sexta-feira, dezembro 19, 2014

Genético e intransponível

Ontem, à saída do banho, enquanto a enxugava e lhe passava o creme pelo corpo, ela exterioriza a sua angústia. "Mãe, porque é que todas as outras meninas são mais bonitas do que eu?"
Fiquei em choque, incrédula com o comentário vindo de uma criança de seis anos. A minha filha considera-se feia e sofre com isso, mas sofre ao ponto de desatar a chorar compulsivamente. Eu, que pensava que ela só iria ter estas crises de insegurança mais tarde e já em plena adolescência, alternei entre o choque inicial e a sensação de "E agora o que é que eu faço? Como é que eu resolvo isto da forma mais sensata possível?". Afinal, qual é o pai ou mãe que não acha os seus filhos lindos? E como é que é possível que uma menina de 6 anos, que cresceu sempre a ouvir comentários como "Estás tão gira", ou "Ficas tão linda", possa ter estes dramas existenciais a atormentá-la? Caramba que isto de ser mulher e insegura pelos vistos é algo que nasce connosco, porque não consigo encontrar outra explicação para aquele comentário. Primeiro perguntei-lhe se alguém tinha dito que ela era feia, ao qual ela disse que não. Depois tentei perceber porque é que ela achava isso, porque é que ela achava que era feia e a resposta surgiu prontamente: "Porque não gosto de nada na minha cara!". Nesta altura eu já suava e sentia o coração a mirrar porque percebi perfeitamente que era ela e mais ninguém que não gostava do que via. Tentei ir pela parte didáctica e educativa da coisa, dando-lhe exemplos de que não somos todos iguais, que há pessoas naturalmente mais bonitas do que outras, altos, baixos, magros, gordos, mas que não podemos fazer nada para mudar isso a não ser lidar com o assunto da melhor maneira possível. Que não podemos mudar a cor dos olhos, o formato da boca ou do nariz, que já nascemos assim (ok, eu sei que poder até  podemos, mas achei demasiado cedo para estar com essas conversas) e que temos de saber aceitar e preocuparmo-nos em ser bonitas por dentro, que isso sim é que é importante. Ser amigos dos nossos amigos, pessoas preocupadas, educadas, que estimam os outros e os animais, que respeitam os mais velhos, que ajudam quem necessita, que isso sim é ser bonito. Que há pessoas bonitas por fora e feias por dentro e que não é a beleza exterior que nos define. Dei inclusive um exemplo muito próximo para ela perceber que não tem motivos para se sentir feia, mostrei-lhe a minha pele, fiz-lhe ver que já nasci assim, com este problema e que não posso fazer nada para mudar isso. Que eu não gosto de ter assim a pele feia, as mãos, os pés, os joelhos, o corpo todo, que no verão não uso saias curtas nem vestidos na rua, mas que não há nada que eu possa fazer a não ser cuidar dela o melhor que posso e consigo para a ter o mais 'normal' possível. Que nasci assim e assim vou morrer e que não tive outro remédio a não ser adaptar-me e aceitar. Que quando era criança, os outros meninos me chamavam "pele de galinha" e que eu chorava imenso com isso, até que percebi que não tinha que sentir pena de mim, mas sim valorizar-me. Acho que ela percebeu, chorou muito, abraçou-me forte, ficou com pena de mim, disse que nunca iria "gozar comigo" e que "eu podia vestir saias no verão ao pé dela que ela não se importava". Eu senti-me a derreter e só tive vontade de a carregar novamente na barriga, bem junto a mim, alternando num misto de orgulho e de compaixão, mas depois desta conversa senti-me esgotada e frustrada. Se aos seis anos já temos conversas deste calibre eu não quero pensar como será a adolescência e caramba, temos todas nós (mulheres) de ser tão estupidamente inseguras? Sentir que nunca estamos à altura? Que não somos suficiente? (bonitas, inteligentes, cultas, dedicadas, boas mães, etc., etc.?) Temos continuamente de viver com este sentimento de culpa em tudo o que fazemos? Ou é só característica de algumas? É que eu, apesar da conversa toda didáctica e educativa, bonita e pessoal que tive com a minha filha, na realidade não sou lá muito diferente dela. Tenho tendência a ser negativa e a ver sempre o copo meio vazio em vez de meio cheio. E custa-me, daí a frustração, que ela tenha herdado de mim exactamente essa mesma característica. Pessoas que sentem demais sofrem sempre a dobrar.
Raio de genética.
 
 

terça-feira, dezembro 09, 2014

O 'Quebra-Nozes' ou até que ponto devemos reinterpretar os clássicos?

 
Fomos ver o bailado do Quebra Nozes no Domingo com a Companhia Nacional de Bailado. E eu, que só queria ver um ballet clássico, com bailarinas de tutus brancos imaculados e em pontas, deparei-me com uma versão 'pop', quase 'ballet on acids' do clássico reinventado. E apesar de até ter havido partes que gostei, apesar de o segundo acto me ter enchido mais as medidas que o primeiro, senti-me defraudada nesta versão onírica e alucinada que se traduz na visão de alguém que não o seu autor, onde imperam personagens do século XX misturados com mensagens subliminares e de igualdade do género. O auditório do teatro Camões estava cheio de crianças e famílias, a minha filha gostou do espectáculo, tanto que até diz que quer ir vê-lo novamente - suspeito porque a sua festa de Natal deste ano na escola o tema é o Quebra Nozes - e foi ela que me foi elucidando algumas partes da história, mas caramba, foi demasiado. Demasiada fantochada para o meu gosto. Demasiada reinterpretação pessoal, demasiadas adaptações que nada têm a ver com a história original, demasiados devaneios, como se tivesse sido pensado e coreografado depois de uma noite em que se misturaram linhas de coca, gins tónicos e erva. Um cocktail explosivo de loucura visual, surrealismo e alucinações. Que me desculpem os intervenientes, os bailarinos, toda a equipa técnica envolvida que está ali muito trabalho, eu reconheço, mas não me convenceu... Nestas coisas dos clássicos comigo tem de ir aos poucos. Se é clássico há que lhe ser fiel. Pode ter ligeiras nuances, alterações, mas que contribuem para enriquecer ou enaltecer a história, não para a desvirturar como se fosse outra coisa completamente distinta, uma metáfora do século XX, com selfies à mistura, ratos mickey, wonderwoman e corações desenhados com as mãos, que foi o que senti... ou como diz a notícia do Sol e do Público, um Quebra Nozes que é um verdadeiro quebra cabeças.
Nestas coisas sou muito velho do Restelo, muito conservadora e ballet clássico para mim é e sempre será ballet clássico, não um misto de pop com teatro de patins em linha.

quarta-feira, dezembro 03, 2014

Alentejo do meu coração



Fomos passar o fim de semana a Évora. Fazíamos anos de namoro e como estávamos sem 'filha', decidimos aproveitar para uma mini escapadinha. Ainda há pouco tempo estivemos por aquelas bandas, no EcorkHotel, que adorámos. Na altura comprámos um voucher para o hotel, que ficou  muito em conta e fizemos um mini break que valeu a pena. O hotel é maravilhoso e o voucher incluia um desconto de 25% no restaurante do mesmo, Cardo,  o que acabou por compensar. Mas na altura nem chegámos a ir ao centro de Évora, ficámos pelo hotel que fica nos arredores da cidade e no dia seguinte decidimos rumar a Monsaraz, onde fomos à procura de um restaurante onde fui em tempos e onde me recordava que se comia divinalmente. (Somos movidos pela comida, juntou-se, literalmente a fome com a vontade de comer). Desta vez decidimos voltar e instalámo-nos no centro de Évora, no Hotel Mar D'Ar Muralhas, mas o apetite acompanhou-nos sempre. Aliás, para mim ir ao Alentejo é sempre sinónimo de boa comida.
Estava muito, muito frio. Mesmo! Aquele gelo e ventinho cortante que se entranha nos ossos, mas o quarto do hotel era um forno. Como já não ia a Évora há algum tempo, foi com alguma desilusão que constatei que a Praça do Giraldo não tem qualquer elemento alusivo ao Natal, nem uma singela árvore ou luzes, nada. Tinha música a tocar, mas de resto e em toda a cidade, tirando algumas montras, nem parecia que estamos em plena época natalícia. Na primeira noite jantei uma açorda de gambas no novo restaurante Maria Luisa que me soube pela vida e no dia seguinte almocei uma sopa de cação que me deixou completamente saciada durante horas. Claro que nesta incursão gastronómica não faltou a sericaia, os pastelinhos de bacalhau, ou os pastéis de massa tenra como entradas.
Devo ter vindo de Évora com mais uns 2 quilos no lombo.. isso e 'noiva'.

terça-feira, dezembro 02, 2014

e de repente tudo muda

Fiquei a saber hoje que uma amiga minha tinha sido despedida. Eu já suspeitava que ela tinha saído do sítio onde se encontrava a trabalhar, mas nunca em momento algum coloquei a hipótese de ela ter sido despedida. Não só porque sei que ela é uma excelente profissional, como sei que os clientes gostavam dela, que tinha uma óptima relação com os mesmos e que era empenhada, competente e dedicada. Eu já trabalhei com ela por isso falo com saber de experiência feito.
Hoje, quando soube da notícia apanhei um pequeno choque. Motivo para o despedimento? Nenhum. Basicamente a empresa a nível internacional estipula os objectivos para os vários mercados e os de Portugal eram de loucos. Como não foram atingidos despediram todos os seniores, ficando apenas com juniores. Não há motivo nenhum em especial. Basicamente descartaram-se das pessoas que ganhavam mais e com mais experiência, para ficarem com meia dúzia de gestores juniores. Nada contra as pessoas juniores, que merecem uma oportunidade, mas uma empresa que abdica dos seus quadros seniores, da experiência de anos de trabalho, por motivo nenhum que não seja meramente numérico, não pode ter uma boa gestão, irá acabar mal de futuro.
E desde quando é que uma pessoa com 36 anos é ‘velha’? Ser considerada ‘senior’ já acho surreal, mas hoje em dia é-se ‘senior’ quando se possui mais de 5 anos de experiência, ou então quando já passaste os 30 anos no bilhete de idade.
É a triste realidade com que nos deparamos hoje em dia. Não é a competência, não é o teres feito a maior asneirada possível, seres preguiçoso ou incompetente, prejudicado a empresa, posto em causa um cliente ou perdido um negócio de  milhões. Não é nada disso. É apenas uma questão de eliminação, de cabra cega. Temos de despedir pessoas seniores que ganhem mais de mil euros e pronto, está feito. Não há competência que nos valha. Somos todos descartáveis, números substituíveis, uma laranja mecânica que não se intimida com histórias de tocar o coração ou se tens colégios dos filhos e renda de casa para pagar.
E é este o país que temos e é esta a realidade que vivemos, onde notícias destas nos fazem parar e pensar, para onde caminhamos e se é isto que queremos das nossas vidas.




 
 
 

ainda há boas notícias

 
Orgulho! A 'minha' escola secundária foi considerada a melhor escola pública nacional e com muito mérito. Nesta escola tive alguns dos melhores professores que encontrei no meu percurso escolar, mais do que na faculdade e isso foi visível ao nível do Português, da História, da Filosofia e até de actividades como teatro ou rádio. (Foi aqui que me nasceu o 'bichinho' da comunicação). Eram pessoas empenhadas e exigentes, que acompanhavam os alunos e se preocupavam verdadeiramente com eles. Nunca me hei-de esquecer do meu professor de português, Aníbal de seu nome, exigentíssimo, mas que me fascinava e me fazia gostar ainda mais da nossa língua mãe, pelo seu empenho e gosto com que nos explicava a matéria, os poemas de Bocage, ou livros pesados como a Síbila, Frei Luís de Sousa ou Eurico o Presbítero. Ou a professora de Filosofia, 'Cleópatra' de alcunha, pelo seu estilo hedónico e cabelo muito preto com franja muito recta, cheia de pinta e inteligentíssima. Foi nesta escola que saí com médias elevadíssimas para os exames nacionais e foi nesta escola que, no exame nacional de História tive um 20! (Sim, eu era uma pequena croma, mas a verdade é que sempre gostei de estudar).
Numa altura em que o ensino público enfrenta grandes dificuldades, este é um exemplo a seguir. Parabéns Escola Secundária Raúl Proença, saudades dos velhos tempos de 'liceu'.

sexta-feira, novembro 28, 2014

Musiquinha

 
Em dia de suposta celebração oiço esta música e tenho vontade de chorar.
 

quinta-feira, novembro 27, 2014

um cantinho acolhedor

 

Ontem, por motivos de trabalho, fui almoçar ao Cantinho do Avillez no Chiado. Nunca lá tinha estado, nem entrado e gostei da simplicidade despretensiosa e acolhedora com toques de cultura portuguesa presente nas mais pequenas coisas. Gostei dos pormenores à mesa, que tão facilmente podemos recriar em nossa casa, basta apenas um pouco de imaginação, como a base feita de rolhas de cortiça, uma forma de pudim a servir de cesto do pão ou os pequenos púcaros de inox que servem para as mais variadas coisas - colocar azeitonas, molhos, etc. - do chão com mosaico hidraúlico ou dos pratos cavalinho na parede. Gostei do grande lavatório em pedra mármore e das entradas que foram a minha perdição (as mini empadinhas de perdiz estavam qualquer coisa de transcendente, quentinhas e fofas que só elas, devorava umas vinte - sem exageros - e pronto, ficava almoçada, nem precisava de mais nada, bastava-me as mini empadinhas de perdiz para ficar consolada...) Mas fui comedida, uma verdadeira lady (e não lontra) e só comi uma, guardei-me para a fritada de farinheira, para a broa de milho e azeitonas, para as lascas de bacalhau em cama de legumes e para o gelado de avelã no final. Sou menina para isso e muito mais, que apetite é coisa que me assiste em doses duplas, mas saí de lá bastante satisfeita e com a barriga a bater palminhas.
 

a partir de hoje vou ser...


 
Oficialmente uma 'bimbólica'.
Pois é, depois de vários anos a dizer 'ah e tal eu não preciso disso para nada que sou  uma cozinheira de mão cheia' (que sou), eis que me rendi à evidência da ciência e decidi adquirir a bimby mais tecnológica, a mais recente, a mais cara, a mais tudo! E chega hoje! E eu, qual criança à espera do Natal não vejo a hora de ter o meu novo 'brinquedo' e de me pôr a fazer comidas que eu nem sabia que sabia fazer, ou com uma facilidade que desconhecia - que é mais isso que espero da bimby.
O que pesou (e muito) na decisão de adquirir uma bimby foi acima de tudo o pouco tempo que disponho durante a semana e o facto de me ir permitir algum facilitismo na gestão do mesmo quando chego a casa, em que me desdobro em mil entre cozinha, jantar, banho da cria e toda a logística de dona de casa que, acredito, tantas de vocês tão bem conhecem. Geralmente nunca estou em casa antes das 19h20/19h30 e o tempo para cozinhar e fazer tudo o resto é cronometrado. Ando sempre, sempre, sempre a mil, com preocupações do género - 'Ai Jesus que tenho cerca de 20 minutos para dar banho à miúda enquanto isto agora está a estufar' e o descalabro de 'F+p%#/$ que já deixei passar mais do que devia e queimei esta m*!%* toda'. Com a bimby isso acabou, até posso estar meia hora a dar banho à criança que a comida não queima, ela avisa quando estiver pronta e eu, mesmo que esteja demorada não tenho de vir a correr, qual louca, escada abaixo para vir baixar o lume ou mexer o tacho. Claro que não faz tudo, já sei, mas nem eu espero isso de uma máquina, já sei que é muito boa, mas que não vai às compras por mim nem me estende a roupa. Por isso as expectativas são realistas. Espero com a bimby ganhar mais tempo e qualidade de vida, menos preocupações por assim dizer e continuar a cozinhar para toda a família, diariamente, de forma saudável, variada e com muito mais possibilidades. Acima de tudo, agradou-me a ideia de não ter de sujar tachos e tachinhos para cozinhar isto e aquilo, fazer arroz, sopa ou refogar e só essa visão, de menos loiça em cima do fogão e para lavar, deixou-me logo convencida, já para não falar na quantidade de coisas maravilhosas que a minha amiga Sónia - que foi quem me vendeu a bimby - decidiu fazer quando foi lá a casa fazer a demonstração. Ela foi limonada, ela foi batido de frutos silvestres, mousse de frutos silvestres, pão ralado aromatizado com salsa, massa de pizza, sopa, frango em cama de legumes com bechámel (o bechamel feito também na bimby) e o arroz cozinhado com o vapor dos legumes. E estava tudo ma-ra-vi-lho-so! Ma-ra-vi-lho-so!!
Hoje a Sónia vai novamente lá a casa, mas desta vez leva a MINHA bimby! (My precious!) E para o jantar vamos fazer bacalhau com espinafres. Também vai levar a miúda, por isso a Madalena já anda louca com a ideia de que logo à noite tem a visita da Maria e brincadeira garantida. Mas para mim, para mim hoje é Natal!
Can't wait!

quarta-feira, novembro 26, 2014

o ponto do não retorno

Por causa deste post da Marta sobre um 'quase-episódio' de violência doméstica e de como o mesmo fez com que a relação nunca mais voltasse a ser a mesma, dei por mim a pensar num episódio semelhante que aconteceu comigo e que também foi o ponto de viragem no meu casamento na altura.
O meu ex-marido sempre foi um homem afável, simpático e cordial com toda a gente. Desfazia-se em amabilidades com tudo e todos e era impossível não haver quem dissesse que aquele rapaz não era 'um bom rapaz'. E ele sabia disso e disso fazia gáudio. Mas eu também sabia que o seu intímo não era assim tão 'bom' quanto fazia transparecer e que havia um lado negro que quando se revelava mostrava a sua força. Presenciei várias situações que me deixaram surpresa, como quando a gata miava na varanda - impossibilitada de vir para dentro de casa pelo próprio - quando lá fora caía um temporal desgraçado  e ele decidiu mandar um murro na porta de vidro ao ponto de a partir achando que dessa forma o animal se calava. (Quem é que era o animal aqui? Pois...)
Este foi um de vários episódios, mas o derradeiro, aquele que mudou o meu 'set-mind' chamemos-lhe assim, foi num dia em que era a M. pequenina e eu estava na casa de banho a dar-lhe banho. A miúda, já não me recordo o porquê, mas nesse dia estava particularmente impossível e chorava muito. Lembro-me que o chamei para me ajudar e que tivemos uma enorme discussão à frente dela, para logo a seguir e levado pela fúria do momento, me empurrar com força - fazendo-me desequilibrar só parando contra a parede - e me tirou o chuveiro das mãos. Nesse momento que, se calhar para ele foi insignificante, tudo fez sentido para mim. De repente passei a ver tudo claro e na minha cabeça as ideias e as certezas arrumaram-se. Lembrei-me de cenas que presenciei em casa dos meus pais e que jurei que nunca teria na minha vida. Lembrei-me de tudo aquilo que eu não quero em alguém que esteja ao meu lado, mesmo que esse alguém seja o pai da minha filha e, acima de tudo, lembrei-me que por mais sorrisos e amabilidades que vejamos numa pessoa ela revela-se como verdadeiramente é nos momentos mais insignificantes. E que eu não gostei do que vi.
Porque é mesmo isso, basta que me batas uma vez, basta que tenhas a atitude, ou que sejas quase tentado ou levado 'a'. Basta uma vez para ver tudo claro e para ter a certeza de que se tens a atitude uma vez, terás a atitude sempre, porque ela te passa e existe na tua cabeça.
Esse foi o meu dia (e ponto) de viragem e nunca, mas mesmo nunca me arrependi da decisão que a partir daí tomei.
 
E orgulho-me muito disso.

terça-feira, novembro 25, 2014

Aloita universo

Não resisti à gula e à fome a meio da tarde e fui ao café do lado comprar uma almofadinha de carne. Já tinha comido uma ao almoço e sabia que estavam maravilhosas. O senhor do café, enquanto colocava o salgado no saquinho de papel pergunta-me, 'Gosta de chamuças?' e eu "'Ah e tal, gosto, mas só tenho dinheiro para um salgado'. 'Não se preocupe, este ofereço eu, que vai-me sobrar e prefiro oferecer!' # ‪#‎megalontra ‪#‎ouniversoadarmeadobrar #aloitauniverso

quinta-feira, novembro 20, 2014

Quem disse que a música ambiente dos supermercados não é fixe?

Pequena cria, ontem, em pleno Pingo Doce decidiu fazer um solo de guitarra, deixando-se levar pela música ambiente e completamente imbuída do espírito rock&roll.
 
Quando me virei estava em pleno delírio de solo guitarrístico, com um senhor especado a olhar para ela.
 
Estás a fazer? Perguntei-lhe com ar de gozo.
Estou a tocar! Respondeu ela com ar de 'ratona'.
 
E assim ficámos, em pleno supermercado, a rir as duas que nem umas perdidas.
 

a vida ao contrário

Nestes dias escuros, feios, frios e negros, em que chove de manhã à noite sem uma abébia de céu, como se S. Pedro decidisse chorar todas as mágoas sem fim à vista, passo o dia a desejar ir para casa. Sonho com a minha cama e invade-me uma moleza e inércia que só se anima com o vislumbre do quente e do algodão dos lençóis. Passo o dia nesta letargia, ansiando pelo momento em que me aninho e estendo o corpo dorido das horas passadas ao computador e do sono que me assola durante o dia.
Por isso, o que me chateia à brava, é que quando finalmente me encontro no tão aguardado objecto de desejo diário, acordo passado pouco tempo depois de adormecer (normalmente uma hora e meia, duas no máximo) e o sono desaparece como que por magia ficando duas a três horas acordada. Tem sido assim nos últimos dias, passo a maior parte do tempo e da minha noite acordada, sem sono, voltando a adormecer quando o despertador está quase a tocar, passando o resto do dia completamente em modo zombie.
E nem posso esperar que a televisão me salve porque às 4 da manhã não dá nada de jeito.
 
Vale-me o Pinterest.

quarta-feira, novembro 19, 2014

All I want for Christmas...



Já que nos anos não tive grande sorte :-P

terça-feira, novembro 18, 2014

O que queres para o Natal?


 
A minha pequena cria, chegada aos seis anos, anda naquela fase de pedir um irmão. Tem sido um tema recorrente desde há vários meses. Como ainda não viu a vontade ser-lhe feita, decidiu que vai escrever ao Pai Natal a pedir um e conta a sua ideia a toda a gente. Nós achamos-lhe graça e até já a incentivámos a fazê-lo, quando montarmos a árvore de Natal, ajudamo-la a escrever a carta ao Pai Natal.
Ontem, quando fui buscá-la à escola e depois de ter passado o fim-de-semana com o pai, vínhamos no carro para casa e eis que quando a conversa derrapou para o tema Natal (porque lhe disse que no próximo fim-de-semana fazíamos a árvore), ela comunica-me que ‘afinal já não vou pedir um irmão ao Pai Natal’. Perante o meu ar de espanto pergunto-lhe o porquê e ela volta a dizer que não, que vai pedir outra coisa.
Ora, sabendo eu que aquele comentário não vinha do nada decidi ‘esgravatar’ mais fundo a questão e, tal como suspeitava, percebi que lhe tinham feito a cabeça no fim-de-semana de forma a que pensasse que um irmão não era algo assim tão bom como ela imaginava, mas antes um ser que lhe ia destruir os brinquedos ou roubar-lhe o amor da mãe.
Fiquei piursa. Como é que podem meter estas ideias na cabeça de uma criança inocente de 6 anos, fazendo-lhe uma lavagem cerebral de forma a que pense que ter um irmão é algo mau, alimentando o egoísmo e tentando manipulá-la de forma tão baixa e mesquinha?
Respirei fundo umas quantas vezes e decidi falar com ela com toda a calma do mundo. Disse-lhe que a mãe é filha única e que sempre desejei muito ter um irmão mas nunca tive. Que um irmão é um companheiro para a vida, alguém que estará sempre do nosso lado, com quem partilhamos as nossas coisas, com quem rimos, choramos e com quem às vezes também nos chateamos, tal como acontece quando ela se chateia com as amigas e que depois rapidamente voltam a fazer as pazes. Disse-lhe para ela perguntar a essas mesmas amigas da escola, que têm irmãos, se não gostam deles (eu sei que ela é das poucas que é filha única, todos têm irmãos) e se preferiam não ter irmãos para que os mesmos não brincassem com os seus brinquedos… por fim terminei com a explicação de que o facto de se ter irmão não significa que a mãe ou o pai gostem menos dela (acho que este é o seu maior medo) ou que lhe vão dar menos atenção, que o amor multiplica-se e é infinito, não diminui.
De repente, ela vira-se para mim, com os olhos cheios de lágrimas e diz: ‘mãe para, não digas essas coisas que me fazes chorar.’
À noite, já depois de tudo isto, mais calma e já no seu estado normal de alegria, voltou a dizer que ia pedir um irmão ao Pai Natal.
Missão cumprida.
 

segunda-feira, novembro 17, 2014

Resumo do fim de semana em uma palavra


"Ronha"

mas também posso dar sinónimos:

"Dormir"

"Não fazer (quase) nada"

"Vegetar"

"Descansar"

Nestes fins-de-semana de Outono, em que estou sem a pequena cria em casa, aproveito para recarregar baterias e dormir muito, como não durmo em todos os outros dias da semana, sem tempos para comer, acordar, ou respeitar os ritmos impostos do relógio. Deixar-me guiar apenas pela vontade sem stresses e sem culpas... sabe tão bem.
 
Era capaz de habituar-me a isto.

Agradecer também aos senhores da Telecine que proporcionaram um fim-de-semana de canal aberto o que significou um barrigada de filmes como há muito não acontecia: The Great Gatsby e Diana foram algumas das recentes novidades que ainda não tinha visto e que agora não me escaparam, mas também a oportunidade de rever A Vida é Bela. Terminar o fim-de-semana caseiro com uma ida real ao cinema e ver finalmente Gone Girl. Vir de lá siderada.

sexta-feira, novembro 14, 2014

Autumn

 
À hora a que escrevo este post chove a potes. Do sítio onde me sento no escritório mal vislumbro a rua, as janelas ficam longe e estão a maior parte do tempo com as persianas corridas e eu estou sentada no fundo da sala, mas sei que a noite está feia e fria, perfeita para ir para casa enroscar-me na manta e no sofá. À hora do almoço fui à rua comer fora. Deixei a marmita no frigorífico e permiti-me a um devaneio de gastar dinheiro em um almoço do qual não tinha necessidade, qual burguesa. De regresso fotografei as cores do Outono que tanto adoro, árvores pinceladas de amarelos torrados, castanhos dourados e vermelho tinto, numa abébia de sol que o dia permitiu.
Bom fim-de-semana.

memories

 
Vestir o meu casaco mais quente pela primeira vez este Outono, meter a mão no bolso e encontrar dois bilhetes do metro de Paris e a chave do cadeado que deixámos na Pont des Arts.

Aqui ninguém toca - a reacção

 
Tal como disse no post anterior, ontem tinha em mente mostrar o vídeo da campanha 'Aqui ninguém toca' à M. e contar-lhe a história do menino e da mão. Assim o fiz. Contei-lhe a história, que ela adorou e mostrei-lhe o vídeo. No final da história, sem eu ter feito qualquer referência ou tido a conversa com ela sobre onde é ou não permitido tocar, ela diz: 'Ah, então já percebi! A mão não pode tocar debaixo da roupa interior e se o fizer não devemos guardar segredo e contar a um adulto de nossa confiança'.
 
É isso mesmo coisa 'mai' linda, riqueza de sua mãe! (Peito a inchar de orgulho)

quinta-feira, novembro 13, 2014

'Aqui ninguém toca'

Depois de ver e ler esta notícia que me deixou perplexa, fiquei durante algum tempo a pensar no assunto.
Sim, já todos lemos e ouvimos notícias destas e pensamos que nunca nos bate à porta, mas esta teve o condão de me deixar mesmo a pensar no assunto e de me assustar. Sim, já tinha lido sobre a estatística que afirma que uma em cada cinco crianças será vítima de violência ou abuso sexual, mas temos sempre aquela tendência de fazer ouvidos moucos e de achar que não será concerteza com os nossos filhos, de encolher os ombros de ler outra notícia mais alegre e esquecer a anterior e pronto, a vida continua e não se fala mais nisso.
Mas hoje dei por mim a pensar que não podemos, não posso ser assim. Será que reconheceria os sinais se a minha filha passasse por isso? A verdade é que a maior parte deste agentes agressores estão inseridos no meio que lhes serve de inspiração. E este em questão era respeitado por toda a comunidade, gozava de uma reputação inquebrável, além de ser adorado pelas crianças e de gozar de uma confiança inabalável por parte dos pais. E é isso que assusta. O facto de confiarmos tanto em alguém e de nunca colocarmos a questão de que essa pessoa pode não ser exactamente aquilo que achamos que é. Claro que todos corremos esse risco, seja na vida, nas relações pessoais, no trabalho, na escola... Quantas vezes não confiámos em pessoas que reveleram não ser nada daquilo que pensávamos delas? O problema aqui é que em adultos sabemo-nos defender, ou sabemos lidar (melhor ou pior) com isso, mas as crianças não. E a questão que se levanta é como ensiná-las a identificar se estão ou não perante um possível agressor? Como explicar-lhes se aquele professor de ginástica ou educador do atelier de expressão plástica, que é um querido e que está sempre lá para lhes dar atenção, não tem afinal segundas intenções? Como ensiná-las do que é o toque ou comportamento certo do errado? Como fazê-las entender, em tão tenras idades, de que há toques apropriados - seja por amigos ou familiares - de outros que não são permitidos? É difícil, deixa-nos confusos, com medo de não saber lidar com a situação.
Por causa destas questões que hoje me ficaram a matutar na cabeça e entre pesquisas, encontrei esta campanha fantástica, "Aqui ninguém toca" que tem um site, um livro que pode ser descarregado em PDF, um filme e mensagens explicativas de como lidar com a situação com uma criança e formas de abordagem.
Para eles, crianças, a linguagem é simples, infantil, visual, rodeada de dois personagens - uma mão e um menino - que vão explicando de forma também ela simples, infantil e visual o que uma mão pode e não pode fazer.
É tão educativo e didático que merece ser divulgada em larga escala! Eu já descarreguei o livro para mostrar à M. e ainda hoje espero conseguir mostrar-lhe o vídeo. Porque mais vale prevenir.
 
 

comunicar = amar


 Acredito, cada vez mais, que uma relação é feita acima de tudo de comunicação. Independentemente do quanto gostamos do outro, do quanto amamos, do quanto nos faz (ou não) feliz. Sem comunicação nenhuma relação resiste e tudo desvanece, tudo morre. Não há gesto que a salve. Porque por mais que eu repare nas 'small things' e que saiba o quanto elas também são importantes, são as palavras, a confiança e a partilha de sentimentos traduzidos nas palavras que realmente aquecem e inflamam o meu coração.

quarta-feira, novembro 12, 2014

eu só não adivinho a sorte grande mas ninguém acredita

Coloquei a casa à venda. Fechei contrato com uma imobiliária durante 6 meses que me vai ficar com uma boa percentagem caso o negócio se concretize e deixo nas mãos do destino para que assim seja apesar de tudo e que finalmente encerre este capítulo do passado. Mas o meu lado racional, ou experiência de vida, chamemos-lhe assim, levam-me a torcer o nariz e a ficar de pé atrás com toda a situação. Porque tenho campaínhas de 'aviso' que tocam e me dizem, 'Mafalda, já passaste por isto antes e sabes bem o que aí vem' e porque, impreterivelmente, acaba sempre por sobrar nas minhas costas mais um fardo para carregar. Porque já tive a casa à venda uma vez e sei bem como é o filme de marcar visitas, ajustar horários para abrir as portas de casa a estranhos, andar num stress e correrias por causa dos outros, coordenar os horários com o trabalho e tentar ter as coisas minimamente arrumadas e decentes para mostrar - quem é que quer ir visitar uma casa que não seja harmoniosa e esteja num pé de vento? Hoje ligaram-me a perguntar se podia ir mostrar a casa a meio da tarde para um casal que a queria ver. Disse que a meio da tarde era impossível, que estava no escritório e que não podia simplesmente ausentar-me durante uma hora ou mais, sem dar justificações para ir mostrar a casa. Ficou então definido que mostraria a casa durante a hora do almoço, tendo ficado combinado as 14h00. Isso permitia-me sair do trabalho às 13h00, ir até casa e arrumar tudo o que estava fora do sítio para a mesma ter um ar apresentável e voltar para o escritório a horas decentes. Assim foi, saí a correr, fui para casa a correr, arrumei a quantidade de coisas que estavam fora do sítio; fiz camas, lavei loiça, arrumei brinquedos espalhados na sala, casacos que se acumulavam nas costas de uma cadeira, a máquina de aerossóis em plena mesa de jantar, medicamentos espalhados na bancada dentro do armário da casa de banho, despejei finalmente os sacos de lixo que se acumulavam na cozinha para levar para os ecopontos, varri, limpei o pó, passei esfregona no chão, abri janelas, deixei a luz entrar e até coloquei ambientadores na sala e no quarto para dar 'ambiente'. Às duas da tarde a casa estava num brinco e comecei então a espera e a ver pela janela se havia movimento no bairro que indicasse a chegada dos visitantes. Nada. Vazio total.
Às 14h15 decidi ligar para o meu contacto da imobiliária para saber se o colega que supostamente iria mostrar a casa a um casal estava atrasado. Foi então que levei com um balde de água fria. 'Atrasaram-se numa outra visita e já não vão conseguir ir.' Oi? Como é que é? Nem um simples telefonema a avisar que estavam atrasados ou que não conseguiriam comparecer, nada. Fiquei fula da vida. Ali estava eu, qual fada do lar, sem almoçar, mas com a casa num brinco, já atrasada para o escritório, à espera de umas supostas pessoas que não me tiveram em  mínima consideração perante os meus avisos e condições para mostrar a (minha) casa durante a (minha) hora de almoço.
Começa bem esta segunda volta da 'venda da casa' e, não querendo ser pessimista mas sendo-o, também já sei qual vai ser o desfecho que a mesma irá ter.
E com isto penso: caramba, se eu adivinho mesmo tudo, Deus, ao menos bem me podias deixar acertar a chave do euromilhões... é que isto de ser bruxa mas pobre não tem piada nenhuma e só me dá chatices e eu já me sinto velha e cansada. É isto.
 
 

terça-feira, novembro 04, 2014

note to self

Nestes 36 anos acabados de cumprir uma lição importante a reter: tenho de (conseguir) aprender a não esperar tanto dos outros. Só assim evitarei as desilusões e expetativas que deposito e que me saem sempre goradas.

quarta-feira, outubro 29, 2014

Último dia dos 35!

Estou viva! Ainda tenho 35 anos (mas por pouco tempo) e tenho andado a mil, com muito trabalho e pouco tempo para me coçar.
Assim muito a correr, a festa da piquena está marcada e tudo tratado, espaço alugado, convites enviados e já com confirmações. Ela está numa excitação que não tem explicação, a contar os dias para o aniversário e para o Halloween (já comprei um vestido e uma vassoura de bruxa para a piquena... é muita festa junta de umasó vez!) e eu, bom, a preparar e a rever mentalmente tudo o que ainda me falta fazer para Sábado, que vou sentar a família à mesa, o que vou servir àquela gente toda e respectivo repasto.
Pelo meio nestas últimas semanas tive direito a uma escapadinha até ao Alentejo que me soube pela vida, colocar a casa à venda - here we go again - e direito a uma muito boa notícia que foi uma espécie de presente de aniversário antecipado.
Fecho estes 35 anos com um balanço positivo, mesmo que por vezes oscile e me lamente, dê uma de desgraçada da vida com mistos de auto-comiseração. Faz parte deste meu feitio escorpiano torcido com tendência para a depressão sazonal.
Só tenho coisas positivas pelas quais agradecer e amanhã estarei de férias. Amanhã e sexta. Terei por isso um fim-de-semana de quatro dias para fazer o que me der na real gana! Não tenho planos definidos para amanhã, vou andar um pouco ao sabor da vontade e aproveitar estes dias de sol magnífico. Uma coisa é certa, não vou estar com mood de "october blues".
E agora vou dar um salto ao shopping e oferecer um presente a mim mesma para me pôr bela! Os trapinhos sempre me animaram.

sexta-feira, outubro 17, 2014

nua

 
Hoje, com as pressas típicas da manhã, despachar a miúda, preparar tudo o que ela precisa de levar para ir passar o fim-de-semana a casa do pai, pequenos-almoços, secar o cabelo, etc., etc., eis que saí de casa sem colocar um único anelinho nos dedos. Nem um para amostra. Mas lembrei-me várias vezes, enquanto me despachava, no ritmo alucinado que caracteriza todas as manhãs, "não me posso esquecer de colocar os anéis, não me posso esquecer de colocar os anéis". Pois bem, esqueci-me. Só quando me sentei no carro, já com as mãos ao volante é que os meus olhos bateram nelas e 'ai c'ó horrore, ai c'ó horrore' que nem um anelinho no dedo mindinho coloquei, nem um singelo apontamento no anelar, nada de nada.
É estranho. Não estou habituada. Sinto-me um pouco nua. Ao menos tenho as unhas pintadas, retocadas no carro é certo, mas pintadas. Valha-nos isso!

wishlist #2

Já estive com ele na mão tentada em trazê-lo. Tive de resistir com a mais pura das minhas forças, racionalidade e amor ao dinheiro, que este mês já não posso cometer loucuras. Mas não fosse custar 28 euros e já estava a devorá-lo como se não houvesse amanhã.
Não vejo a hora.

a propósito de botas

Num impulso e acto inesperado, acabei por comprar estas da Parfois.
Não são exactamente aquilo que procurava, mas enquadram-se dentro do pretendido: botim com fivelas douradas e ligeiro tacão.
Já as usei e são super confortáveis, ficam bem com calças e com saias e vestidos e o que mais gosto nelas: o preço. Custaram 20 euros. (19,99€) Sinto-me uma vencedora sempre que descubro estas pechinchas!

terça-feira, outubro 14, 2014

Birthday wish list #1

É verdade que ando mais preocupada com o aniversário dela do que com o meu, mas isso não me coíbe de fazer uma “wish list” das coisas que gostaria de receber. Afinal, sonhar não tem preço. Apesar de tudo o que meto na wish list, ter.
Em primeiro lugar a malinha Michael Kors. Sim, ando a namorá-la há séculos. Anos até. Prestes a fazer 36 anos nunca tive nesta minha (ainda) curta existência uma malinha de “grife”, assim boazinha vá. Daquelas que não se rasgam ao fim de uma semana, que as alçam não se desfiam pelo uso diário ou cujo valor não ultrapasse os 20 euros (média de valor que gasto numa mala). Sim, pobrezinha, so what? Vergonha é roubar.
Com a idade comecei a achar que uma boa mala é de facto um investimento que compensa e vale a pena. Mudo cada vez menos de mala a condizer com a indumentária, por isso gostava de ter uma boa mala, neutra e que ficasse bem com (quase) tudo. Esta do Michael Kors enche-me as medidas. É grande q.b. como eu gosto, de formato rígido como eu gosto, com uma alça nem muito curta nem muito comprida como eu gosto. Gosto de tudo nela, menos do preço. A partir dos 30 anos deveria ser obrigatório toda a mulher ter pelo menos uma boa mala ou carteira no seu guarda-roupa.
A seguir umas botas. É verdade, ando na demanda das botas perfeitas. Em tempos idos – mês de Julho – experimentei estas da Blanco. Têm um tacão que para mim é perfeito – nem muito baixo nem muito alto, o que para mim é fundamental pois do alto do meu 1,75m fico uma torre gigantesca com qualquer salto… além de serem cruzadas nos calcanhares e fazerem um pouco de bico à frente. Na altura, comedida por um ataque de racionalismo não as comprei, agora bem posso chorar sobre o leite derramado. (A verdade é que também nunca mais voltei à Blanco, por isso não sei se ainda existem ou não).

Entretanto vi estes dois modelos na net e apaixonei-me imediatamente por eles. São da It Shoes, mas são extremamente caras (para cima de 100 euros) Tenho este terrível defeito de os meus olhos baterem naquilo que é bom… (suspiro)
Post em actualização.

já está tudo mais ou menos orientado ou #octoberblues3

Para os anos dela. Ou seja, pelo menos na minha cabeça.
O local da festa já está reservado, já pedi à escola que me envie o nome das crianças da turma dela para escrever nos convites e entregar. (Já reforcei o pedido mas até agora ainda nada me chegou, mas por enquanto vou tentar não stressar.) Entretanto, também já decidi que além da festa à tarde, num espaço próprio para festas em que iremos convidar as crianças da turma dela, farei um jantar em minha casa para a família e pronto. Tudo isto no dia 1, dia dos anos dela. Para preparar toda esta logística infindável de festas, lanches, jantares, doces, sobremesas, limpar a casa e deixar tudo minimamente organizado com antecedência, vou tirar o dia dos meus anos e o dia seguinte de folga. Assim tenho tempo de ir às compras com calma e de, sozinha em casa, organizar tudo, qual fada do lar. Nos entretantos ainda tenho de comprar convites, decorações de festa e fazer follow-up junto dos pais das crianças convidadas para saber se posso contar com os seus filhos. (Ai, não sou mesmo nada feita para estas coisas...)
 
Vai ser um fim-de-semana duro e, vamos ver se pelo meio, não chego aos 36 com uma apoplexia nervosa.
Let the party begin.

segunda-feira, outubro 13, 2014

coisas que não combinam

Segundas-feiras, chuva, (muita chuva e frio), dores de garganta e ex-maridos ressabiados a chatearem-nos a moleirinha.
 
Arre!

quinta-feira, outubro 09, 2014

ainda agora o ano lectivo começou...

 
E fiquei a saber, pela boca da minha filha, que a sua professora do primeiro ano está grávida e vai ter um menino.
Até aqui tudo bem, parabéns à senhora que isto de trazer crianças ao mundo é sempre uma alegria e Portugal precisa de muitos bebés, mas o que me lixa é que ainda há coisa de 3 semanas tivemos uma reunião no colégio, com todos os encarregados de educação e com a professora para se falar do novo ano lectivo e desta etapa importante na vida dos nossos meninos - o primeiro ano, o início de todo o percurso escolar, as bases da nossa formação - e nessa altura não houve qualquer menção ao facto de a professora estar grávida ou que não iria ficar a leccionar até ao fim do ano lectivo 2014/2015.
E se até já sabe o sexo da criança, significa que já está pelo menos de 21 semanas... (digo eu, que bem sei que com os meninos eles muitas vezes deixam-se "ver" com maior facilidade) e pronto, bem sei que no primeiro trimestre as mães, as grávidas, não gostam de apregoar aos 7 céus que estão grávidas não vá o diabo tecê-las e acontecer algum azar, até aí eu entendo... mas caramba, ficar a saber que a professora da minha filha está grávida pela boca da miúda? Não acho normal comunicarem às crianças e não o fazerem aos pais.
Portanto, continua tudo na mesma, mais um ano em que a miuda não vai ter a mesma professora do início ao fim. Anda há 4 anos naquela escola e pelos vistos já é rotina. O ano passado foi a educadora, este ano é a professora do primeiro ano e ainda estamos em Outubro.
Vejamos o que nos espera lá para Fevereiro...

quarta-feira, outubro 08, 2014

October blues #2

 
8 de Outubro, uma data que perdurará para sempre na minha memória. Há 9 anos atrás estava a casar-me. Mais ou menos o tempo que tem este blogue que, recordo-me, foi criado poucos meses (ou semanas) antes do grande evento. Foi um dia muito feliz com um sol radioso e de muito calor.Um casamento de Outono, como o imaginei. É inevitável não pensar neste dia como um dos mais felizes da minha vida. Correu tudo muito bem, estávamos felizes, tínhamos a vida toda pela frente e um futuro feito de promessas.
Em 9 anos muita coisa mudou. Continuo a adorar tudo o que se relacione com casamentos e a acreditar no mesmo, apesar de me sentir meio desiludida com a vida, com um grande sentimento de falha e de perda que, muitas vezes, não consigo ultrapassar. É a vida, o que é que hei-de fazer? Não me arrependo da decisão que tomei, mas custa-me saber que falhei no meu ideal de família. Ninguém se casa com a ideia de que "se isto não correr bem separamo-nos e cada um vai à sua vida", eu pelo menos não casei. É uma situação complicada quando temos filhos e uma vida em comum e decidimos que para continuarmos a ser fiéis a nós próprios temos de abrir mão da maior parte das coisas que criamos e que alcançámos e começar tudo do zero outra vez . Não é fácil - por muito glamourosa que a ideia possa soar a alguns, porque sim, acredito que para muito boa gente a ideia de estar divorciado seja apetecível - mas para mim não o é. Não gosto, nunca gostei. Sou um animal de hábitos, de rotinas, necessito e gosto de ter uma estrutura familiar, de saber que há alguém com quem me enrrosco à noite e me aquece os pés, ou que pura e simplesmente partilha comigo os serões no sofá e as minhas crises hormonais uma vez por mês. Isso dá-me estabilidade. E, para além de tudo isso, chego à conclusão de que sou tradicional e conservadora. Mais até do que alguma vez julguei ser. Que para mim não faz muito sentido isto do 'viver junto' sem ter as coisas bem definidas, que odeio o limbo de rótulos em que me encontro, uma espécie de 'sou divorciada, mas namorada a viver junto e isso deixa-me na difícil situação de não ser mulher, mas "companheira" - que, by the way, odeio", além de que a ideia de ter filhos sem estar casada não me seja totalmente confortável e de sentir uma falta tremenda da aliança no anelar esquerdo. Pronto, é isto. Para mim o casamento continua a fazer todo o sentido e, talvez por isso, talvez por dar-lhe tanta importância, talvez por já o ter experimentado e vivido, me custe tanto a situação em que me encontro. Porque não, na minha opinião, na minha experiência pessoal, viver junto não é a mesma coisa que estar casado - em tantos, tantos sentidos que agora não vou aqui aprofundar.
Mas não consigo deixar de olhar para as minhas fotografias de noiva e de sentir que estava linda. Bem sei que sou suspeita, mas continuo tão apaixonada pelo meu vestido e véu como há 9 anos e a achar que as fotografias mais bonitas que alguma vez tive em toda a minha vida são as deste dia.

terça-feira, outubro 07, 2014

das mudanças de temperatura (e de humor)

Estou doente. Doente, rabugenta e de mau humor.
Estou de mau humor porque fiquei doente e ficar doente deixa-me rabugenta. Uma pescadinha de rabo na boca portanto.
O que me deixa mesmo chateada é que estou doente por causa do ar condicionado do escritório. Levo com aquilo a bombar durante todo o dia. Mesmo quando anda toda a gente a abanar-se com calor, eu estou a tiritar de frio - e o pior é que ninguém acredita.
Há dias em que a "luta" pelo botão do ar condicionado parece uma demanda sem fim à vista. Vou lá e aumento a temperatura, passado 5 minutos está a 18 ºC! E o pior é que eu sinto, nas costas, o exacto momento em que isso acontece. A semana passada a minha colega que se senta em frente a mim andou a antibiótico. Teve febre, dores de garganta, estava constipadíssima. Foi ao médico, diagnóstico: inflamação das vias respiratórias por causa do ar condicionado. Esta semana sou eu. Estamos aqui numa espécie de limbo ou triângulo das Bermudas do ar condicionado em que só eu e ela sentimos a ventania, já que pelos vistos o resto da sala queixa-se de um calor tropical.
Há dias em que ainda levo na boa, mas depois há outros, como hoje, em que me sinto doente, irritada, com dores no corpo e vontade de estar na cama e não aqui - a levar com mais ar frio em cima - em que me salta a "tampa", principalmente quando vêm barafustar que "não se aguenta com calor na sala".
Mudem-me de lugar, a sério. Metam-me a suar as estopinhas. Num calor tropical que nunca conheci - e já cá estou há quase 2 anos. Metam quem se queixa de calor a receber um friozinho glaciar no lombo 12 horas por dia. Pode ser que assim fique toda a gente satisfeita. Eu agradeço - e a minha garganta também.
 
 

segunda-feira, setembro 29, 2014

Despojos do fim-de-semana


Passeios outonais pelo parque. Regresso às origens e à cidade onde cresci depois de vários meses de ausência. Filha feliz. Avós mais felizes ainda. Tempo em família que acabou por correr muito melhor do que eu alguma vez esperava. (Aos poucos a coisa dá-se). Chuva, muita chuva na auto-estrada. E relâmpagos. (Algum) medo. E respeito. Arroz doce como só a minha mãe sabe fazer e que eu, por mais que tente, nao consigo. Filha vestida de odalisca com fato de carnaval que ainda lhe serve. Caretas e fotografias ao espelho. Nós. Dois. Três. Juntos. Como queremos. Como gosto. Fim-de-semana que passou demasiado depressa. Sinal de que foi bem passado.

O Clooney casou-se



E, digam o que disserem, na minha opinião, não há nada mais sexy num homem do que vê-lo com a aliança de casado.
Adoro.
Pronto, era só isto.

quinta-feira, setembro 25, 2014

O primeiro palavrão


Pois é minha gente, aconteceu ontem, dito alto e bom som e devidamente contextualizado.
Foi mais ou menos isto:
 
"Madalena o que queres de fruta?"
"Pêssego."
"Não há pêssego."

"Então pêra."

"Também não há pêra, mas há maçã."

"Então pronto, eu como a MERDA da maçã."

 ?!?!?!
(ar de espanto e de incredibilidade seguida de reação enfurecida)

"O que é que tu disseste? Repete lá isso outra vez!"
 
Ela, apercebendo-se de que tinha feito… pois, isso mesmo,  m****, encolheu-se, as lágrimas começaram a rolar cara abaixo e não abriu a boca.
Não se fez mais nada, ameaçou-se apenas que se voltássemos a ouvir novamente o palavrão que levava uma palmada no rabo e pimenta na língua, assim mesmo à moda antiga, mas depois, mais calma, falei com ela e expliquei-lhe que as meninas não dizem palavrões, que é feio e para ela não repetir. Entre lágrimas, pediu-me desculpa e abraçou-me, dizendo que não tornava a acontecer, mas por instantes fiquei a pensar se não terei sido eu a responsável pelo episódio, já que me lembrei que no regresso a casa, no carro e depois de a ter ido buscar à escola, praguejei em relação a um carro que ia à minha frente e acho que disse “merda”, esquecendo-me por completo que ela ia no banco traseiro, caladinha e a assimilar tudo o que eu faço e digo.

Deverei pôr pimenta na minha língua? Probably.
 
Vou ali chibatar-me e já venho.

quarta-feira, setembro 24, 2014

Dilemas

Chega-se a esta altura do ano e eu começo a stressar com o aniversário dela. O que é que eu vou fazer este ano para a festa dela? Onde? Como? São coisas que começam a ocupar-me o pensamento mal o mês de Outubro se aproxima. Isso e a fazer contas à vida. Para além de já ser um stress por causa de eu e o pai estarmos separados e de termos de chegar a um consenso sobre como é que é este dia, se almoça comigo ou com ele, se fazemos uma festa única e convidamos os meninos do colégio ou se cada um celebra à sua maneira, tudo me apoquenta. O ano passado não fiz uma festa de aniversário para as crianças da escola, acabei por fazer uma festa de aniversário sim, mas apenas para a família e amigos próximos, em casa dos meus pais com bolos encomendados, outros feitos por mim, a decoração também fomos nós que comprámos e escolhemos e pronto, a coisa deu-se, ela ficou feliz, soprou as velas, teve a família junta e foi uma festa mais pessoal. Para a escola levámos um bolo e cantámos os parabéns com os meninos. O assunto ficou arrumado e sem um grande gasto envolvido. Mas já o ano passado tinha andado a ver preços de espaços e festas porque gostaria de convidar os amigos dela da escola, mas os valores que pediam levaram-me a desistir da ideia. Não ter uma casa grande e suficientemente espaçosa para convidar cerca de 20 crianças (média) e os seus pais, ou um orçamento que me permita não olhar a números e dizer "quero fazer isto aqui, para tantas crianças" e pronto, está feito, sem ter mais preocupações, infelizmente, não é coisa que me assiste. E, por esse motivo, todos os anos o dilema é o mesmo.
Ora, este ano, dia 1 de Novembro, a pequena cria faz 6 anos e este ano, esse dia calha a um Sábado. Logo, não vai haver celebrações com os meninos da escola porque não calha a um dia da semana e mesmo que calhasse, este ano ela está na primeira classe, logo, até às 17h30 não havia brincadeira. Por isso, pela primeira vez  queria proporcionar-lhe uma festa de aniversário daquelas com direito a muita brincadeira e com os amigos de todos os dias num dia verdadeiramente memorável... os preços e os espaços disponíveis é que não ajudam. É tudo caríssimo. Mas mesmo assim, quando liguei para um espaço onde ela até já foi por duas vezes a festas de aniversário de amiguinhos, para o dia de anos dela, já tem duas festas marcadas! O único horário disponível é das 17h00 às 19h00 e eu fico a achar que se calhar para algumas famílias pode ser um pouco tarde.
Como é que fazem as pessoas que não têm recursos financeiros para contratar festas cheias de insufláveis e animação e pinturas faciais e mil e uma coisas? Nem casas suficientemente grandes para receber muitas pessoas e moram num simples andar com dois quartos e uma sala? É que se fala da crise por todo o lado, do não haver dinheiro quase para comer mas depois, um pouco por toda a blogosfera e redes sociais, só vemos fotos de festas que mais parecem casamentos, com direito a "party plannings" e photocall para fotografias, arranjos florais e máquinas de gelados e tudo o que a imaginação e a vontade permitir.
É tudo muito bonito sim, mas nao vou deixar de viver para me endividar durante um ano, mas por outro lado queria que ela, pela primeira vez em 4 anos, sentisse que não tem de se dividir em duas festas, duas famílias e duas casas. Que tivesse pai e mãe e amigos tudo debaixo do mesmo tecto e que por duas horas fosse verdadeiramente feliz.
O que é que eu faço? Há por aí alguém que passe pelo mesmo dilema durante o aniversário dos filhos? E que aquele que deveria ser um dos dias mais bonitos do ano, uma data para sempre a recordar, seja igualmente, uma fonte de stress?
(fotos da festinha do ano passado)
 
Na escola...
 
E em casa
 
 
 
 

segunda-feira, setembro 22, 2014

Chegou oficialmente o Outono

 
E com ele a minha vontade desmedida de estar no ninho, no quentinho do lar a dormir, a comer e a fazer bolinhos! Foi o que me aconteceu nestes dois dias onde desde queijadinhas de leite, brunch com panquecas, maçãs assadas no forno com vinho do Porto e caneça e confort food, houve direito a tudo. (Depois queixo-me, mas não resisto e sabe tãããooooo bem) Nestes dias já mais curtos e nublados, onde apesar de o frio ainda não se fazer sentir já só apetece é estar em casa, rodeada daquelas pequenas coisas que fazem parte do nosso mundo, do nosso conforto e onde simplesmente podemos ser, com naturalidade, sem preocupações e desfrutar o momento, tão simples e tão bom, são para mim os melhores do ano. As primeiras chuvas ( e que chuvas!), as tardes de filmes e séries intercaladas com sestas, tudo isso é para mim, sinónimo de dolce fare niente do qual eu sou verdadeiramente apreciadora. Aproveitei para pôr o sono em dia - apesar de ter andado estes dois dias a acordar cedíssimo porque o corpo, habituado que está a esse horário nem ao fim-de-semana descansa como deve ser - mas no Sábado à noite, fruto de um fim-de-semana sem a cria, aproveitámos para dar um saltinho já tardio ao Mercado da Ribeira para um jantar fora de horas, seguido de uma ida ao Bairro Alto. Um copo de sangria depois e uma caminhada pelas zonas mais movimentadas para ver o ambiente e os sítios que estão "in" e já eu abria a boca e pedia pela minha cama. Domingo ainda me iludiu com os raios de sol que se faziam sentir pela manhã, mas quando até estava tentada a vestir qualquer coisa e ir para a rua aproveitar o resto do dia, o dilúvio abateu-se sobre a cidade acompanhado de forte trovoada. O quadro eléctrico disparou por duas vezes e achámos por bem desligar a electricidade e simplesmente terminar a nossa refeição à luz das velas. E assim convertemos uma trovoada num inesperado almoço romântico! (Always look to the bright side of life!) O resto do dia foi passado em arrumações e muita ronha, com muita calma, como se quer dos domingos.
Bem-vindo Outono, já te disse que gosto de ti?
 

do passado e do presente

 Setembro é o mês de reencontro com a família por alturas das festas da Nossa Senhora da Ajuda. Uma tradição que ainda mantemos apesar de ano para ano ser cada vez visível a ausência de certos elementos. Quando era mais nova, em plena adolescência, vibrava com as festas como se a minha vida dependesse disso. Contava os dias que faltavam para tudo começar,  minha mãe passava os serões a fazer-me vestidos para estrear no Domingo de procissão - ainda não havia Zaras nem grandes sítios onde comprar as últimas novidades da estação - e eu sonhava com as noites na quermesse a vender rifas e a meter conversa com toda a gente (era também uma óptima forma de conhecer rapazes e de me enturmar numa terra que não era a minha). Aqueles 5 dias eram sinónimo de liberdade, deitar tarde, convívio e momentos bem passados. Depois crescemos e as coisas deixam de ter a graça e o encanto de outros tempos, como se perdessem magia. Ficamos embrenhados nas rotinas da vida, da escola, dos filhos, do trabalho e apesar de continuarmos a gostar de voltar, ficamos com aquela sensação agridoce de "já não é a mesma coisa".
Estive os últimos 3 anos sem ir às festas da Nossa Senhora da Ajuda. Não lhes senti a falta, confesso. Invadia-me um misto de tristeza e melancolia por nada já ser como era. Nem a família, nem o almoço de Domingo que de repente deixou de existir, nem os primos do Porto que todos os anos por esta altura vinham e assentavam arraias na casa da minha tia para grande trabalho dela, nem o quarto na casa da prima Raquel que estava sempre aberto para me receber, nem a minha prima Rita, fiel companheira de aventuras, estava lá. Já nada fazia muito sentido e, como tal, também eu me afastei, levada pelo tempo e pela distância física de um lugar que não era meu, de uma festa que não era a minha, para não prejudicar as memórias tão boas e queridas que tinha daquele sítio.
No fim-de-semana passado voltei. Foi bom  constatar que, ao fim de tantos anos, ainda conhecia o caminho para a azenha e que a memória não me traía, foi bom ver novamente a procissão, a família, as primas, a banda a passar, ver a minha afilhada muito crescida e já com namorado (OMG!!, como o tempo voa!) e voltar com a minha filha a meu lado que, a dada altura, decidiu subir ao palco vazio onde a banda ia actuar, sentar-se na bateria que estava montada e dar um show para a assistência para escândalo de muitas das senhoras da idade que assistiam a tudo.
Way to go girl! You rock!
 

quinta-feira, setembro 18, 2014

ainda não tinha falado aqui do regresso à escola, pois não?

Tem sido uma semana tranquila e pacífica com o regresso à escola da pequena cria, mas com a diferença de que este Setembro ficou marcado pela entrada no primeiro ciclo e, como tal, não podíamos deixar de assinalar a data a rigor.
A M. andava entusiasmadíssima com a ideia. Apesar de continuar no mesmo colégio onde já estava no pré-escolar e de já estar familiarizada com o local, as instalações, o pessoal, as auxiliares e até com aquela que é, actualmente, a sua professora, ir para o primeiro ano do primeiro ciclo significava uma nova etapa. Agora é a "sério". Há aulas e disciplinas e letras e números e um horário a cumprir, matérias a aprender e avaliações onde é necessário atingir determinados valores para se considerar "aprovado". Claro que ela ainda não percebe as coisas desta forma. Para ela, esta nova fase significa que vai aprender mais coisas e que, provavelmente, vai passar mais tempo sentada e com menos oportunidade de brincadeira, mas sabe que a responsabilidade é maior e que o nível de exigência também.
Para começar entra uma hora mais cedo. Se antes a deixava na escola às 9h30, agora deixo-a às 8h30. Se custa? Sim, custa muitoooooo, até porque cá em casa não somos daquelas famílias que às 7h00 da manhã já está toda a gente de pé, muito alegre e contente e cheia de energia. Custa-me muito ser organizada e rápida de manhã. Atraso-me com coisas pequenas e se não deixo tudo organizado sou um caos. Esta nova mudança e etapa também significava uma nova adaptação para mim. Deixar tudo preparado de véspera, roupa (a minha, a dela), comida (o meu almoço), tomar banho em 5 minutos em vez de meia hora, vestir-me com tempo contado, maquilhar a correr, secar cabelo a correr, acordá-la, vesti-la, dar-lhe o pequeno-almoço e estarmos a horas na escola. Tudo isso também me assustava por achar que não ia conseguir.
Pois bem, esta semana tenho conseguido fazer tudo isso com tempo e a devida organização. Ela chega sempre a horas na escola e eu às 8h45 já estou no trabalho! Quase uma hora antes do "previsto", mas até nem me importo. Quando chego o ambiente está calmo, há poucas pessoas e confesso que até prefiro. Quantas vezes não cheguei a rondar as 10 da manhã já em pleno stress e com a sensação de que ainda agora o dia tinha começado e eu já estava capaz de matar alguém.
É verdade que estamos na primeira semana e tanto eu como ela temos conseguido ser "certinhas" e "on time", mas acredito que com o passar do tempo as coisas possam descambar um bocadinho (eu conheço-me) e sei que o frio e a chuva dos dias de Inverno vão ser um forte factor para ficar mais 15 minutos na cama e que esses 15 minutos depois me vão sair caro e provocar o descalabro matinal. Mas pronto, não vou sofrer por antecipação. O que importa reter desta primeira semana de escola oficial é que tudo correu muito bem. Ela tem estado tranquila e feliz e se ela está bem e feliz eu também estou! Tem imensos coleguinhas novos e alguns meninos que transitaram com ela do pré-escolar. Está completamente à vontade com a escola, o ambiente e as pessoas. Não houve choros, nem dramas, nem birras, nem para ir para a escola, nem para acordar de manhã. E eu olho para ela, tão crescida e penso que qualquer dia está-me a pedir dinheiro para ir com as amigas ao shopping e ao cinema em plena adolescência.
Dia 15 de Setembro marcou uma nova fase na nossa vida. Eu orgulho-me, mas como tenho medo de um dia mais tarde me esquecer destes momentos, das datas, das emoções e dos sorrisos que marcaram esta segunda-feira, registo-as e exibo-as com muito orgulho. Afinal de contas, ela é o meu mais precioso tesouro, o meu bem mais valioso, a minha obra de arte, o meu coração fora do peito, o meu "cliché" mais rebuscado e do qual nunca me canso. É minha.
Boa sorte filha e que tenhas tanto gosto em aprender e em estudar quanto eu tive.

quarta-feira, setembro 10, 2014

Relax


Regressei ao hospital para analisarem o estado das lesões. Tudo a cicatrizar, algumas já praticamente saradas. Antibiótico a fazer efeito como deve ser. Agora é rezar para que a "bicheza" que me apanhou não volte nunca mais a fazer das suas. E descomprimir, que isto deu-me cabo dos nerbios.

terça-feira, setembro 09, 2014

Hospedeira

Não tenho dado notícias porque nesta última semana andei um pouco em baixo de forma. Não sei explicar muito bem o que me aconteceu, mas ao que parece, houve uma bactéria que gostou de mim e decidiu procurar condomínio no meu corpo. Mais concretamente nas minhas pernas e pele. Em poucos dias comecei a ganhar umas pequenas bolhas na perna direita que rapidamente se tornaram ferida e alastraram. Daí a ter ficado com as pernas a parecer a próxima jihaidista foi um instante. As feridas estavam enormes, não cicatrizavam, eram super dolorosas e qualquer toque, por mínimo que fosse, parecia que me estavam a cortar aos pedaços. Isto trouxe alguns problemas logísticos, nomeadamente o facto de não conseguir suportar roupa a roçar ou um simples lençol durante a noite.
Ao longo da semana fui-me convencendo de que conseguia tratar disto sozinha, com desinfectantes, gazes esterilizadas e pomadinhas, evitando a todo o custo ir ao hospital, mas foi quando tudo se tornou insuportável, sem resultados à vista e com as dores a consumirem-me dia e noite, com os movimentos da perna presos e com mais borbulhas a aparecerem na perna esquerda, que tive de me render.
Passei a tarde de sábado no hospital de S. José, na triagem, à espera de ser vista. Quando finalmente aconteceu, encaminharam-me para o Hospital Curry Cabral para ser seguida na dermatologia e passaram-me um antibiótico. Comecei portanto a tomar antibiótico no sábado e a ver a luz por breves momentos. As feridas ainda não estavam a cicatrizar, mas pelo menos já estavam com melhor aspecto... Ontem lá fui até ao Curry Cabral para ser atendida, com o relatório médico numa mão e as pernas prontas para serem vistas. Fui atendida por uma equipa de jovens médicos bastante competente e atenciosa. Tiraram um pouco de amostra para análise e avançaram com um diagnóstico ainda não confirmado. Ao que tudo indica trata-se de uma bactéria que pode ser apanhada em ambientes de pó ou praia e que, alojada em pessoas com peles mais sensíveis (tipo, EU!), pode provocar esta reacção. Ora, bate certo com o que já desconfiava... é que nos meus últimos dias de férias fui  fazer um piquenique em pleno campo, andei sempre de chinelos no pé, piquei-me com uma valente farpa num dedo (e andei coxa por isso) e tomei banho numa ribeira... Eu já desconfiava que a farpa podia ter-me deixado neste estado porque a verdade é que dois dias depois do sucedido começaram a aparecer as bolhas, mas daí a ficar a parecer uma mártir, nunca pensei.
Amanhã regresso ao Curry Cabral para nova consulta. Continuo a tomar antibiótico e as lesões já começaram a secar. Ainda me dói a perna, mas já consigo vestir calças (embora das largas) ou andar sem mancar, mas só espero que o bicho morra ou desapareça de vez, porque não desejo isto a ninguém.
Foi uma semana a "roçar" o "lixadinho".
 
 
 

quarta-feira, setembro 03, 2014

rentrée

 
O meu cabelo também decidiu preparar-se para a rentrée. Já há algum tempo que andava em modo "estou-que-não-me-aguento-com-esta-cor-e-este-corte-de-cabelo-sem-gracinha-nenhuma", mas lá me fui aguentando. Porque era verão, porque vinham aí as férias e a praia e o sal e o cloro da piscina e tudo e tudo e tudo. Pois bem, eis que acabou! As férias já terminaram, os dias de mergulhos infinitos de manhã, à tarde e à noite também, as lavagens sucessivas duas e três vezes por dia idem e a cor... Bom, a cor nem vos falo, já era um misto de cor antiga com raízes escuras, cujo ex libris terminava na franja lateral que nestas férias passou a maior parte do tempo presa com um gancho (muitas vezes eram os da pequena cria que me salvavam o dia).
Perante este cenário, assim que meti os pezinhos em Lisboa que andava desejosa de me sentar na cadeira do cabeleireiro e mudar a cor, definir o corte e cortar franja. Franja, franjinha, como usei durante tanto tempo e que é como gosto de me ver.
Foi ontem, saí do trabalho decidida a deixar  o look indefinido para trás e dizer olá ao meu verdadeiro "eu" que se encontrava escondido há tanto tempo. E voilá, aqui estou de novo, renascida, mais escura e próxima do meu tom natural e renovada!
Outono, podes vir que estou preparada para te receber!