segunda-feira, setembro 24, 2007

as fotos...


E pronto.... estas foram algumas das imagens que consegui.
Claro que há mais, mas estas servem para aguçar a vossa curiosidade.




domingo, setembro 23, 2007

i´m still here

Não tenho dado notícias porque o cansaço e o stress têm sido mais que muitos, mas também porque no trabalho não temos tido net, problema que já dura há mais de uma semana. Nem o messenger conseguimos abrir, ou sequer, o portal do google. Há um problema qualquer com a troca de servidores e ao que parece, ninguém consegue dar uma explicação lógica e aceitável para o facto de uma agência de comunicação não ter internet - uma ferramenta base imprescindível para o nosso trabalho! Não adianta reclamarmos, barafustarmos e mostrarmos o nosso desagrado. Já ninguém nos ouve e as pessoas começam a perder aos poucos, a paciência. Confesso que me tem sido bastante difícil estar um dia todo sem net, não poder ver emails, o blogue, ler jornais online, ou tão somente, fazer o clipping diário. Sinceramente, não sei com o que é que as pessoas se entretiam antigamente para passar os tempos mortos no trabalho, pois eu sinto-me como se estivesse na Idade Média!
A situação está longe de estar terminada, por isso amanhã, segunda-feira e início de mais uma semana de trabalho, espera-me muito provavelmente outro dia igualmente 'motivante' do ponto de vista cibernético. Aguardemos.
Àparte disso, estive alguns dias no Algarve em trabalho. O motivo: inauguração oficial do hotel Hilton em Vilamoura. A festa foi ontem, mas antes disso ocorrer, foi destacada uma mega equipa na agência para ir lá para baixo nos dias que antecederam a gala e onde eu estava incluída. Ficámos todos instalados nos apartamentos do hotel. O meu, ou melhor, o das meninas, era um gigante T4, com uma sala enormeeeee, cozinha, 4 suites com casa de banho privada e uma varanda igualmente grande com chaise longs com vista para a piscina. Dividimo-nos duas a duas pelos quartos de camas confortáveis e fofas. Eu fiquei com a F., a minha companheira inseparável nestas andanças e a pessoa com quem tenho no trabalho, mais empatia. Apesar do enorme stress que foram estes últimos dias, com muitas discussões e nervos à mistura, o evento correu às mil maravilhas e ontem, acabámos a noite bastante divertidos e a equipa lá descomprimiu ao som dos Bonney M e 'Disco Fever' after hours, entre copos de champanhe na mão e muita risota. Na verdade, as coisas que se passaram foram tantas que não poderia falar sobre elas em apenas um post, mas em vários e correndo o risco de ser cansativa. Tive pena de me ter esquecido da máquina fotográfica em casa, porque na realidade, tinha tirado fotos maravilhosas e registado muitos momentos, mas é o que faz ter de arrumar malas à pressão. Mas houve quem tirasse, por isso, pode ser que nos próximos dias vos mostre algumas por aqui.
Dormi pouco, muito pouco. Uma média de 4 horas por noite, isto porque havia sempre uma qualquer festa (mais não fosse no nosso apartamento, ao mais puro estilo 'pijama party') ou ficássemos na conversa até às 4h30 da manhã...
Hoje cheguei a Lisboa à hora do almoço, o C. foi ter comigo à agência e almoçámos pela Expo, enquanto eu o punha ao corrente de todas as cusquisses e novidades, ainda um pouco excitada pela animação da noite anterior. Quando cheguei a casa dormi a tarde toda e só acordei já noite, completamente K.O. do cansaço acumulado dos últimos dias. Amanhã toca de levantar cedo e ir trabalhar, não há cá folgas para ninguém. Por isso deduzo que esta vá ser uma loonngggaaaa semana...

segunda-feira, setembro 17, 2007

revisão geral



















Hoje fiz o que andava à adiar há muito tempo: ir ao médico das varizes e marcar finalmente a operação. E voilá, a data já existe e eu estou assustadíssima: dia 22 de Outubro darei entrada na CUF Descobertas e se tudo correr bem, terei alta no dia seguinte. Nem é a operação propriamente dita que me assusta, mas sim o pós-operatório. É que como nunca fui operada, nunca levei pontos, nem nunca me ataram as pernas - ou qualquer outra parte do corpo com adesivos - estou em pânico, porque não sei como é que a minha pele irá reagir. Uma certeza eu tenho: bem não será de certeza, mas é um mal necessário. A verdade é que não posso adiar mais este assunto, porque corro sérios riscos de desenvolver um problema de saúde sério e grave, como por exemplo, uma trombose. E depois do Verão, esta parece ser a melhor altura para fazer a operação, mesmo que em termos de trabalho não seja propriamente a mais calma. Aliás, estava com medo que as reacções por aqui não fossem boas, mas aparentemente foram recebidas com calma e sem stresses. Coisa que me surpreendeu pela positiva.
Outra coisa que me preocupa é o facto de não saber ‘a priori’ se o seguro do trabalho cobre a operação. É que o meu pessoal da Medis, eu sei que não cobre e se o da Multicare for pelo mesmo caminho, então terei de desembolsar do meu próprio bolso cerca de 4.500€!!! (o valor aproximado da operação) O que a acontecer, me deixará depenadíssima por muitos e longos anos… E pronto, o panorama é este. Dia 22 de Outubro e a uma semanita de fazer 29 anos, vou à faca pela primeira vez na vida. No próprio dia entrarei por volta do meio-dia e serei operada às 16h00. Vou levar epidural (qual grávida) e terei de estar em jejum absoluto (inclusive água) a partir das dez da manhã (não sei como, mas pronto).
Ainda não sei como irei fazer e onde irei ficar: se vou para casa dos meus pais para as Caldas, se vou para a Ericeira, se fico por Lisboa. Tenho vários problemas logísticos relacionados com este assunto: se ficar em Lisboa, tenho de subir escadas para chegar a casa e tenho de subir mais escadas para ir da cozinha ao quarto, o que enfaixada das duas pernas não é nada conveniente. Por outro lado, na minha casa tenho net e TV Cabo, o que me permite estar em constante contacto com a agência e trabalhar a partir de casa – o que vai acontecer certamente. Apesar de o ficar em minha casa ser a opção que mais me agrada, tenho um grande inconveniente, não tenho onde deitar ninguém. Se por acaso a minha mãe viesse para Lisboa para me ajudar, não teria onde deitá-la. Este fds descobrimos que o sofá-cama da sala está partido. As molas da cama deram de si e se tiver que pagar a operação, não teremos dinheiro tão cedo para comprar outro…
Por outro lado se for para a Ericeira tenho todas as comodidades: elevador, casa plana, mas sem net e sem TV Cabo! Ora se eu ficar 3 semanas de baixa, a ideia de ficar em casa restringida a apenas 4 canais, é de dar em louca. Além disso, o mais provável é a minha sogra ainda querer vir cuidar de mim e depois, além de enfaixada das pernas, tenho-a a chatear-me a cabeça, panorama que não me agrada nem um pouco. Depois há a hipótese Caldas… que também me agrada, teria o colinho e a atenção da mãe e várias mordomias, mas há uns quantos ‘senões’: os meus pais ainda não se mudaram para a casa nova e duvido, pelo andar dos acontecimentos, que isso aconteça até à data marcada. Depois, ainda não escolhi a mobília do meu quarto, o que significa que não tenho cama e por último não tenho net em casa deles. Poderei sempre tentar pedir uma placa aqui no trabalho, mas não sei se haverá uma disponível para eu monopolizar durante 2 a 3 semanas...
Hoje quando falar com a minha mãe já sei que a mesma vai entrar em pânico, não será mais do que sinto actualmente. Tenho mês meio para me mentalizar e organizar. Vamos ver.

domingo, setembro 16, 2007

tonalidades



















Hoje, como o tempo me sobrou, decidi pegar nas coisas que há muito tempo se encontram esquecidas, fechadas, em caixas amontoadas e dar-lhes forma. Saiu outro colar, em tonalidades púrpuras para fazer parelha com as cores da próxima estação. Tem ligeiras diferenças dos habituais, como a fita em cetim a servir de fecho sob a forma de laçada. Está disponível e podem vê-lo aqui e adquiri-lo por mail: casinha_de_botoes@yahoo.com.
Gosto de ter tempo só para mim, como hoje. É estranho para uma filha única habituar-se a estar sempre acompanhada. Não sou eremita, mas os meus momentos de solidão são-me fundamentais. Necessários.
A semana passada foi dura emocionalmente. Numa consulta de ginecologia fiquei a saber que a minha ferida do cólo do útero ainda não cicatrizou. Depois de dois tratamentos de 'crio...qualquer coisa', que me doeram o suficiente para me fazer derramar várias lágrimas na marquesa, o veredicto final não é animador. Terei de fazer algo mais forte e eficaz. Confesso que a notícia me arrasou. A ginecologista passou-me a receita de um exame e mandou-me para a CUF Descobertas. Já não dependia dela disse-me, e eu saí do consultório com o peito apertado de dor e com a cara contorcida de esforço para não chorar. A meio da semana passei pelo hospital depois do trabalho para marcar o exame. Decidi que não valia a pena sentir-me triste, que acontece e que tenho de tratar de tudo e ficar boa quanto antes. Mas mesmo que eu me tentasse mentalizar repetidamente com este tipo de pensamentos, a data que queriam marcar para a consulta arrasou-me: 16 de Novembro! 'Novembro?' disse eu perante o ar impávido e sereno da recepcionista! 'Nem a meio de Setembro estamos e eu só vou poder fazer um exame daqui a 2 meses e meio, num hospital privado??' Os meus comentários devem ter sido de tal forma reactivos, que a rapariga achou por bem encaixar-me num 'extra', num dia em que aparentemente as marcações já estavam lotadas. Agradeci encarecidamente e até um pouco arrependida da minha atitude inconformada mas eficaz. De 16 de Novembro passei para 27 de Setembro, uma melhoria significativa, convenhamos.
Entretanto, o meu blogue sobre a Ictiose - que pouco vai sendo actualizado é certo - começou a dar os primeiros frutos. Recebi um mail de uma rapariga, que o viu e que decidiu entrar em contacto comigo. Trata-se da primeira pessoa portuguesa portadora da doença que me escreve. E o mais curioso de tudo, é que é de Oeiras, aqui tão pertinho. Tem 34 anos e possui Ictiose Lamelar, um tipo bem mais gravoso do que o meu. Apesar de ainda me sentir um pouco desconfortável a falar com alguém que me é perfeitamente desconhecido sobre algo que me é tão intímo, lá me fui libertando. É que não só me é estranho falar com ela sobre isto, como me é estranho falar sobre isto com alguém que também o tem e que fala a mesma língua que eu. Apesar de tudo não deixa de ser produtivo e benéfico, pois fiquei a saber que afinal existem mais 'ictiosos' portugueses do que alguma vez sonhei, pois ela conhece uns quantos. Não duvido que daqui a uns meses esteja a escrever um qualquer post sobre um hipotético encontro.
O 'Casinha' fez dois anos de vida ontem - dia 15 de Setembro - e ao contrário do ano passado eu nem assinalei a data... Sinceramente, em dois anos de existência deste blogue, ele mudou tanto quanto eu. Começou por ter uma finalidade: mostrar e vender as minhas criações e acabou por tornar-se uma espécie de diário virtual privado, onde me exponho demasiado. Tenho noção disso e confesso que só não o terminei de vez, quando estava decidida a fazê-lo, porque tenho um certo carinho por ele. Não me agrada que saibam tanto de mim, principalmente quando isso só serve para alimentar a curiosidade alheia de quem me conhece mas pouco me fala. Mas pronto, que se lixe.

A escrita é o meu alimento diário e o meu universo. Cada vez mais.

sexta-feira, setembro 14, 2007

vida 'tutti-frutti'


















Esta semana tive mais uma pega ‘daquelas’ com a minha chefe. Ultimamente começa a ser comum e eu não vislumbro nada de bom nesse sentido. Parece-me que já vi esta história algures e que estou a viver os mesmos acontecimentos. O que vale é que da mesma forma que começa, acaba, e eu faço questão de não me mostrar rancorosa. Digo o que tenho a dizer e pronto, saiu, já está dito, foi um ar que se me deu. Depois tento acalmar interiormente e seguir com o trabalho, falando com ela como se nada tivesse passado ou com um tom conspurcado na voz que demonstre algum tipo de amargura ou ressentimento. É o melhor. (acho eu). Ela faz igual. Geralmente no dia seguinte, ou até passado poucas horas sobre o incidente, acalma, fala-me bem, mostra-se preocupada em atender às minhas necessidades. Não sei se é estratégia ou simplesmente peso na consciencia, mas gosto. Aliás, deveria ser sempre assim, tudo fluíria muito melhor, em todos os sentidos. Infelizmente, acho que ela se esquece facilmente, porque o estado de ‘graça’ dura pouco. Também noto que ela tem tendência a tratar-me pior quando a minha outra colega de equipa não se encontra presente. Porquê? Não faço ideia, mas provavelmente deve sentir que comigo, pode demonstrar mais o seu poder de superior, uma espécie de insegurança disfarçada sob a forma de chefia, onde é necessário atormentar os mais fracos, os mais novos, ou os que estão na empresa há menos tempo para se sentir bem consigo própria. Tal como já disse anteriormente, já vi este filme e não acabou bem. O que vale é que aprendi a lidar com este tipo de pessoas, a adoptar outra postura, mas ando demasiado contida há demasiado tempo e de vez a minha ‘personalidade-nuclear’ rebenta e nem avisa, é logo ‘bum’. E destruo tudo à minha volta. Uma característica escorpiana é certo, mas radical in extremis.
Claro que tento ao máximo que isso não aconteça, mas dou por mim tipo bomba-relógio à espera de ser detonada. Felizmente tenho aprendido a controlar-me, muito em parte graças aos ensinamentos do ‘The Secret’. Pode parecer uma perfeita imbecilidade, mas se eu fizer um esforço para acreditar ou pôr em prática os ensinamentos do livro e do dvd, e se com isso conseguir andar mais bem disposta e feliz, então porque não? Uma amiga emprestou-me o dvd e a verdade é que já o vi umas 3 vezes. Numa delas o C. viu comigo. Ficou impressionadíssimo! Tanto, que decidimos comprar um placar de cortiça e encher com imagens de tudo aquilo que queremos atrair e ter na nossa vida. Ele não fez as coisas por menos. Foi ao Aki e trouxe o maior placar de cortiça que lá havia, uma espécie de ‘A3’, gigantesco. Quando o vi chegar com aquilo a casa fartei-me logo de praguejar! (arruinando por completo as boas energias que me restavam!) ‘Onde é que vamos pôr isto?, ‘Não havia nada mais pequeno?’, ‘Para que é que precisas de um placar tão grande? Metade disso chegava!’ Resposta dele, depois de resmunguices de parte a parte: ‘Eu quero muitas coisas!’ Ok, acho que com este argumento ele arruinou os meus. É esta a diferença entre nós. Ele pensa em grande, eu limito-me a pedir o básico. Espírito pequenino? Talvez, mas eu não necessito de ter o Ferrari Vermelho na garagem ou a aparelhagem da Bang & Olufsen para me sentir realizada, mas a publicação de um livrito enchia-me as medidas, confesso!
Talvez para seguir este meu ‘pseudo-sonho/desejo’, hoje tenha enviado para outra editora a sinopse de uma obra que escrevi.
Agora é aguardar que o universo me dê aquilo que eu peço. Senão mando todas estas teorias à fava.
Tirando estas experiências que ocorreram durante a semana, ontem quando cheguei a casa, tinha literalmente, uma montanha de coisas à porta. Tanto, que foi necessário fazer uma espécie de salto em altura para conseguir entrar, perante a curiosidade felina que me olhava meio ensonada. Os meus sogros desta vez excederam-se e trouxeram quase a quinta atrás, mas deixaram-me coisas que eu adoro, como 'fisalis' (as bolinhas alaranjadas da imagem que possuem um sabor que alterna entre o ácido e o agridoce), figos moscatel e maracujás. A verdade é que já há algum tempo que não passavam por aqui e deixaram um carregamento de comida que durará para os próximos meses... Acho que daqui a nada faço outra mouse :)
Ontem ainda decidi ir jantar com o pessoal do costume à Bica. O G. tinha acabado de chegar de Madrid e como já sendo hábito, os amigos juntam-se numa espécie de 'comité de boas vindas' para o receber. Combinámos no largo de Camões às 21h00 e depois seguiríamos caminho para o 'Toma Lá Dá Cá', o restaurante combinado. Chegámos ao largo passava das 21h30, porque neste grupo a pontualidade é coisa que não consta nos dicionários da maior parte das pessoas e como já sei o que a casa gasta, decidi sair apenas à hora marcada (21h00, portanto) e ainda deixar o carro estacionado no Cais do Sodré e ir a pé. Pelo caminho encontrei-me com o R. e a H. e juntos subimos a rua do Alecrim até ao Chiado, onde para nosso espanto, já havia quem estivesse à nossa espera. Ninguém se chateou, aliás, tudo riu! O 'Toma lá...' estava a abarrotar de gente, por isso decidimos ir até à rua da Luz Soriano, já a caminho do bairro, jantar num restaurante que agora não me lembro do nome, mas que nós volta e meia fazemos lá jantaradas. Tínhamos mesa disponível, acabámos por ficar. Com tudo isto já passava das dez horas e nós sem jantar. Por ali ficámos até à meia noite. Eu comi bacalhau à lagareiro que estava péssimo e bebi um copo de vinho verde 'muralhas' que me deixou logo toda alegre (sou tão fraquinha com a bebida que até faz confusão!) Dali seguimos para o Bicaense, que ainda se encontrava a meio gás. Como o jantar me caiu mal decidi beber um ginger ale e esperar que as tonturas me passassem. A noite estava agradável e estáva-se bem na rua. À chegada encontrámos família da R., nomeadamente uns tios e uns primos, de alegre copo na mão também no Bicaense. A última vez que os vi foi no casamento dela, onde o mesmo tio que agora tinha à minha frente, divertido e sóbrio, me fazia andar uns meses para trás e recordar o strip e a descomunal bebedeira com que nos brindou nesse dia...
A ideia era ficarmos pela Bica até à uma da manhã, hora em que a padaria do bairro abriria e nós - umas verdadeiras lambonas - decidiríamos ir até lá, subindo toda a rua da Rosa a salivar por um Croissant de chocolate ou uma bola de Berlim. Decidimos ficar mais um pouco e esperar que o C. saísse do trabalho e viesse ter connosco. Chegou perto das duas da manhã, altura em que eu e as meninas do grupo dávamos um pézinho de dança ao mais puro estilo Mowtown. Ainda fomos aos bolos, mas continuava com o estômago tão embrulhado que nem comi nada, por esta altura começava a ficar cansada e cheia de sono. Passava das 3h30 da manhã quando caí à cama e adormeci em segundos.
Acordei hoje, com um barulho forte e seco de algo a cair... era o quadro do Van Gogh, aquele que trouxemos de Amesterdão nas nossas últimas férias (nem há um mês) e cuja moldura comprámos no Ikea... o Gaspar fez questão de o mandar ao chão e parti-lo. Em menos de uma semana é a terceira coisa que parte/estraga, se contarmos com o facto de me ter roído - literalmente - uma cesta da Area que tinha na sala e onde guardava as minhas lãs, rasgado a cholcha da cama em três sítios onde agora existem 3 enormes buracos e de ter mandado o quadro ao chão, partindo-o...

Será que o 'The Secret' tem fórmula para lidar com animais loucos e completamente disfuncionais? É porque se tem, eu preciso!

quinta-feira, setembro 13, 2007

a casa da minha avó


















A casa da minha avó sempre foi o ponto de centralidade de toda a família. Desde que ela morreu, há onze anos, que continua ali, intacta mas frágil, como um marco de tempos idos, que nos habituámos a ter por perto. Antigamente, em Setembro – mês por excelência de encontro e reunião familiar – que a pequena casa onde a minha mãe nasceu e onde os seus cinco irmãos foram criados, se enchia de gente, filhos, netos, primos, genros, cunhados e cunhadas, tornando-se demasiado apertada e pequena para uma família demasiado grande.
Quando entramos, somos invadidos pelo cheiro a mofo, pelos tectos baixos, pelo quarto interior, sem luz e com o velho candeeiro a petróleo sob a mesa de cabeceira, pelo chão que range a cada passo, pelas fotos, muitas fotos, que permanecem nas mesmas prateleiras, pontos acumuladores de pó ancestral que deixam vislumbrar embaciadas imagens nossas, de infância vivida. Sempre gostei de entrar na casa da avó e ficar ali, a olhar para um enorme quadro de talha dourada cheio de fotos a preto e branco, onde via caras conhecidas, casamentos de tios que não presenciei, de bebés que já só conheci adultos. Depois perguntava: ‘Quem é este senhor mãe?’ ‘Era um tio de Sintra’, respondia-me ela, e eu ficava ali, a digerir a surpresa de tamanha novidade, incrédula por só agora saber que os laços familiares tinham chegado às imediações de Lisboa. Habituei-me desde muito nova a ter a presença da família mais directa e chegada por perto. Apesar de filha única, este convívio familiar foi importante para a minha formação. As minhas primas eram as minhas companheiras inseparáveis, talvez isso explique o facto de, hoje em dia, ser madrinha da filha de uma delas.
Quando éramos miúdas e em Domingo de festa, a avó sentáva-nos na mesa redonda da entrada para almoçarmos juntas o tradicional cozido à portuguesa e ali ficávamos, em grande algazarra, enquanto os adultos comiam na mesa rectangular da cozinha com o tampo forrado a plástico, onde se sentavam umas quinze pessoas. A casa era pequena, mas transbordava de amor. Não importava mais nada, havia calor, comida e alegria e isso enchia as nossas pequenas almas.
A avó era devota. Muito. Por isso, em dia de procissão e Domingo de missa, a toalha de crochêt branco e imaculado que se colocava sob o altar da igreja, era dela. Ainda hoje lá permanece como sinal da sua presença e dedicação. Depois seguia-se a procissão, onde na sala da eucaristia da igreja, nos vestíamos de branco com asas de anjo e nos sentíamos vaidosas pela indumentária. Ainda hoje gosto de rever as fotos desses tempos. Tenho uma favorita, aquela em que estamos as quatro primas, pequenas e vestidas de branco, encostadas a um velho Ford em frente à garagem da minha tia Madalena.
A porta da sua casa estava sempre aberta adornada pela velha árvore de flores lilazes que lhe embeleza o rosto e lhe dá um ar romântico. Não havia nada que despertasse o interesse alheio para roubar o que quer que seja. Era casa de gente pobre, cujos maiores tesouros eram as imagens de santos no quarto e o fio de ouro que lhe acompanhava o decote com a imagem de Jesus crucificado. A cortina branca esvoaçante, a chave do lado de fora, eram sinais de presença. Entráva-se por aí adentro e gritáva-se ‘ó da casa’, sem medos nem vergonhas, habituádos que estamos àquela sensação de pertença.
Em dias de festa como agora, em que a avó já lá não está, em que as primas estão crescidas, casadas, com filhos, em que os tios que nos habituámos a ter desde sempre se separaram, seguiram outras vidas, outros rumos, a porta da velhinha casa continua a estar aberta, com a mesma cortina branca esvoaçante, invocando os momentos de outros tempos.
A diferença é que já lá ninguém entra.

terça-feira, setembro 11, 2007

raizes



















Aqui, regresso às origens do mais puro do meu ser. Rodeada pela família, em redor da mesa farta, das gargalhadas sonoras, da piada fácil e do burburinho das conversas, do estalar ruidoso dos foguetes que ecoam por todo o arraial, das luzes coloridas que enfeitam os arcos de murta, pela brisa fria que sempre corre nas primeiras noites de Setembro. Aqui, onde a minha mãe nasceu, naquela casa velha cujo tempo parece não passar, cuja estrutura incerta ainda assenta sólida sobre uma parede caiada de branco. Aqui, onde revejo as gentes e os velhos que me viram menina e agora me vêem casada. Aqui, onde comer pevides e tremoços sentada na barraca dos festeiros, entre copos e farturas, ainda tem o mesmo sabor quente e confortante de outros tempos. Aqui, onde a procissão continua a ser a meio da tarde de Domingo e a fazer parar o trânsito. Aqui, onde a família, apesar de cada vez mais dispersa e cada vez menos, continua a querer marcar presença. Aqui, onde as mantas se colocam à janela para deixar passar nossa Senhora da Ajuda e se reza de terço na mão. Aqui, onde tantas vezes vesti os mesmos fatos brancos e coloquei as asas de anjo que me faziam sorrir. Aqui, onde agora me encontro e onde olho para trás, agradecendo por ter tamanhas memórias.
Voltar à terra é, hoje em dia, um misto de sentimentos. Mas sabe sempre bem voltar, mesmo quando aqueles que sempre nos habituámos a ver, já lá não estejam.
Mais aqui.

sexta-feira, setembro 07, 2007

Rosa Brava



Ontem, sentada no sofá da sala, cuja estrutura velha e gasta já acusa o peso do corpo, de comando na mão e pés em cima da pequena mesa de wengé de formato rectangular, fazia zapping por aborrecimento perante o marasmo televisivo. Foi quando a vi, a ela, de feição rosadas pelo vento gelado da serra, de sorriso maroto e puro, de uma ingenuidade infantil quase imprópria para uma menina de 16 anos. Era a Rosa. A pastora que foi dada a conhecer ao país em Janeiro deste ano e que imediatamente tocou no fundo dos nossos corações. A Rosa queria ir à escola, mas vivia presa a uma serra que tinha tanto de belo quanto de solidão. A Rosa aspirava pelo mundo, o mesmo que lhe chegava em retalhos e que ela insistia em colar para não lhe perder o rasto. E era vê-la em cima do alto do palheiro, de telemóvel em punho, buscando uma rede que nunca lhe trazia respostas, nem chamadas, mas que apenas a fazia suspirar, de sorriso - sempre o sorriso - que alguém se lembrasse dela. Na vastidão das serras a perder de vista, Rosa, de corpo desenvolto, jeans e blusão de ganga pela cintura, parecia uma adolescente como qualquer outra, de vida fácil e despreocupada, que encontra nos Morangos com Açúcar a fantasia da vida que não tem. A realidade de Rosa é outra. Do cimo da serra e rodeada pelas cabras e ovelhas, Rosa olha a beleza em redor com um sentimento de clausura, quase indiferente. Anseia pela liberdade que se esconde além, atrás dos montes e vales que a prendem e aprisionam. Em Gouveia é que está a liberdade e os rapazes que Rosa tanto deseja. Casar é um sonho e aprender uma vontade. Profunda.
A mãe de Rosa, de lenço na cabeça e rosto enrugado pelo tempo, mostra no discurso a dureza da vida que sempre viveu. ‘A Rosa é precisa. A Rosa daqui não sai.’ E Rosa ri-se, resignada com a sua sorte, escondida atrás da porta. Nem as técnicas da segurança social lhe tiram o sorriso do rosto, nem quando ouve a sua mãe dizer alto e bom som, ‘ela que se desemerde’. A Rosa tem apenas 16 anos. A Rosa sonha, diáriamente, do alto da serra, rodeada por orvalhos matinais, neblinas geladas e terrenos acidentados. A Rosa tem apenas 16 anos e passou a ser a minha heroína.
Esta reportagem maravilhosa de Pedro Coelho merece ser revista e revista e revista. Eu emociono-me sempre e já a vi três vezes. A Rosa é brava, como no poema de Ary dos Santos, mas aquela vivência, aquela realidade, eu encontro-a nos livros de Miguel Torga. A Rosa entra nos Contos da Montanha. Eu já a conhecia.

quinta-feira, setembro 06, 2007

repentinos desejos


Hoje, assolapada por um intenso e repentino desejo consumista – como muitas vezes me sucede – decido enfiar-me, na minha hora de almoço, na HM do Vasco da Gama. Isto porque, a festa na aldeia da minha mãe é já este fim-de-semana e eu, que tenho esta educação algo provinciana de ‘estrear roupa nova em dias alumiados’, que me foi incutida pela minha mãe, achei que não se perdia nada ir ver o que há de novo nas lojas e dar asas ao desejo, apesar de ter o armário lá de casa cheio de roupa de todas as cores, modelos e feitios.
Vejo duas blusinhas que me despertam a atenção, vou experimentá-las aos provadores, agradam-me vestidas e pronto, está decidido: ‘É isto! Eureca!’ Agarro-as de seguida com ar vitorioso e dirijo-me para a caixa antes que a consciência acorde e me volte a chamar à razão. Até aqui tudo bem, a rapariga da caixa, atenciosa, diz-me o total e eu saco do cartão multibanco que menos uso e onde vou amealhando alguns trocos. (já que ia cometer um devaneio, ao menos que não me pese no orçamento mensal. Devaneios destes são permitidos, ainda que só de vez em quando.)
O problema foi lembrar-me do código. É que como cartão de ‘poupança pessoal’ que é, e que raramente utilizo, o código esvaneceu-se da memória, ocupada que está com tantos outros códigos (o pin do telemóvel pessoal, o pin do telemóvel do trabalho, o código dos outros cartões multibanco, o código da porta do prédio, o código para aceder à página do banco pela internet, as passwords do computador, and so on…) Resultado? Marquei os números, invertendo a ordem dos mesmos, convencida que estava que ‘agora é que é’ e nada. Sempre erro. Ao fim de três tentativas fiquei com o cartão bloqueado. Como fico sempre muito envergonhada com estas situações, porque já não é a primeira vez que me esqueço do dito código, saco logo de outro cartão, não vá a menina da loja e todas as pessoas que estavam atrás de mim, pensar que das duas uma: ou gamei o cartão a alguém, ou estou sem dinheiro na conta.
E pronto, agora que estou com o cartão definitivamente bloqueado só me resta ir ao banco e pedir novo código – que terei novamente de fixar para mal dos meus pecados.
É o que faz ter impulsos consumistas repentinos. Não só nos arruinam a carteira, como ainda mostram que a nossa memória se recusa a compactuar com eles.

quarta-feira, setembro 05, 2007

no peito dos desafinados também bate um coração



















Eu nem tenho andado triste. Mas hoje, assim de repente, fui invadida pelos sons da Melancolia, que abriu as portas e se instalou bem no meio do peito. Provocou-me um aperto profundo, a Angústia, sua prima, veio atrás. A Melancolia é minha amiga, mas às vezes, só às vezes, consegue ser uma amiga ingrata, daquelas que magoam. Profundamente.
Hoje, a Melancolia apareceu sem avisar, e eu não gosto de visitas surpresas. Chegou e acomodou-se, como se o meu peito fosse a sua casa e o meu coração o seu sofá. Reclamou a si os meus pensamentos, bebeu as minhas lágrimas para matar a sede e deixou-se ficar, exausta, a dormitar no meu ombro. Não gosto de sentimentos abusados, que entram sem pedir licença, que reclamam para si aquilo que eu quero manter. A Melancolia hoje foi Ingrata. Outra amiga com a qual faz parelha.
Tenho demasiados sentimentos no meu peito e um sofá demasiado pequeno para os receber.

segunda-feira, setembro 03, 2007

summertime


















Foi um fds de convívio intenso. Começou logo na sexta-feira, com o R. e a H. a virem ter a nossa casa para um pequeno tête-a-tete, quando já passava da meia-noite, hora em que a H. saiu do trabalho. Apesar de tarde, não me importei. Tinha o dia seguinte para dormir e apetecia-me conviver, além disso, como estava em casa e não tinha de sair do ninho, melhor ainda. Decidida a receber bem os meus convivas, meti mãos à obra e preparei um bolinho de iogurte quentinho e delicioso, além de uma mousse de maracujá. A minha sogra enviou-me uma série de maracujás que eu decidi aproveitar para uma receita que saquei da net. Ficou deliciosa e ‘voou’ nessa mesma noite numa questão de horas! Tenho de repetir.
No sábado, acordámos tarde! Há já muito tempo que não dormia até à uma!! Foi um tirar a barriga de misérias! Depois, como o tempo estava bom e pedia praia, decidimos ir ter com amigos à Costa, os mesmos que tinham estado na nossa casa na noite anterior. O pior foi mesmo chegar lá! O trânsito infernal que se fazia sentir, fez-nos demorar duas horas para chegar à praia do Rei. Chateados e aborrecidos com a proeza caótica que foi chegar ao destino, gozámos a praia apenas por uma breve hora e meia. Às seis e meia tínhamos de regressar a Lisboa, porque tínhamos um jantar combinado em Caneças, em casa de outros amigos. Mais hora e meia dentro do carro para chegar a casa, tomar um duche rápido, mudar de roupa e em menos de meia hora, estávamos novamente de saída.
O jantar em casa da M. e do P. foi calmo e relaxado. Pude matar saudades da minha ‘Cabecinha’ e finalmente oferecer-lhe, as recordações que trouxe para ela de Amesterdão: uns bombons de café numa caixa vintage e um chá ‘Earl Grey holandês’, porque sei que ela gosta! Chegámos a casa passava da uma da manhã e ainda vegetámos um pouco a ver televisão. No Domingo, novo dia, nova manhã a dormir e ala para a praia assim que acordámos. Novamente para a praia do Rei, na Costa, com os amigos, mas desta vez fomos mais cedo que no dia anterior e não apanhámos trânsito. Estava bom tempo, mas havia uma brisa fria que no dia anterior não se fez notar. No bar Hula-Hula, havia churrasco gratuíto, à noite, como ‘fecho do Verão’ e ficámos todos para jantar. Só no nosso grupo, éramos cerca de 10 pessoas, todos esfomeados! Febras, entremeadas, salada, arroz, massa com frango, o repasto foi vasto, mas desapareceu numa questão de segundos. Regressámos a casa passavam das nove e meia da noite, de barriga e alma cheia. Pudemos assistir a um pôr-do-sol fantástico e o dia teve sabor a férias. Hoje não apetecia nada vir trabalhar, mas teve de ser. O trânsito em Lisboa ainda não está caótico, o que me faz suspeitar que continua a haver imensa gente de férias.
O C. também regressou hoje ao trabalho, apesar de continuar com o dedo ligado. A ferida está a cicatrizar bem, mas dá a sensação de que necessita de mais uns dias antes de se retirar os pontos. Hoje, aqui na agência, muita gente regressou de férias. Vêm todos bronzeados e bem dispostos. Dou-lhes dois dias antes de começarem a praguejar com tudo e com todos, até porque a semana vai ser de muito trabalho.
Eu ganhei uma ‘corzinha’, pouca, mas o suficiente para hoje me sentir com outro astral.

E assim começa a semana.