meus adoráveis sapatos exige uma precisão suíça, uma destreza de mestre, uma verdadeira prova de elegãncia desmedida, caso contrário o final pode ser catastrófico, como o que infelizmente, sucedeu. Vinha eu formosa e segura pelo passeio, a caminho de mais um dia de trabalho, de malinha na mão, saia rodada, boina preta e casaco azul, a sentir-me muito segura de mim mesma e coquete (porque toda a mulher tem momentos destes, qual 'sex in the city'), quando os ditos sapatinhos azuis, como a cinderela, decidem ficar presos nas falhas do pedrado, tendo o sapato do pé direito realizado um triplo salto mortal pelo passeio e indo parar a mais de meio metro de distância do meu pé!! Tudo isto, como se não fosse já de si bastante grave para arruinar a confiança de qualquer uma, aconteceu precisamente no momento em que um autocarro cheio de gente e em hora de ponta passava na estrada, deixando-me como artista de entretenimento de todas as pessoas espectantes. Ora eu, como acho que o melhor remédio é mesmo rir, fui a primeira a dar parte fraca e a tentar remediar a situação com uma boa gargalhada em plena rua, enquanto o embaraço me subia ao rosto e se transformava num ligeiro vermelho ruborizado. E foi assim que ao pé cochinho alcancei o dito sapato fugitivo, o calcei com a mesma rapidez com que ele me fugiu e voltei a colocar o meu o ar coquete e seguro (mesmo que só de fachada).
Mas pelo sim, pelo não, e adoptando a estratégia de mulher prevenida, decidi ir o resto do caminho de olhos bem abertos para o chão e a cruzar as pedras na diagonal... ;)

domingo, novembro 12, 2006

Sol de Inverno






















O sol dos últimos dias renovou-me as energias! Os longos passeios que demos à beira mar também! Apesar de continuar a achar que o fim-de-semana passa rápido demais para tudo aquilo que eu gostaria de fazer, acaba sempre por saber bem. Para além da ida até à Ericeira e dos passeios à beira mar, aproveitámos para ir ver o filme 'O Perfume', adaptação do livro de Patrick Suskïnd onde, apesar de o ter achado giro, o livro é sem dúvida, mil vezes melhor. Na tela não há descrição de cheiros, não há espaço para a imaginação correr à procura da memória olfactiva, 'what you see is what you get' e acaba por perder encanto. Numa coisa faço-lhe justiça, a fotografia do filme é fenomenal e as imagens dos campos lilazes de alfazema percorreram a minha cabeça durante longas horas. Pareciam retirados de um qualquer quadro impressionista de Monet.
Hoje passámos o dia a fotografar a casa e a preparar as fotos para colocá-la na net. Estamos decididos, vem aí mais uma mudança... e desta vez, parece ser a valer. Ainda estou em fase de mentalização do assunto. Confesso que para mim não vai ser fácil tomar esta decisão, mas o que tem de ser tem muita força...
Finalmente acabei esta pregadeira, pedida pela A. numa encomenda feita há já umas valentes semanas e que tinha como objectivo ser igual a esta outra. Ando desleixada eu sei, mas a vontade tem sido pouca, muito pouca e só de pensar que falta cerca de mês e meio para o Natal começo a ficar deprimida. Entretanto tenho mais dois pedidos de pregadeiras em atraso, vamos lá ver se é desta que lhes dou atenção.
O Gaspar corre que nem louco pela casa, qual gato a pilhas e a relação Gaspar-Magali ainda não deu frutos apesar da proximidade. Ela continua a ser agressiva e ele demasiado teimoso para desistir dela. Ainda vai dar em amor é o que vos digo...
E são 17h30 e já é noite....

sábado, novembro 04, 2006

minimal




















Hoje é um daqueles dias em que a chuva que vai lá fora me invade de certa forma o coração. Sinto-me a chover por dentro. E nem o facto de estar aqui embrulhada nesta manta velha a olhar a calmia que se instalou através da janela, ou a luz quase soalheira que indica que depois da tempestade vem a bonança, nem assim, consigo dar-me o conforto da alma. Há uma mágoa crescente que não me abandona e à qual não consigo ficar indiferente. E talvez o facto de me sentir adoentada, vulnerável ou até carente, me faça senti-la ainda com mais lucidez. É querer pôr as coisas cá para fora e não conseguir... é nem ter as palavras certas para contar. É sentir-me um pouco inútil ou pobre de espírito. É necessitar de desabafar mas só para mim mesma.
É comer uma romã sozinha e sentir-me cheia.

quarta-feira, novembro 01, 2006

receita para passar feriados






















Junte-se um feriado nacional, meia dúzia de amigos, 1 criança, dois gatos, castanhas assadas, batata doce, bolo de iogurte, cerveja e sumos, Pictonary e Playstation com o último jogo Pro Evolution Soccer 6 e temos:

4 gajos histéricos e vidrados à televisão a tarde toda, a gritar como se não houvesse amanhã de cada vez que marcavam um golo.
4 gajas a tagarelar e a jogar Pictonary enquanto se riem com os desenhos ridículos e completamente 'non sense' que fazem.
Criança a correr atrás do gato como se não houvesse amanhã.
Pausa para comer castanhas e matar a sede.
Gato a dormir como se não houvesse amanhã ao final do dia.

Adicionar boa disposição, muita conversa fiada, música e fotografias e temperar em lume branco. E voilá, o melhor 'Pão por Deus' dos últimos anos.