domingo, janeiro 28, 2007

ma petit cherie

A Joana tem nove anos mas já parece ter doze. Está alta, tem sempre respostas na ponta da língua e usa botas de pêlo como as meninas crescidas. A Joana hoje pintou os olhos de cor-de-rosa e esqueceu-se que tinha maquilhagem, chama-me madrinha sempre que me vê e corre para me abraçar, já usa MP3 e fala ao telemóvel (apesar de ainda não ter um). Quis sentar-se ao meu lado durante o almoço e olha-me com aqueles grandes olhos castanhos, como se eu fosse um ícon de perfeição a atingir. Somos primas, madrinha e afilhada e dizem que somos parecidas. Eu gosto de acreditar que sim, que aquele sinalinho que ela tem na palma da mão direita, tal como eu tenho, significa muito mais do que simples genética. *
A minha menina está crescida...

bbrrrrr.....



















Lá fora está um frio de morrer, mas cá dentro está o calor do chá e o cheiro da lenha da lareira misturada com os scones acabadinhos de fazer.
É por estas coisas que eu adoro o Inverno.

domingo, janeiro 21, 2007

O bicho das sete cabeças



















O Gaspar está connosco há 3 meses. Chegou-me dentro de uma caixa de papelão como antecipação de uma prenda de anos e entre nós houve química imediata. Pareceu-me meigo, 'pachacholas' - como lhe chamávamos ao início - mas depressa revelou a sua verdadeira personalidade felina assim que se habituou à casa e aos seus novos familiares. Nem a Magali, a dona e senhora da 'mansão' à até à data, o intimidava! O Gaspar tem comportamentos que por vezes chegam a roçar o agressivo, ou não fosse ele um felino. Mas eu confesso que este tipo de comportamento da parte de um gato doméstico, me soa a estranho, pois sempre tive gatos meigos e calmos. O Gaspar é o furacão sob a forma de gato! Nada pára quieto cá em casa e tudo o que mexa, tenha fios, ou dê para morder, é motivo de brincadeira desenfreada. Come sofregamente, como se não houvesse amanhã, o que me faz suspeitar que até vir para nossa casa, deve ter sido abandonado pela mãe e passado muita fominha... é capaz de comer um prato de comida sem nunca parar e quase sem nunca respirar - enquanto nós ficamos a ver a barriga dele aumentar tal como se fosse uma vaca! Às vezes chego a ficar com medo que ele de tanto comer, se sinta mal e morra de congestão, mas é capaz de logo em seguida, comer o que quer que estejamos a trincar, ou fazer uma miadeira desenfreada à hora do jantar ou quando estou a cozinhar, como se não comesse há mais de um mês. Tem pavor de dedos. Quando se porta mal e lhe aceno com um dedo, fica com um ar agressivo e com as orelhas todas puxadas para trás, chega mesmo a fazer investidas à mão, ou a morder à traição quando me apanha distraída - coisa que me irrita solenemente - e que quase sempre acaba numas palmadas naquele rado atrevido! Mas o Gaspar é um verdadeiro sem vergonha. Aprendeu com a Magali a esperar-me à porta quando chego a casa, mas ao contrário da 'irmã' que fica pacientemente no mesmo lugar assim que me vê, sem nunca tentar esquivar-se entre as minhas pernas para as escadas do prédio, o Gaspar quando se dá por ele, já vai a meio do caminho. Gosta de estar sempre enrolado nos nossos pés, tanto que chega a ser desesperante. Quer esteja sentada no sofá, de pé da cozinha ou a descer as escadas, o Gaspar está sempre no meio das nossas pernas, numa tentativa de brincadeira inesgotável que nos leva a estar sempre de olhos atentos. À custa disso, já lhe pisámos a ponta da cauda por uma série de vezes, mas nem mesmo assim ele parece ter aprendido a lição. Adora água. Tanto, que todas as manhãs encho as tijelas aos dois e quando chego à noite, ambas estão vazias. Isto porque o menino Gaspar gosta de chapinhar na água das tijelas e molhar tudo em seu redor. Também tem uma senhora 'tara' com banheiras e terra dentro de vasos. O pobre cacto que se encontra na sala junto à janela é uma das suas vítimas preferidas e não há dia que não se lembre de ir escavar mais um pouco a areia do vaso, como se estivesse a construir um túnel de escape imaginável. Como qualquer criança que se preze, gosta de brincar com bonecos e o seu preferido é um pai natal que tinha no escritório e do qual ele se apropriou. Tem a sua própria cama, ao contrário da Magali que sempre dormiu no nosso quarto e já aprendeu que ali é o seu cantinho assim que apagamos a luz.
Adora mamar na própria cauda, como se fosse uma chucha e fazendo uma chiadeira à la 'baby Simpson', enquanto solta um ron-ron muito alto - que mais parece um tractor - e mexe as patas para a frente e para trás, como se estivesse a mamar do leite materno. Dá beijos, muitos beijos! Beija-nos as mãos todas, com uma língua muito áspera e seca, que nos chega a fazer uma confusão infernal, mas que ao mesmo tempo nos sabe bem receber semelhante prova de amor. Beija a irmã à socapa, não vá ela estar mal humorada e dar-lhe uma valente chapada como já tantas vezes aconteceu. Ela vai amoleçendo aos poucos à presença desta 'minúscula fera' que trouxemos cá para casa. De vez em quando olha-o com um ar muito pachorrento enquanto ele parece estar ligado à corrente com uma energia electrizante, outras, perde a cabeça e dá-lhe uns quantos 'sopapos' a ver se o acalma. A Magali é a nossa balança do juízo, quando estamos prestes a perdê-lo, ela repõe-o. Brincam os dois, em correrias loucas em que ela fica fula e o agride. Ele acalma nesses momentos, encolhe-se todo, para logo de seguida e assim que a apanha distraída, saltar-lhe em cima, como se fosse a sua terrível vingança. A casa nunca mais foi a mesma desde a chegada do Gaspar. Nada fica no sítio e eu desespero por conseguir ter as coisas todas arrumadas. Mas depois, basta vê-los os dois e à forma como a Magali já não se sente tão sozinha, para achar que apesar de tudo, as coisas assim têm muito mais piada...
(mas também dão muito mais trabalho!)

sexta-feira, janeiro 19, 2007

toca e foge




















De há uma semana para cá que tenho vindo a ser agraciada com uma nova forma de comunicação: os toques de telemóvel anónimos! Começaram discretamente e sempre em situações em que eu não os ouvia. Ou tinha o telemóvel em ‘mude’ e estava numa reunião de trabalho, ou tinha o telemóvel dentro da mala e não ouvia absolutamente nada, ou estava a falar com alguém e lá aparecia um sinal de chamada em espera e eu não ligava… enfim, foram várias as situações em que pura e simplesmente não liguei. Depois comecei a ficar intrigada, afinal, quem é que teria assim tanta urgência para falar comigo que nunca deixava mensagem no voice mail ou tentava ligar mais tarde? Só ontem é que percebi que as ditas chamadas perdidas sob a forma de número anónimo, não são chamadas ‘efectivas’, de alguém a querer falar comigo, mas tão-somente, toques, cuja única finalidade é irritar-me o juízo! É que ontem, quando saí do trabalho tive de passar no ginásio (sim, finalmente já me inscrevi!!) e entretanto acabei por ficar pelo centro comercial entretida com os saldos e as compras do supermercado e quando reparei no telemóvel lá estava ela: uma chamada perdida, um número anónimo! Voltei a não ligar, pensei cá para comigo: ‘Provavelmente é a TV Cabo.’ É que as técnicas de persuasão destes senhores não têm fim e quando lhes dá para ligar todos os dias, ei-los no seu esplendor máximo de perseguição ao cliente sob a forma de números privados. Mas afinal, nada. À noite, quando terminava o jantar, eis que o telefone volta a tocar outra vez. Pensei: ‘Deve ser o C.’, mas afinal não era, era ele: o número privado outra vez! Ora, o que me fez depreender de que afinal tenho um(a) fã que gosta de dar um arzinho de sua graça, de pregar partidas e que vai dando toques ao sabor da vontade e desta vez foi apanhado em flagrante, pois apenas tocou uma vez! Mais, provavelmente é noctívago(a), porque só dá sinal de vida depois das sete da tarde, ou seja, só quando sai do horário normal de trabalho é que se mete a pensar em mim e terceiro, gosta particularmente da hora do jantar! Os números - e o mesmo sucede com os comentários anónimos - têm qualquer coisa de pérfido. Comentamos, mas não dizemos quem somos, telefonamos, mas escondemo-nos e regozijamo-nos ao imaginar a cara de urso do feliz contemplado, neste caso, eu! São o perfeito jogo do ‘toca e foge’, do ‘tiro no escuro’, da ‘cabra cega’, o que me faz deduzir que este meu fã é particularmente adepto dos jogos infantis. Pois hoje bem pode dar toques à vontade que eu esqueci-me do telefone em casa e nem o fiz de propósito, aconteceu! Por isso, se logo à noite o meu ‘querido anónimo’ voltar a manifestar-se, vou depreender uma quarta conclusão acerca do dito: que não possui vida pessoal! Porque, dar toques privados à sexta-feira à noite só pode querer dizer uma coisa, que o ‘monstro precisa de amigos’ – como dizia o nome de um álbum dos Ornatos Violeta.
Pois bem, quando chegar a casa, logo verei! Isto se entretanto não decidirmos ir ao cinema ver o novíssimo Scoop do Woody Allen…

Bom fds*
(aproveitem o Sol que Domingo há descida das temperaturas em todo o país)

quarta-feira, janeiro 17, 2007

'é bom ginasticar, ginasticar!'



'...dá mais força ao coração, pois então, tens razão...'


Era assim uma das músicas que passava na Rua Sésamo em que um grupo de alegres bonecos saltitava numa sala enquanto entoava a letra que me perduraria na cabeça até aos dias de hoje. (pelos vistos ainda possuo referências de infância bastante actuais e que se encontram facilmente no You Tube) O que é certo é que na próxima sexta-feira, provavelmente vou a cantarolá-la a caminho do ginásio. É que passado dois anos de ter abandonado as salas do Solplay, eis que regresso, desta vez do outro lado da cidade e mais próximo do local de trabalho. E ando com a excitação na ponta da unha, do dedo do pé, pronta para me voltar a enfiar nesses ambientes quase de estufa, com sérios viciados em máquinas de cardio e aulas de body Combat/Pump entre outras, para mais uma vez me voltar a chatear com aquilo tudo passado alguns meses. Mas pronto, apesar de não ser uma adepta confessa do ginásio - sempre fui um pouco contrariada, mais pela necessidade de me mexer do que propriamente pelo gozo que a actividade física me dá - desta vez irei encarar as coisas literalmente 'na desportiva'. Necessito de me mexer, porque isto de passar o dia inteiro sentada em frente a um computador é tudo menos benéfico e as articulações, os músculos, as costas, o rabiosque, a barriga... tudo isso se queixa! E nem se trata de uma daquelas resoluções de início de ano, é mesmo empenho e força de vontade pura! Agora só resta saber se 'vai ser sol de pouca dura'... como diz o ditado popular.

domingo, janeiro 14, 2007

new place, new beginning


É bom ver que os trinta são mesmo a época de viragem das nossas vidas actuais. E isso ficou demonstrado ontem, quando num intímo jantar entre amigos, inaugurámos oficialmente a nova casa do M. É acolhedora, stylist - sem ser pretensiosa - e acima de tudo, é dele! A primeira! E isso tem tanto valor! Ao som das Supremes, de Madonna, ou fazendo um revivalismo digno de uns melancólicos que mais pareciam ter 50 anos do que vintes e muitos, dançámos sons dos anos 80 com uma alegria que nos superava. Era a excitação da recordação. Do tempo em que levávamos aqueles rádios enormes e pesadões de cassetes audio para a escola e dançávamos - qual street dance - os primeiros hits electrónicos do momento que nos faziam adivinhar que o futuro iria ser bom, muito bom. Era a época dos sonhos. Sonhos esses que vamos construindo aos poucos, como agora com a casa do M. Sonhos em que estávamos longe de imaginar que passavam pelo trio - emprego, casa, família - ou tão somente, viajar pelo mundo fora e ter bons amigos que nos acompanhem nos momentos mais importantes das nossas vidas. Tudo isso anda a ser cimentado aos poucos, porque como dizia ontem a H. e a L. "Os actuais 30, são os antigos 20."
Por isso, agora é que as coisas começam a ter piada.
Best moment: Kuduru progressivo, com os Buraka Som Sistema.

sábado, janeiro 13, 2007

deep blue



















As águas, mesmo frias e estaganadas, podem ser profundas e perigosas. Soa a rebuscado? A metáfora gasta? Pois então, que assim seja, porque talvez seja mesmo assim como eu me sinto.
Às vezes, remar contra a maré custa... muito e hoje é um daqueles dias em que tenho os braços cansados e me apetece ir ao sabor das ondas.
ps - O colar da imagem não está para venda. foi um presente de Natal que necessita de ser ligeiramente modificado. Ficou aquém...

quinta-feira, janeiro 11, 2007

páginas da vida



Eu admito, eu bati no fundo, eu joguei pedra na cruz (como diz a 'Tininha'), mas desde que a nova novela da Globo estreou em Portugal, 'Páginas da Vida', eu tenho papado os episódios todos! Mas mesmo todos! Curiosamente, ao fazê-lo acedi a uma nova dimensão: a do grupo de mulheres que fala em sentido figurado da 'sua novela' (como se fosse propriedade adquirida), que explica pacientemente os episódios às colegas de trabalho, a relação familiar e social dos personagens, enfim, sou a 'sinopse women' em pessoa! Mas aparte disso, como se não fosse por si só já suficientemente gravoso, dou por mim a jantar a tempo e horas para estar disponível e sossegada à hora da 'minha novela' (lá estou eu), não perdendo um único capítulo. Mais! Digno-me a ir para o quarto, onde a televisão é mais pequena (e sim, eu sei que é mau Feng Shui ter aparelhos electrónicos no quarto, mas até agora nunca me agrediram), deixando a televisão da sala para divertimento pessoal do meu marido e da sua amiga Playstation! E nem me importo! Por volta das dez da noite e a seguir à 'Floriseca', lá vou eu em alegre romaria para o quarto, onde permaneço na próxima hora e meia, aninhada e quentinha, seguindo os dramas de Nanda e da sua mãe má, ou da louca da Sandra e do Jorge. (ok, eu sei... fazer um post sobre isto é mesmo já ter a lavagem cerebral completa, mas os loucos são felizes assim). Pior... fico sempre com pena quando o episódio acaba, devoro os resumos dos próximos capítulos nas revistas televisivas que chegam ao trabalho, já consultei o site da Globo Brasil - onde a mesma já vai bem mais avançada - e as pessoas vêm ter comigo quando querem ficar 'actualizadas'. ááááááááá
Há por aí mais alguém a sofrer do mesmo síndroma que eu? Querem formar um grupo de apoio?

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Fds com sabor a mar e sal





















O fim-de-semana quase soube a férias, tais foram os quilómetros percorridos e os sítios visitados. Adoro quando vamos assim sem destino e acabamos por dar longos passeios, descobrindo bares e restaurantes agradáveis e aproveitando o tempo como se ele fosse infinito. O nosso fim-de-semana andou pelos lados de Sesimbra, passeando pela praia em final de tarde e aproveitando os últimos restos de Sol. Depois rumámos até Setúbal, onde apanhámos o ferry para Tróia. A ideia era irmos jantar a um restaurante muito especial e que já há algum tempo não contava com a nossa presença, o Museu do Arroz na Comporta. Desde 2004 que não ia lá, altura em que passámos umas animadas férias de Verão na praia da Galé, em plena costa alentejana, sítio de eleição desde há vários anos para o camping com amigos e longos dias de praia, biquini e chinelo no pé. O Museu do Arroz está diferente, sofreu uma reestruturação, tem um ar mais moderno, uma nova entrada, um novo alpendre, mas continua com os traços que sempre o caracterizou. A comida continua a ser boa (apesar de um pouco cara) e as entradas com queijos e ovos de codorniz de comer e chorar por mais. Por perto havia ainda claros vestígios da prova do Dakar por aqueles lados e muito, muito trânsito - todos os aficcionados decidiram dar um salto à Comporta para ver partir todo aquele aparato de máquinas, jipes de assistência, pilotos, barracas de comes e bebes, etc. - nós, à parte de todos esses motivos, fomos por mero acaso e divertimo-nos, muito. Rumámos então até à Ericeira para pernoitar e por onde andámos durante a tarde de ontem, tendo a mesma o desfecho que eu já aqui fiz questão de relatar. (ver post anterior)
Hoje não estou cansada, apenas tenho sono, porque ontem o mesmo teimava em aparecer e eram duas da manhã e eu insistia em continuar a ler um livro enquanto o João Pestana não batia à porta. Mas que me apetecia estar agora de férias e continuar nesta boa vida, disso, não tenho a menor dúvida.

domingo, janeiro 07, 2007

época de saldos

Começou hoje oficialmente a época de saldos. E eu, consumista confessa por natureza, não pude ficar indiferente. Ora, neste Domingo de um fds tão prazenteiro (mas que eu deixarei para falar num outro post), decidimos, eu e o C., quando vínhamos a caminho de Lisboa, aproveitar para passar na Gulbenkian e ver a exposição do Amadeo de Souza Cardoso - um dos pintores portugueses que mais me suscita paixão - e passar o resto de uma bela tarde inspirados pelas artes e imbuídos de cultura. Ora, mas perguntam muitos de vocês: 'O que é que o Amadeo de Souza Cardoso tem a ver com os saldos?' Pois... nada! Estão mesmo em pólos opostos... porque se eu pensava que ia passar a tarde a falar de surrealismo, das influências políticas e históricas num cenário de início de século XX, enganei-me e a minha realidade inverteu-se num ângulo de 180º que me levou a passar a tarde no maior centro de consumo da capital e do país, o Centro Comercial Colombo! As filas de pessoas para comprar o bilhete na Gulbenkian chegavam à porta, mas não eram tão dramáticas quanto as filas para entrar, efectivamente na exposição, essas sim dignas de respeito e tão imponentes quanto as que assisti na exposição da Frida Kahlo no CCB - no entanto, estas ganhavam aos pontos - o que se pode dizer que a prata da casa ainda consegue levar muita gente às bancadas, mas adiante...
Ora, de um cenário cultural para uma desistência, vai apenas um pulinho e nós desistimos ao fim de meia hora e de apenas dois passos de avanço, o que nos fez deparar com a dúvida: 'então e agora, o que fazemos?' Ao que eu, como gaja que sou, me lembrei: 'Podíamos ir aos saldos!'
A expressão do C. fechou-se. O sorriso contraiu-se, abanou a cabeça como que em processo de mentalização de 'estou tramado' e lá me fez a vontade, com paciência de santo, rumando com o carro até ao piso -3, de um centro comercial completamente atolado de pessoas desenfreadas por compras e por roupa a preços baixos. O cenário dantesco começou logo à entrada, mas atingiu proporções desmedidas nas lojas, onde as filas para pagar se assemelhavam a uma daquelas brincadeiras de 'apita o combóio' que geralmente acabamos por entrar em festa que se preze. As roupas amontoavam-se em pilhas dramáticas no chão, em bancadas e em todo o sítio onde fosse permitido, deixando-nos perante um cenário de guerra capitalista e loucura colectiva. Aquilo intimidava: pessoas com dezenas de peças de roupa na mão para levar para o provador, outras tantas dezenas de pessoas em fila para pagar, um calor infernal, corpos suados e odores não identificados misturavam-se no ar... aquilo não eram saldos, era uma verdadeira descida ao inferno e cada um de nós tentava ver quem é que conseguia aguentar durante mais tempo. Ao fim de três lojas dei-me por vencida. Mas no rescaldo ainda consegui trazer uma t-shirt, umas calças e uma túnica. Tudo bem baratinho, mesmo como eu gosto. O C. esteve sempre pacientemente a meu lado - uma verdadeira prova de amor desmedido, (digo eu...) - e no fim, enquanto matávamos a sede num café, mais calmos e livres do impacto de há segundos, atrevi-me a comentar com ele: 'Trazer um homem para os saldos é a mesma coisa que levá-lo para a forca não é meu amor?'. Resposta: 'Não... é pior, na forca acaba mais depressa'.
Amanhã vamos ver o Amadeo de Souza Cardoso.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

welcome






... e foi assim que festejámos a chegada de 2007, com muito boa disposição, fotografias e alguns copos a mais...

Agora que o novo ano já cá está, espero que lá para Junho, ainda me continue a sentir tão esperançosa e animada quanto estive ontem.